Dudu sem dó do São Paulo. Palmeiras na semifinal da Libertadores
O time de Abel Ferreira foi consciente, vibrante e objetivo. E cruel, aproveitando as oportunidades que surgiram. Vitória por 3 a 0. Pela primeira vez na história, o Palmeiras eliminou o São Paulo na Libertadores
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
11 minutos do segundo tempo.
O Palmeiras está ganhando a partida por 1 a 0, gol de Raphael Veiga.
Rigoni corta da direita para o meio e dá um passe sensacional.
Pablo recebe entre a zaga, cara a cara com Weverton.
Ele chuta com toda a violência e manda a bola por cima.
Não se perde um lance tão claro valendo vaga para a semifinal da Libertadores.
Dez minutos depois, Wesley chuta muito forte, Volpi, defende, a bola sobra para Rony. Ele tenta ajeitar, para Wesley, a bola chegou para Danilo. E chega até Dudu.
O chute foi perfeito, no ângulo. Golaço. 2 a 0.
Abel Ferreira surpreendeu Crespo ao colocar Dudu como armador e não se revezando pelas pontas. O jogador teve uma atuação excelente. Com velocidade, habilidade e objetividade.
Foi o grande meia que o Palmeiras procurava.
Além da competência cruel no arremate decisivo.
A batalha estava decidida.
Hernán Crespo escancarou seu time buscando um milagre.
Abel Ferreira, não. Seguiu frio pragmático. Usando e abusando dos contragolpes. E aos 32 minutos, o atrevido Patrick de Paula, que entrou só para ajudar na marcação, se atreveu novamente, como fez na semana passada, fazendo o gol de empate.
O garoto deu outro chute fortíssimo da entrada da área, a bola desvia na zaga e engana Volpi. Placar clássico, 3 a 0.
Palmeiras classificado para a semifinal da Libertadores.
E fazendo história.
Depois de três eliminações para o rival do Morumbi na competição sul-americana.
Desta vez, o clube que foi despachado foi o São Paulo.
Com toda a justiça, pelo futebol consciente de hoje.
Enfrentará agora o Atlético Mineiro ou River Plate, pelo privilégio de chegar à final.
O primeiro jogo será fora.
E o decisivo, no Allianz Parque.
Foi a primeira vez que Abel vence Crespo.
A festa foi verde...
"Era um jogo importante. Primeiro pelo tamanho, o que representa o clássico. Era um jogo que classificava para a semifinal, só aí tem um peso grande. E a gente sabia também do retrospecto desse jogo na Libertadores, da importância para nós e para a torcida.
"Na minha opinião foi um dos melhores jogos do ano.
"Vitória que dá confiança, nos preparamos para isso", disse, orgulhoso, Raphael Veiga.
E realmente foi de dar orgulho.
O Palmeiras estava jogando muito mal. Vinha de partidas importantes, como a da quarta-feira passada, contra o próprio São Paulo, no primeiro jogo das quartas, e de sábado, contra o Atlético Mineiro, apenas se defendendo, sem maior ambição. Com suas linhas recuadas demais. Esperando uma bola esticada, um escanteio para tentar o gol. E só. Como um time pequeno faz.
Era pouco demais.
Abel Ferreira percebeu o óbvio. Que precisava adiantar as linhas e da necessidade de colocar um jogador que unisse o meio-campo com o ataque.
Com habilidade, velocidade e personalidade para romper com a artimanha de Hernán Crespo para o São Paulo não perder do Palmeiras: a marcação individualizada do meio-campo para a frente.
Abel optou por deixar Gustavo Scarpa no banco e improvisar Dudu como meia. E sem a obrigação de correr apenas por um setor. Ele podia e flutuou por onde quis, na intermediária e no ataque palmeirense. Sua escalação e atuação desmoronou o sistema defensivo são paulino.
O São Paulo quis mudar. O técnico argentino optou por atuar com uma tradicional linha de quatro zagueiros. Colocou três volantes e Gabriel Sara. Na frente, Rigoni e Pablo.
Crespo liberaria Daniel Alves para atacar. Mas queria o time seguro para os contragolpes palmeirenses, que estava acostumado surgirem apenas em chutões, lançamentos de defesa para o ataque.
Só que Abel colocou seu time marcando forte a saída de bola são paulina. Atacou, perturbou o nascedouro das jogadas.
Era um outro Palmeiras.
E logo aos dez minutos, teve o prêmio à sua ousadia. Arboleda se complicou com a bola. Zé Rafael desceu com ela dominada, passou como quis por Daniel Alves e serviu Raphael Veiga, para marcar 1 a 0.
A situação do São Paulo se complicava muito. Já que o Palmeiras havia empatado em 1 a 1, na terça-feira passada, no Morumbi.
O time são paulino estava incomodado, não conseguia organizar suas jogadas. Danilo e Zé Rafael foram bem demais, onipresentes nas intermediárias. Estavam em todos os lugares. Wesley também conseguiu anular Daniel Alves e ainda criar muitos problemas para a defesa são paulina.
Crespo também mostrou coragem ao trocar Luan por Rojas no intervalo. E no melhor momento do seu time, Rigoni deixou Pablo cara a cara com Weverton. E ele desperdiçou o lance capital, fundamental do jogo.
Dudu, aos 21 minutos, coroou sua atuação com um gol lindíssimo e decisivo.
Perdendo por dois gols, o São Paulo se escancarou e tomou o terceiro.
De Patrick de Paula.
Aos 36 minutos, Vitor Bueno pisou, maldosamente, em Gustavo Gómez e foi expulso. Entrada desnecessária de um jogador descontrolado.
Foi inexplicável Crespo não ter colocado Benítez em campo. E nem Reinaldo.
O Palmeiras seguiu criando chances e poderia ter feito até mais gols.
Deu 12 arremates e o São Paulo só seis.
Vitória incontestável do Palmeiras.
Merece estar na semifinal da Libertadores de 2021.
E o São Paulo terá de repensar seu time...
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