Diante da pressão, pelo trabalho frustrante, Vítor Pereira pede dois reforços. Um meia articulador e um artilheiro para o Corinthians
O presidente Duilio Monteiro Alves garantiu ao treinador português. Ele pode seguir seu trabalho tranquilo. Montando o time como quiser. Vítor agradeceu o apoio. Mas pediu reforços para o time reagir
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Intocável.
A situação de Vítor Pereira é tranquila no Corinthians.
Apesar do decepcionante desempenho do time nos últimos jogos, da perda da liderança do grupo na Libertadores e do Brasileiro, com empates com dois times fracos, a equipe mista boliviana Always Ready e com o América Mineiro. Isso em plena arena de Itaquera.
O presidente Duilio Monteiro Alves é o primeiro a se colocar a favor do treinador português. E com muito mais veemência do que fez em relação a Sylvinho.
Por vários fatores.
O primeiro é que Vítor Pereira relutou a aceitar a oferta de emprego, alegando que o elenco corintiano era pequeno. E que não havia feito a pré-temporada com os jogadores. Para ele, 30 dias convivendo, treinando os atletas, articulando a formação do time, com seus pontos fortes e fracos, eram fundamentais.
Duilio o convenceu a aceitar dando esse desconto. Sabendo que haveria a possibilidade de grande dificuldades, já que o treinador formaria a equipe durante o Paulista, a Copa do Brasil, a Libertadores e o Brasileiro.
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A pressão de conselheiros ligados à sua administração é que cobre resultados, eficiência de Vítor Pereira. Afinal, o Corinthians precisa muito de alto rendimento do time por conta de sua vida financeira.
Uma eventual eliminação da Libertadores nas oitavas, diante do Boca, seria desastrosa. A previsão, ainda com Sylvinho, quando foram traçadas as metas do time para 2022, apontavam que o clube deveria chegar ao menos às semifinais. O mesmo objetivo vale para a Copa do Brasil. E, no mínimo, a classificação para a Libertadores de 2023, no Brasileiro.
O investimento em ótimos veteranos sem clubes, mais Róger Guedes, foi impactante no segundo semestre de 2021, levou o time até a Libertadores. Mas grandes reforços para 2022 estão descartados, a não ser que surja uma empresa disposta a bancar esses atletas. Como a Taunsa ameaçou fazer com Paulinho. E foi um vergonhoso fiasco.
A assessoria de imprensa do Corinthians se apressa a repassar a informação que o clube já teve mais de 506 mil torcedores na sua arena em Itaquera em 2022. Foram mais de R$ 35 milhões arrecadados, em 15 jogos. Lembrando que, até março, o governo estadual limitava a capacidade dos estádios em São Paulo em 70% no máximo. A partir daí, a média é de 38 mil corintianos nos jogos em Itaquera.
O acordo com a Caixa Econômica para o pagamento da arena ainda está travado. Por divergência em relação ao valor. O banco estatal alega que o clube deve R$ 536 milhões. E o Corinthians garante que o valor é de 'apenas' R$ 470 milhões.
Ou seja, o resultado do time é fundamental para o encaminhamento desta conta, que atormenta o clube desde 2011.
Vítor Pereira tem se mostrado preso em um labirinto. Feito escolhas incoerentes. Como colocar o meia Renato Augusto, que jamais teve velocidade no auge da carreira, atuando na ponta esquerda, aos 34 anos, contra o América Mineiro.
Também poupar titulares diante do fraquíssimo boliviano Always Ready, quando o Corinthians precisava, de qualquer maneira, vencer para garantir a primeira colocação no grupo E. E ter a certeza que faria o jogo decisivo das oitavas na Zona Leste Paulista e não na Bombonera, 'caldeirão' do Boca Juniors.
Três zagueiros, linha de quatro, dois volantes marcadores, um volante marcador, dois meias, três meias, dois atacantes, um atacante.
4-3-3. 4-2-3-1. 4-1-4-1. 3-5-2. 3-4-3.
Todas variações táticas que Vítor Pereira utilizou, sem chegar à uma conclusão sobre qual é a maneira que o Corinthians deve jogar.
Foram exatos 93 dias de trabalho. 22 partidas disputadas. Nove vitórias, oito empates e cinco derrotas. Aproveitamento de 51%.
Vítor assume ser um apaixonado por rodízio de jogadores. Ainda mais no calendário caótico do futebol brasileiro. Os próprios atletas ficam inseguros, há poucos titulares absolutos. A primeira atitude do técnico português foi acabar com a história de 'quinteto mágico'. Viu que era improdutivo manter Paulinho, Giuliano, Renato Augusto, Willian e Róger Guedes como titulares absolutos.
Já barrou Giuliano. Paulinho, antes de sua grave contusão, que o fará atuar apenas em 2023, já começava a ir para o banco. O mesmo critério já atingia Renato Augusto e Willian. Róger Guedes foi o último a ter problemas, já que ele não estava se empenhando como deveria, ao atuar improvisado como atacante fixo no meio.
Vítor Pereira e seus quatro auxiliares portugueses sabem. Se dependesse deles, o Corinthians não teria tantos atletas com mais de 30 anos, veteranos consagrados. Para montarem uma equipe competitiva, intensa, vibrante, eles precisam de jogadores jovens. Só que não há como não utilizar os atletas caríssimos, e de bom potencial ainda, que Duilio trouxe.
Esse é um fator que explica o labirinto que o treinador se encontra.
Sem saber a saída.
Sem ter seu time ideal.
A cobrança da imprensa e da torcida já chegou aos conselheiros.
O rastilho de pólvora é o mesmo que acabou por tirar o comando do Corinthians de Sylvinho.
Mas Duilio Monteiro Alves e o diretor, e ex-presidente, Roberto de Andrade, se colocam de forma decidida a quem ousa questionar Vítor Pereira.
"Ele fica. Vai trabalhar até o final de seu contrato", garante tanto Duilio quanto Roberto a inquisitores. Não dão espaço para conversas, não justificam tanto como fizeram quando Sylvinho era o treinador. Assumem postura mais rígida.
Essa busca de uma equipe ainda tem outro fator. Vítor Pereira quer reforços. Jogadores mais vibrantes e com qualidade no ataque. Principalmente na definição. Júnior Moraes e Jô não têm respondido para o que o Corinthians precisa. Além de um meia pensante, articulador, com mais vigor do que Renato Augusto.
Pelas características, são atletas caros.
O clube está procurando nesta janela de meio de ano.
Mas o clima tenso, de cobrança, já irrita dirigentes.
E Vítor Pereira, mesmo com o escudo chamado Kia Joorabchian, seu empresário e ex-presidente do grupo MSI, que controlou o futebol do Corinthians entre 2005 e 2007, sabe que precisa fazer o time reagir. Não por seu emprego. Mas por Kia, muito ligado ao ex-presidente Andrés Sanchez, e pela administração de Duilio Monteiro Alves.
O treinador está aproveitando essa semana livre sem jogos para fazer testes. Buscar um time mais competitivo, efetivo. A próxima partida será apenas no sábado, diante do Atlético Goianiense, em Goiás.
A luta será para tentar recuperar a liderança do Brasileiro ou, pelo menos, seguir entre os primeiros. Até começarem os confrontos contra o Boca Juniors, dias 28 de junho, em Itaquera, e 5 de julho, na Bombonera.
Ninguém tem posição garantida até estes jogos importantíssimos.
Com a bênção de Duilio, Vítor Pereira precisa e vai definir seu Corinthians ideal.
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