Dorival prometeu o Brasil na final da Copa. Mas com futebol sem estratégia, sem rumo? Derrota contra o Paraguai envergonhou
Foi a décima partida sob o comando de Dorival Júnior. E a Seleção vai piorando a cada jogo. Contra o Paraguai, o bilionário time perdeu por 1 a 0. Fazia 16 anos que os rivais não venciam os brasileiros. Aliás, os paraguaios só haviam vencido a Bolívia. Mais vexame nas Eliminatórias
Cosme Rímoli|Do R7
Pressionado pelo péssimo futebol do Brasil contra o Equador, Dorival Júnior apelou.
Usou uma frase de efeito para tentar passar confiança.
“A Seleção estará na decisão da Copa do Mundo de 2026. Podem me cobrar.”
Disse para os poucos jornalistas que acompanham a Seleção nas Eliminatórias.
Falou antes do confronto de ontem contra o fraquíssimo time do Paraguai.
Equipe que só havia vencido uma partida nas sete que havia disputado.
Ganhou da Bolívia, em Assunção.
E só havia conseguido marcar um único gol.
Com o treinador argentino Gustavo Alfaro, que fazia seu segundo jogo no comando do time.
Havia convocado sete paraguaios que atuam no Brasil.
Dorival, na sua décima partida, tinha um elenco nas mãos que valia 20 vezes, no mínimo, o do rival.
O treinador que prometeu levar a Seleção à final da próxima Copa do Mundo fez a Seleção passar por outro vexame.
Ele conseguiu montar um time com três zagueiros, com três volantes e três atacantes, todos distantes.
E um lateral esquerdo que tirava espaço do melhor jogador da mundo na temporada passada.
O resultado foram assustadores 510 passes inúteis, 90% para o lado.
De nada adianta ter o ataque do Real Madrid, com Rodrygo, Endrick e Vinicius Júnior se a bola não chega.
O Brasil não conseguiu mostrar movimentação minimamente coordenada.
Dorival ficou 24 dias antes de começar a Copa América treinando a equipe.
A Seleção passou pela vergonha de cair nas quartas.
No décimo jogo com o time, era obrigação ter ao menos um desenho tático convincente.
Não tem.
Piora cada vez que entre em campo.
Com três carregadores de bola no meio-campo: André, Paquetá e Bruno Guimarães, o time fica lentíssimo, previsível, sem poder de infiltração.
Chegou a dar agonia ver Rodrygo, Endrick e Vinicius Júnior se debatendo, voltando para a intermediária para tentarem tocar na bola.
O Paraguai, com um esquema mais do que previsível, 4-5-1, venceu o jogo.
Em um gol lindíssimo de Diego Gómez, aos 18 minutos do primeiro tempo.
Aliás, o lance vale ser dissecado nos mínimos detalhes.
O jogador paraguaio recebeu na entrada da área.
Ameaçou chutar, Bruno Guimarães virou as costas, e Gómez teve todo espaço na entrada da área.
Ajeitou o corpo e chutou a bola de trivela, de ‘três dedos’, com a parte de fora do pé direito.
A bola bateu na trave e estufou as redes de Alisson.
Havia tempo de sobra para o Brasil reagir.
Com os jogadores muito melhores que os paraguaios.
Só que esquema tático, estratégia, movimentação coordenada, jogadas ensaiadas, triangulações, recomposição e ataques em bloco, além de coragem do drible, do improviso.
Tudo que é necessário para o futebol moderno, o Brasil não teve em Assunção.
No primeiro tempo, o rendimento da equipe foi assustadoramente fraco.
Só conseguiu um lance de perigo, aos 23 minutos.
Foi quando Vinicius Júnior cometeu falta, empurrou acintosamente o lateral Cáceres.
E ajeitou para Arana chutar e Junior Alonso tirar em cima da risca.
Se a bola entrasse, o gol seria anulado.
A falta foi claríssima.
Gatito Fernández não fez sequer uma grande defesa durante todo o jogo.
O Brasil melhorou no segundo tempo.
Dorival fez mais do que o óbvio.
Tirou Bruno Guimarães e colocou Rodrygo como armador.
E colocou Luiz Henrique na ponta direita.
Trocou Endrick, que estava muito mal escalado, como detesta jogar, de costas para o gol paraguaio.
No seu lugar, entrou João Pedro.
Mas a falta de coragem tática de Dorival impediu que ele tirasse um dos zagueiros.
E Danilo, Marquinhos e Gabriel Magalhães apenas para marcar Isidro Pitta, do Cuiabá.
Absurdo.
O Paraguai seguiu marcando muito forte.
O time brasileiro sem confiança, sem imaginação, sem organização.
Foi muito fácil segurar o jogo, deixar o ritmo da partida o mais lento possível.
Fazer cera.
E conseguir vencer o Brasil depois de 16 anos.
Com direito a gritos de olé da torcida paraguaia nos últimos minutos.
Vergonhoso.
O time que Dorival jura que estará na final da Copa do Mundo de 2026 perdeu.
Está na vexatória quinta colocação nas Eliminatórias.
Com três vitórias.
Um empate.
E quatro derrotas!
Sorte que se classificam seis equipes.
E a sétima colocada disputa a repescagem.
Jogadores, talento, o Brasil tem.
Está cada vez mais claro que o problema está no treinador.
Dorival Júnior é uma pessoa sensacional.
Excelente treinador para o futebol brasileiro, para o futebol da América do Sul, enfraquecido pelo poder financeiro da Europa.
Mas a Seleção precisa de um grande treinador com capacidade mundial.
A CBF bateu teve uma receita bruta de R$ 1,1 bilhão em 2023.
Que sua diretoria tenha ousadia para gastar parte desse dinheiro.
E contratar um técnico do tamanho de Klopp, Guardiola, Ancelotti.
Ou outra geração será perdida.
Como foram várias desde a conquista da Copa de 2002.
Vinte e dois anos atrás...
Veja também: Dorival analisa atuação do Brasil em Assunção
Técnico da Seleção Brasileira comentou o revés para o Paraguai fora de casa pelas Eliminatórias da Copa.
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