Cosme Rímoli Dorival contra a parede. Pressionado para escalar Lucas, Calleri, James Rodríguez e Luciano juntos. O 'Quarteto Mágico' do Morumbi

Dorival contra a parede. Pressionado para escalar Lucas, Calleri, James Rodríguez e Luciano juntos. O 'Quarteto Mágico' do Morumbi

Treinador sabe do risco para o time de pôr os quatro jogadores midiáticos juntos. A equipe fica muito ofensiva, mas exposta. Só que dirigentes, conselheiros e torcida querem o 'Quarteto Mágico' na revanche contra a LDU

  • Cosme Rímoli | Cosme Rímoli

Dorival está sendo pressionado para escalar Lucas, Luciano, Calleri e James Rodríguez juntos

Dorival está sendo pressionado para escalar Lucas, Luciano, Calleri e James Rodríguez juntos

Reprodução/Twitter

São Paulo, Brasil

Era inevitável.

Quando jogadores midiáticos, talentosos e caros são contratados por dirigentes, sem a anuência de treinador nenhum; o problema se repete.

No Brasil, na Itália, na França, na China, na Arábia, no mundo todo.

E agora a questão chega forte ao Morumbi.

Diretoria, conselheiros, jornalista e, principalmente, torcedores querem ver o "Quarteto Mágico" junto.

Lucas, James Rodríguez, Calleri e Luciano.

De preferência já na próxima quinta-feira, no Morumbi lotado.

Na partida que pode definir a classificação para a semifinal da Copa Sul-Americana, contra a LDU.

Dorival Jr. aproveitou seus 61 anos, os 17 de carreira como jogador e os 21 como técnico, para entender muito bem o cenário em que está vivendo.

Foi assim que conseguiu o "impossível" no Flamengo: pôr Gabigol e Pedro juntos.

Mas, no São Paulo, seu problema é muito maior.

Dorival fez o gosto dos dirigentes ontem, na altitude do Equador.

Pôs Lucas, 31 anos, Luciano, 30 anos, Calleri, que completará 30 anos em um mês, e James Rodríguez, 32 anos, juntos.

Foram 19 minutos. 

De alegria, mas de sufoco também.

O São Paulo perdia por 2 a 0 e precisava arriscar, marcar pelo menos um gol.

Quando o técnico da LDU, Luiz Zubeldia, viu os quatro juntos, sabia que o meio de campo são-paulino estava aberto. Seu time estava cansado; afinal, havia massacrado a equipe brasileira na primeira etapa. Só não goleou por falta de sorte e pelo goleiro Rafael que, outra vez, fez ótimas defesas.

Mesmo assim, se arriscou. Adiantou a marcação.

E, em três minutos, pagou pela ousadia.

Lucas Moura, com a LDU mais aberta, com os defensores equatorianos com mais jogadores a se preocuparem, deram espaço. E ele articulou o lance. Arrancou do meio de campo. Deu passe a Luciano e correu como o velocista que é. 

Luciano anteviu a movimentação extraordinária e fez um passe excepcional. E o São Paulo descontou, fez o gol, que traz toda a esperança para o clube reverter a derrota por 2 a 1 de ontem.

Mas a que custo?

Com a equipe muito sacrificada fisicamente.

Os jogadores tiveram de se desdobrar mais nesses 19 minutos para tentar compensar a ofensividade de atletas que, naturalmente, formavam um absurdo 4-2-4, na altitude de Quito.

Isso porque o São Paulo começou o jogo no 4-5-1, como era indicado.

Calleri e Luciano tiveram de se sacrificar correndo o máximo que puderam para que Lucas e James Rodríguez pudessem só olhar do meio de campo adversário para a frente.

Foi uma "loucura" que só veio à tona porque o São Paulo estava perdendo por dois gols de diferença.

Deu certo, como também poderia ter sido o fim da Copa Sul-Americana, caso a LDU marcasse um ou dois gols a mais, já que tinha apenas Luan como marcador nato na intermediária. O meia Michel Araújo estava no sacrifício, tentando atuar improvisado como volante.

A defesa do São Paulo não teve de se virar para segurar a derrota só por 2 a 1.

Ou seja, o quarteto mágico deu certo por conta de um lance, do gol de Lucas.

Mas começar junto em uma partida importante ou eliminatória só com muita melhora física de todos os trintões.

E com Pablo Maia e Rodrigo Nestor. Gabriel Neves não consegue atuar contra clubes com jogadores rápidos. Diante de equipes técnicas, que tocam a bola, sim.

Mas, mesmo assim, Maia e Nestor para marcar por Calleri, Luciano, Lucas e James Rodríguez é uma tarefa dura demais.

"Temos que ter calma. Tudo vem sendo construído com tranquilidade desde a nossa chegada. Estamos buscando um melhor condicionamento a todos eles e um reposicionamento.

"São jogadores com características muito semelhantes, e perdemos um pouco de profundidade quando todos estão juntos.

"Temos que trabalhar para que isso não seja um empecilho."

Essa foi a resposta de Dorival Jr. sobre usar de vez o tal quarteto mágico.

O treinador é finalista da Copa do Brasil.

E está a uma vitória por dois gols sobre a LDU, quinta-feira, no Morumbi, para chegar à semifinal da Copa Sul-Americana. Precisa garantir a classificação do São Paulo para a Libertadores no Brasileiro, e é apenas o décimo colocado.

Agora que conseguiu uma incrível reviravolta na carreira, já é seguro o suficiente para não tentar agradar os dirigentes e a opinião pública fixando o quarteto mágico, de 122 anos.

Se Dorival ceder, pode pôr tudo a perder.

Ele e seus jogadores sabem disso.

O treinador só precisa avisar a direção do clube.

Conscientizá-la de que é maravilhoso o elenco ter tanto talento.

Mas há uma diferença básica em jogar "para a torcida", pondo os quatro juntos.

E montar um time ofensivo, porém equilibrado.

No mínimo, James Rodríguez tem de ficar no banco.

No mínimo.

Mas a pressão é enorme para que os quatro atuem juntos.

Na próxima quinta, com o Morumbi lotado.

Contra a traiçoeira LDU.

A personalidade de Dorival é que vai definir.

Se ele cede ou não à insana pressão...

Neymar é o jogador que mais movimentou dinheiro na história do futebol; confira a lista

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas