Diante do acúmulo de vexames, nova diretoria do Corinthians tenta artilheiro. Para desviar o foco. Pedro Raul, do Toluca
O novo presidente Augusto Melo segue errando de forma amadora. Com Lucas Veríssimo, Matheuzinho, Garro, com a nova patrocinadora. Não consegue contratar um executivo de futebol. Vexame em cima de vexame
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A velocidade com que os erros, os problemas, da nova direção do Corinthians são expostos, tem uma raiz.
Profunda.
E que promete ser intensa até dezembro de 2026.
A oposição, capitaneada por Andrés Sanchez, não quer, de maneira alguma, que o grupo de Augusto Melo coloque em prática o sonho de copiar o que fez a direção do São Paulo. Mudar os estatutos do clube para que seja permitida a reeleição.
Bastaram 22 dias desde que Augusto Melo assumiu o Corinthians, e as notícias vexatórias se acumulam.
A primeira foi de Lucas Veríssimo, indo atuar no Al-Duhail. Enquanto Melo dava a garantia que ele faria história no clube, o empresário do atleta fechava a transação entre Benfica e o time do Catar. O zagueiro simplesmente não assinou seu contrato por 14 dias e o novo presidente agia como se ele já fosse jogador corintiano em definitivo.
Em seguida, veio o caso Matheuzinho.
Seu empréstimo seria o contrapeso em uma possível troca envolvendo Thiago Maia e Fausto Vera, que não se concretizou.
Em uma atitude amadora, o Flamengo liberou o lateral para treinar e já se integrar ao time corintiano. Mesmo sem ter fechado oficialmente acordo algum.
Melo, que havia aceitado o atleta, que ficou treinando por nove dias com o elenco, percebeu a enorme bobagem que seria a negociação.
O Flamengo impunha o preço de 11 milhões de euros, R$ 59 milhões. Queria uma cláusula que o clube carioca poderia resgatar o jogador quando bem quisesse. E exigia taxa baixa de vitrine, se outra equipe quisesse contratá-lo. O Corinthians não teria o direito de dizer 'não'.
E Matheuzinho voltou ontem para o Rio.
Situação bizarra.
Para piorar, veio a revelação do contrato da nova casa de apostas, dona do patrocínio máster no Corinthians. Para começar a receber os R$ 360 milhões, R$ 120 milhões por ano, o clube tinha de se livrar de outra casa de aposta, que tinha contrato com o Corinthians.
A multa para a saída do patrocinador de 2023 era de R$ 20 milhões.
Melo chegou a dizer que a nova patrocinadora assumiria a multa.
Só que não foi assim.
Por contrato era o próprio Corinthians que tinha a obrigação de pagar.
A versão de que o presidente Melo 'se enganou' ganhou todas as redações.
Hoje pela manhã, a assessoria do dirigente fez questão de dizer que não houve engano.
Mas será o Corinthians quem pagará os R$ 20 milhões.
O caos não termina por aí.
Rodrigo Garro, meia argentino contratado junto ao Talleres, apesar de estar em plena forma, não jogou contra o Guarani.
O atleta, que foi a mais comemorada contratação da nova diretoria, não tinha sido pago.
Os dirigentes esperavam os 4 milhões de dólares, cerca de R$ 19,9 milhões, da primeira parcela. Restariam ainda 2 milhões de dólares, cerca de R$ 9,9 milhões.
A contratação de Garro foi anunciada no dia 2 de janeiro, quando Melo assumiu oficialmente a presidência.
Ou seja, até a manhã desta quarta-feira, dia do segundo jogo do Paulista, contra o Ituano, o dinheiro ainda não havia chegado à Argentina.
Há outro grande fracasso da direção.
A incompetência para contratar um executivo de futebol.
Desde que foi eleito, no dia 25 de novembro, Melo prometia um executivo competente para assumir o futebol do clube.
Rodrigo Caetano, que trabalha no Atlético Mineiro, foi contatado.
Ele disse 'não'.
No dia 30 de dezembro de 2023.
Desde então, o clube segue sem executivo.
Apenas com Melo e o diretor Rubens Gomes tratando dos principais assuntos do futebol.
Gomes, por sinal, foi vice-presidente do clube e montou a equipe que foi rebaixada em 2007.
Diante de todo esse caos, uma velha estratégia.
A direção do clube 'vazou' que o Corinthians pode contratar Pedro Raul, ex-jogador do Goiás e Vasco, e que está no futebol mexicano.
A direção do Toluca, decepcionada com o brasileiro, aceita negociá-lo.
Porque quer contratar o paraguaio Juan Escobar, do Cruz Azul. E o número de inscrição de estrangeiros está no limite. Precisa tirar um atleta do elenco. O escolhido é Pedro Raul.
Só que a estratégia usada por falecidos presidentes, como Vicente Matheus e Alberto Dualib, contratar um jogador para desviar o foco dos problemas do Corinthians, não deu certo.
As queixas contra a nova diretoria se acumulam.
O desejo por mudar os estatutos, sonhando com reeleição, caminha para o impossível.
O início do trabalho da nova diretoria é assustador.
"Se o Augusto Melo for eleito, vai ser o caos. Caos total. Porque ele não tem experiência, nunca teve um cargo no Corinthians. Ele não sabe nem o que é ser vice-presidente de Esportes Terrestres.
"Ele foi sete ou oito meses assessor do sub-17."
Previsão de Andrés Sanchez a Benjamin Back, poucos dias antes da eleição de Melo...
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