Dívidas e medo. Oito jogadores do Corinthians infectados: coronavírus
A diretoria não esperava tantos doentes. Os atletas foram afastados. E o clube social dá enorme prejuízo. De 16 mil, 3,7 mil sócios pagaram mensalidade
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Primeiro foi o susto.
Depois, a decisão de enfrentar a realidade.
Afinal, nos últimos tempos não há segredo que dure no Corinthians.
E Andrés Sanchez mandou que fosse divulgado.
O clube teve um resultado péssimo nos exames para detecção do coronavírus.
De 190 testes, envolvendo atletas e funcionários do clube, nada menos do que 13 resultados deram positivos.
Nada menos do que oito jogadores. Os cinco demais casos são de funcionários. Alguns da Comissão Técnica e de outros departamentos do clube.
Os atletas já estão em isolamento em suas casas.
Só deverão retornar ao clube entre dez e 14 dias, como é a indicação padrão para cuidar da doença.
12 estão assintomáticos.
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O caso mais grave é do massagista Ceará. Sexagenágio, ele chegou a ser internado em um hospital pela doença. Mas está se recuperando bem.
O recém-contratado Jô ainda não se submeteu aos exames.
Os oito jogadores a menos atingiram diretamente o treinador Tiago Nunes.
Ele quer trabalhar o mais rápido possível com todos os atletas, para recuperar os mais de três meses de suspensão de futebol. E entrosar a equipe, com Jô como referência no ataque.
Nunes não pediu o atacante de 33 anos, ele foi um desejo da diretoria. E foi contratado, em plena crise financeira, para ser titular.
Os atletas irão ao Parque São Jorge nesta segunda-feira, para pegar os uniformes, chuteiras.
E, a partir de terça, começarão a treinar, cada um levando seu próprio uniforme. Sem utilização do vestiário. Banhos só em casa. Serão divididos, a princípio, em grupos. Eles serão os mesmos, por um período, para evitar variação de contatos.
Andrés pediu para que os nomes dos oito atletas infectados nãos sejam divulgados.
Por respeito aos jogadores.
E também para evitar desvalorização.
O jornal norte-americano Washington Post publicou que não há a certeza do que acontecerá, no futuro, com os organismos dos atletas que foram infectados pelo coronavírus.
Além dessa péssima notícia, o Corinthians também teve escancarado o caos que vive o seu clube social.
De 16 mil sócios, só três mil e setecentos estão pagando suas mensalidades em dia. Fora a inadimplência, graças à crise financeira pela pandemia do coronavírus, oito mil não pagam um centavo. E nem pagarão.
A explicação está na história.
Na década de 60, o ex-presidente Wadih Helu, para montar uma equipe forte, vendeu títulos remidos. Ou seja, quem comprasse, não teria de pagar mensalidades para o resto da vida. Assim como seus dependentes diretos.
O Corinthians de Wadih Helu, com Paulo Borges, Garrincha, Ditão, Nair. Ganhou o apelido que dura até hoje, 'Timão'. Mas não conquistou nada.
Só fez com que oito mil sócios possam frequentar o clube sem pagar nada.
Em 2019, o déficit no departamento social e nos esportes amadores foi de R$ 61,4 milhões. Um absurdo.
A diretoria não sabe o que fazer com esses sócios remidos.
Eles têm legalmente o direito de não pagar mensalidades.
E até de votar para presidente.
O Corinthians tem 40 milhões de torcedores no país.
As dívidas do clube passam de R$ 700 milhões...
(O clube revelou no final da tarde que, dos seus 27 jogadores, 21 tiveram coronavírus.
13 se recuperaram.
Oitos estão afastados...Ainda assim, a Federação Paulista de Futebol insiste em forçar a volta do Estadual...)
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