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Entregar a faixa de capitão. A saída para Neymar e o desgastado Tite

Não há como o mimado atacante brasileiro ficar fora da Copa América. Ele é o garoto-propaganda da competição. Deixar de ser capitão pode ser o caminho

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Não ser capitão na Copa América para 'focar' no seu futebol. Para preservar Tite
Não ser capitão na Copa América para 'focar' no seu futebol. Para preservar Tite

São Paulo, Brasil

"Não vou falar, não vou falar. Por favor", implorou Tite no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, na tarde segunda-feira.

Os jornalistas que o esperavam chegar de Porto Alegre, onde assistiu Grêmio e Santos, não queriam falar sobre Copa América, suas possíveis novidades na Seleção, sobre os fracos adversários, seu planejamento.

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Tite sabia.

Todos queriam ouvir a voz do treinador Seleção sobre seu capitão Neymar. O jogador que representa o técnico e os companheiros dentro e fora de campo. E que deu um soco no rosto de um torcedor na entrega da premiação da Copa da França.


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O homem de 27 anos que é tratado pelo diretor de Seleções, Edu Gaspar, como um 'menino'.

Atleta que o novo presidente da CBF, Rogério Caboclo, apresenta como garoto-propaganda da Copa América. 


Tite sabe que não tem como não convocá-lo.

Mas, aos 57 anos, sabe que sua carreira como treinador já foi muito desgastada pelos privilégicos e constantes defesas a Neymar. O tratamento diferenciado é algo assustador.

Tite não ficará para sempre na Seleção.

Mas suas atitudes em relação a Neymar, sim.

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Não tinha lógica alguma dar a capitania da Seleção ao jogador logo em seguida ao vexame na Copa da Rússia. Ao seu festival de simulações que viraram piada no mundo todo.

Tite entregou a honraria dizendo que ele 'amadureceu'.

Em uma jogada de marketing e de assessores de imprensa, Neymar passou a dar entrevistas antes dos amistosos.

Mas dentro de campo seguiu individualista, centralizando todos os ataques do Brasil. Se comportando na Seleção como hierarquicamente mais importante do que todos. Ele não abre mão disso. E ninguém se atreve a ir contra suas vontades.

Ele não é líder,nunca foi. Até pelos exemplos, que os companheiros comentam longe dele. Só não o confrontam para não perder seu lugar na Seleção. Mas sabem de cada erro. 

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Tite é refém do melhor jogador da atual geração mediana do Brasil.

Só que o soco no torcedor extrapolou qualquer situação. Como ir a festas com o pé imobilizado pela segunda fratura no quinto metatarso direito. Ser expulso com o jogo acabado. Derrubar a cerveja e xingar torcedor brasileiro no Maracanã, após ganhar a medalha de ouro olímpica.

Tite tem uma história, sua trajetória a defender.

Como não pode deixar Neymar de fora da Copa América, porque o Brasil tem a obrigação de vencer a fraca competiçao, disputada no seu território, o treinador estuda tomar uma atitude.

Tirar a tarja de capitão de Neymar.

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Seria simbólico.

Mostraria firmeza de comandante, amor próprio.

Mas como fazer isso sem magoar o mimado Neymar?

Já surgiu um caminho dentro da CBF.

Uma pessoa vivida no futebol não ligada a Tite já fez uma sugestão que chegou aos ouvidos de Rogério Caboclo.

Neymar poderia desistir da faixa de capitão.

Pelo menos pela Copa América.

Poderia recuperá-la na Copa do Mundo.

Não seria uma intervenção de Tite.

Tite e o filho viajaram. O técnico saiu de cena e não falou sobre o soco de Neymar
Tite e o filho viajaram. O técnico saiu de cena e não falou sobre o soco de Neymar

Apenas a decisão do próprio jogador.

Para se 'focar' apenas no seu futebol.

A opinião pública ficaria satisfeita.

E também a imprensa que cobra uma atitude de Tite.

O treinador está viajando.

Ele e seu filho, Matheus, seu auxiliar, já viram Barcelona e Liverpool, na Espanha. Já foram para a China onde acompanharão Guangzhou Evergrande x Beijing Guoan, depois de amanhã, e Beijing Guoan x Jeonbuk, daqui cinco dias.

Tite seguirá incomunicável até o dia 17, quando fará a convocação para a Copa América. 

Antes disso, Neymar deverá ser julgado pelo soco na França. Poderá pegar entre três e oito partidas.

Como restam apenas cinco rodadas no Campeonato Francês, há a chance dele ficar sem jogar até ser incorporado na Seleção.

Ou seja, ficar sem ritmo de jogo, já que a final da Copa da França era apenas a segunda partida depois de dois meses e meio parado por conta da segunda fratura no mesmo osso.

O julgamento deve acontecer entre sexta e a próxima semana.

Tite aposta que o tempo acalmará a situação.

E que muitos se esquecerão do soco de Neymar.

Está errado.

Nem na nova cúpula da CBF ninguém se esquece.

Tite pode até recusar.

Como a milésima prova de confiança.

Mas Neymar entregar a tarja de capitão é um caminho.

Seguiria camisa 10, senhor de todas os pênaltis e faltas.

Jogaria como quisesse.

Mas daria sua contribuição para o bom ambiente da Seleção.

Resgataria a desgastada imagem de Tite.

Ele precisa seguir mostrando estar no comando.

O gigantesco staff de Neymar precisa agir.

Parar um pouco de elogiá-lo.

E mostrar a realidade.

O 'menino' caminha para os 28 anos...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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