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Felipão declara guerra à imprensa. "Vão para o inferno"

Treinador que faz uma campanha excepcional no seu retorno, não consegue controlar Deyverson. Decide censurar, ameaçar os jornalistas

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Em vez de se resolver com Deyverson, Felipão censura a imprensa
Em vez de se resolver com Deyverson, Felipão censura a imprensa

São Paulo, Brasil

"Deu, deu. Sem entrevista!

"Vão para o inferno!"

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Luiz Felipe Scolari não teve o menor constrangimento.


Foi empurrando Deyverson de perto do repórter da TV Globo, Marco Aurélio Souza.

O treinador que já tem um grave problema com a emissora carioca, não fala com Galvão Bueno, que o teria 'perseguido' depois da derrota por 7 a 1 para a Alemanha, na Copa de 2014, não só acabou com a entrevista.


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Avisou os repórteres que eles estão proibidos de falar com Deyverson após as partidas, no gramado. Se não respeitarem sua ordem, os demais jogadores também não darão entrevistas. Serão até multados se decidirem parar para atender os jornalistas. 


Felipão já impôs essa regra nos intervalos dos jogos.

"Eu vou falar uma coisa aqui. Peço desculpa a vocês também. Mas, por favor, o Deyverson, como ele já disse, tem alguma coisa, uma chavezinha que não funciona. Se ele já disse isso para vocês, e aí quando termina o jogo tem aquela confusão, quem que vocês vão pegar como primeiro?

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"Para vocês, é ótimo.

Para mim, é um inferno.

"Porque depois eu tenho que ir lá na CBF, no STJD, o Deyverson falou isso, pegam a fita. Ou vou passar agora a cobrar uma multa de todo mundo ou eu vou proibir de falarem, por causa de um. Se vocês puderem ajudar, tudo bem. Se não puderem, eu vou tomar outra atitude. O Deyverson não tinha nada que estar falando ali."

Esse foi o desabafo e a ameaça de Felipão na coletiva após a vitória diante do Santos.

A assessoria de imprensa do clube confirmou oficialmente que a determinação de Felipão já está valendo. Se alguém ousar procurar Deyveron para entrevista, já contra o Atlético Mineiro, os outros jogadores serão terminantemente proibidos de falar.

E o pivô da situação já se conformou.

Jurou ao treinador que se calará.

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Mas Scolari desconfia.

Felipão decidiu pela censura por ter se cansado.

O técnico teve pelo menos três conversas duras com o jogador. Todas por provocações, expulsões infantis. Apesar de o atleta ter 27 anos, continua agindo com o descontrole emocional de um juvenil.

O Palmeiras tem uma psicóloga, Gisele Silva.

Mas Deyverson segue não reagindo.

Após a vitória do Palmeiras contra o Santos, ele começou a dançar no meio do campo, encarando os jogadores adversários e depois a torcida. Quase provoca uma briga generalizada. 

"Ele virou para mim, ficou fazendo graça. Fez para a torcida também.Acho que tem que haver respeito, ele está sempre metido em polêmicas assim depois do jogo. O cara já está de cabeça quente depois do jogo, ficar zoando... Somos todos profissionais, temos que respeitar. Jogador não pode ficar tirando onda de outro profissional", dizia, irritado, o zagueiro santista Gustavo Henrique.

Vivido, Felipão viu a cena. E anteviu as consequências. Se Deyveron confirma para a tevê a provocação, ele poderia ser suspenso. E tratou de interromper a entrevista. E ameaçar os jornalistas de censura do time inteiro, após as seis partidas que faltam para terminar o Brasileiro. O que seria um desastre para as transmissões esportivas da tevê e rádio. Além de atrapalhar os portais e jornais.

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O treinador sabe a força de suas palavras.

Scolari já se assumiu admirador do ditador chileno Augusto Pinochet.

Ele também deu um soco no rosto do jornalista Gilvan Ribeiro por ver sua autoridade como comandante ser contestada, em abril de 1998.

Felipão interrompendo a entrevista de Deyverson. "Vão para o inferno!"
Felipão interrompendo a entrevista de Deyverson. "Vão para o inferno!"

Em 2002, durante a Copa do Mundo, a CBF havia definido uma tradutora japonesa para acompanhar a delegação. Quando o treinador estava conversando com ela, em frente a vários jornalistas e jogadores, um fotógrafo de uma agência internacional registrou o momento. O técnico começou a xingá-lo. Não gostou de sua foto só com a tradutora.

E na volta para o Brasil, o treinador chamou um fotógrafo de uma agência concorrente para fazer sua foto com a taça do mundo. Só para dar o troco naquele que havia feito o registro com a tradutora.

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Em outubro de 2010, Valdivia vinha de uma série de contusões. Entrou para jogar contra o Atlético Mineiro. Só suportou 18 minutos em campo. Teve de sair. O treinador foi perguntado se ele havia errado em colocá-lo em campo se não estava bem fisicamente.

"E daí? Jogou bem. Para mim, está ótimo (ter jogado 18 minutos). E se amanhã forem dez, está melhor ainda. Vocês estão de palhaçada. Entrevista o médico. Porra, todos vocês estão de palhaçada", desabafou. E ainda gritou para o então assessor de imprensa, Fábio Finelli, que queria os nomes dos jornalistas que estavam na coletiva. 

Em vez de resolver o problema com os médicos que liberaram Valdivia, ele preferiu chamar as indagações sobre a escalação do jogador machucado como 'palhaçada'.

Infelizmente, Felipão sempre foi assim.

Fará 70 anos daqui a quatro dias.

No dia 9 de novembro.

Tem uma carreira intensa.

Marcada por grandes sucessos.

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Venceu o Mundial de 2002, a Copa das Confederações em 2013, foi vice da Eurocopa com Portugal, tem duas Libertadores, uma Recopa Sul-Americana, uma Mercosul, um Brasileiro, três Copas do Brasil, uma Liga dos Campeões Asiática, três Chineses, uma Copa da China, uma Liga Japonesa, um campeonato nacional no Uzbequistão, cinco estaduais. E teve outras conquistas revelantes.

Mas teve fracassos marcantes, como a Copa de 2014 e sua passagem pelo Chelsea.

Felipão fez renascer o Palmeiras em 2018.

Com sua filosofia de futebol intenso, com muita compactação, preenchimento de espaços, contragolpes velozes, jogadas paradas treinadas à exaustão.

E obediência total do grupo.

Mas sem aceitar interferências externas.

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Tem carta branca de Mauricio Galiotte para agir.

Sua exigência ao voltar para o Palmeiras.

Foi ele quem segurou Felipe Melo.

Os dirigentes queriam se livrar do problemático volante.

Felipão decidiu. Com Deyverson, o melhor é censurar a imprensa
Felipão decidiu. Com Deyverson, o melhor é censurar a imprensa

O técnico segue tentando preservar Deyverson.

O vê como muito útil ao seu grupo.

Quase uma reedição de Jardel, em 2018.

E para isso enfrenta, sem medo, a imprensa.

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Censura os jornalistas já que Deyverson não se controla.

Felipão aprendeu a ganhar assim.

Sendo autoritário.

Impondo os limites que ele quer.

E, outra vez, conseguiu seu objetivo.

Com a iminência do Palmeiras campeão brasileiro, os jornalistas vão passar, daqui por diante, a ignorar Deyverson após o jogo, no gramado. Só depois de banho tomado, conversado com Felipão, ele vai falar. Se não houver polêmica alguma.

Tudo o que as emissoras não querem é o silêncio dos palmeirenses.

Por exemplo, se o clube ganhar mesmo o título, ninguém dar entrevista após a conquista, seria o caos.

Felipão sabe bem disso.

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E usou sua arma antidemocrática para proteger Deyverson.

Já que o atacante de 27 anos, emocionado, age como um juvenil e o técnico não consegue convencê-lo a ter um comportamento mais profissional, a imprensa é ameaçada e calada.

Regras devem ser cumpridas.

A Globo paga centenas de milhões pela transmissão do Brasileiro.

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Entre o acordo que a emissora carioca tem com a CBF está o direito de entrevistar os treinadores antes do jogo, uma pergunta só. E também falar com os atletas no intervalo. E após os confrontos. Só seus repórtes e do Sportv e Premiere, canais a cabo globais, têm acesso aos times antes, no intervalo e logo após o apito final dos árbitros.

Felipão já proíbe seus atletas falarem no intervalo.

Agora, os repórteres estão proibidos de falarem com Deyverson.

Por conta da falta de controle emocional do jogador de 27 anos.

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Regras existem para ser cumpridas.

O que Scolari está fazendo é censura.

Da pior espécie, com ameaça assumida.

Uma pena.

O treinador mais vencedor deste país segue optando pela força.

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E mesmo com o clube que comanda estando muito próximo de uma outra conquista histórica, ele opta por calar os jornalistas.

Bastaria ordenar que Deyverson não falasse.

Afinal, ele é o comandante do jogador.

Mas escolhe a censura.

A história registrará suas conquistas.

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Porém também os seus excessos.

Um pecado vergonhoso nessa sua volta ao Palmeiras.

Foi semifinalista da Libertadores e da Copa do Brasil.

E tem tudo para vencer o Brasileiro.

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O seu excelente retorno ganha uma mancha ditatorial.

Porque Felipão resolveu usar sua força para calar os jornalistas.

Ninguém precisa 'ir para o inferno' por trabalhar honestamente...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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