Devassa na ESPN. Debates sem fim afugentaram audiência e anúncios
A devassa na ESPN/Brasil tem explicação comercial. Sem eventos, conversas intermináveis naufragaram a emissora. Daí a revolução. Demissões e mais demissões...
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Debate na hora do almoço.
Debate à tarde.
Debate à noite.
Sem dinheiro para a compra de grandes eventos, os comentaristas seriam as grandes estrelas da ESPN/Brasil.
Sempre foi muito barato colocar cinco jornalistas sentados em um estúdio opinando sobre jogos mostrados por outras emissoras.
Evitando ao máximo o viés político que dominava a emissora sob o comando de José Trajano, de 1995 a 2011.
A políticade João Palomino durou até ontem.
A estratégia, que o fez escolhido como melhor executivo de Comunicação do país, em 2013, recebendo o prêmio Comunique-se, se desgastou.
Não se sustentou.
A ESPN/Brasil naufragou sem eventos esportivos.
Faltaram dinheiro e novos projetos que não fossem atrelados a exaustivos debates e entrevistas.
Sportv, Fox Sports e até o extinto precocemente Esporte Interativo desbancaram, sem muito trabalho, a mais tradicional emissora esportivo a cabo no mundo.
O mundo bilionário do streaming esportivo, representado pela DAZN/Brasil. E as transmissões pelas redes sociais também feriram de morte a programação baseada apenas em opiniões.
Só conversa não atraía patrocinadores poderosos.
Pelo contrário.
Afugentava.
A cúpula da Disney na América Latina,dona do canal, acordou para a necessidade da mudança de filosofia, quando incorporou também a Fox. E levou executivos da Fox Sports para analisar o que fazer com a ESPN/Brasil.
A conclusão foi que muita conversa ocupava lugar de transmissões e, principalmente, documentários produzidos pela emissora.
Os quais que, além de atrair audiência e, principalmente patrocinadores, poderiam ser incorporados no serviço on demand.
De alguns anos para cá, os documentários produzidos pelo Brasil foram deixados de lado.
Mas não adiantava apenas anunciar a renovação.
Comprar novos eventos e sair produzindo documentários.
Os novos executivos decidiram que era preciso cortar na carne.
Mudar a 'cara da emissora dos debates', daí a demissão de comentaristas e apresentador que estavam há anos à frente da tela. Muitos há décadas.
Juca Kfouri, João Carlos Albuquerque, Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Rafael Oliveira, Mauricio Barros e Cláudio Arreguy.
Mais a gerente de produção, Renata Netto.
E o vice-presidente de Jornalismo e Produção, João Palomino.
Novas demissões estão sendo analisadas.
A prioridade será alavancar a audiência já em 2020.
A programação começará a ser profundamente modificada desde já.
Sem as horas e hora de debate dos últimos anos.
O mercado esperava um golpe forte nos canais Fox Sports. Por conta de terem sido adquiridos pela Disney. E que o Cade já deu ordem de vender para evitar monopólio entre os canais a cabo.
Mas a implosão aconteceu na ESPN/Brasil.
Por enquanto...
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