Desprezo. Vingança da Globo. Por perder a Seleção nas Eliminatórias
Emissora carioca finge que o Brasil não jogará hoje, contra o Peru, em Lima. Porque o jogo será mostrado, com exclusividade pela Turner, no EI Plus
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Desprezar.
Quase fazer de conta que não existe.
Minimizar.
Essa é a estratégia desesperada da TV Globo diante de mais uma derrota histórica no futebol.
A mais dolorida.
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Perder a Seleção Brasileira, que tratava como um produto seu. Só seu.
Mas que não teve dinheiro, nem a cumplicidade da CBF para manter as transmissões exclusivas.
Para frustração dos patrocinadores Ambev, Casas Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo, que combinaram pagar R$ 1,8 bilhão pelos jogos de futebol da emissora, não terão o produto principal, a Seleção.
O Brasil enfrentará o Peru, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, em Lima. E só a Turner transmitirá a partida para o Brasil. O mesmo grupo norte-americano que acabou com o monopólio no Campeonato Brasileiro no ano passado.
A Turner aproveitou a falta de visão e de poder econômico da Globo, que só comprou as partidas das Eliminatórias da Seleção no Brasil. E os jogos da Argentina, para garantir o confronto com os grandes rivais em Buenos Aires.
Os jogos fora ficaram sem dono. A Globo acreditou que poderia comprar, com desconto, da Mediapro, empresa criada para gerir a transmissão dos oito países com menos interesse: Uruguai, Paraguai, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia e Chile.
A pedida havia sido alta: 20 milhões de dólares, R$ 110 milhões.
Como a Globo está economizando o que pode, não comprou porque a maioria destes confrontos seriam exibidos no Sportv e acompanhados com baixa audiência, como sempre foi. Tinha certeza que poderia negociar as partidas do Brasil à parte.
Só que a Turner aproveitou a oportunidade.
E comprou esses jogos.
A frustração da Globo foi até maior do que com a Libertadores, 'tomada' pelo SBT.
Tentou de, qualquer maneira, reverter a situação.
Ofereceu dinheiro à Turner, mas não houve jeito.
O grupo norte-americano se manteve firme e mostrará o jogo de hoje, contra o Peru sozinha, com exclusividade. Assim como tem feito com a Champions League no Brasil.
Mas a Turner quer faturar. E só quem assinar o streaming EPlus por R$ 19,90, acompanhará a partida.
É algo histórico e importantíssimo no mercado publicitário.
Porque ainda haverá sete outros jogos da Seleção.
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O drama para a emissora carioca segue.
E já no dia 7 de novembro, com o jogo entre Uruguai e Brasil, que já é da Turner.
A reação da cúpula da Globo diante dessa derrota monumental é até furiosa.
Fazer de conta que a partida de hoje mal existe.
Em todas suas plataformas.
A começar pela tevê.
Globo Esporte e Jornal Nacional deverão apenas registrar o jogo, como uma notícia qualquer.
Com a desculpa de covid-19, não mandou nenhum repórter ou câmera para registrar o jogo. Nada de entrevistas. A ordem é usar o material 'de segunda mão', da CBF TV. Ou seja, o que estará disponível a todas as outras emissoras, ao público em geral.
Na hora da partida, às 21 horas, exibirá sua novela habitual Força do Querer e a série Sob Pressão.
A Globo terá apenas os melhores momentos do confronto, depois que ele acabar. Relembrando os videos tapes que mostrava nas Eliminatórias em 1969, 51 anos atrás.
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Até o seu site especializado em esporte, o GE não tem na sua home matérias e mais matérias gigantescas e positivas sobre Neymar e Tite, como costuma, em dias de jogos da Seleção. A terça-feira abriu com foco no Brasileiro. E será assim até o final do dia.
O desprezo ao jogo da Seleção é estratégico.
Fazer com que a cúpula da CBF interfira.
E tente aproximar a Turner da Globo para que venda as imagens, que tem com exclusividade, para a tevê aberta.
Com a desculpa de que a Seleção é 'do povo', discurso populista dos anos 70, em plena Ditadura Militar.
Quando, na verdade, os jogos do Brasil é um artigo comercial como outro qualquer.
Se aproveitando da situação, "El Canal Del Futbol", no Youtube, oferece o jogo do Brasil. Só que a transmissão é em espanhol. E o canal é equatoriano. Se a pessoa estiver disposta a pagar R$ 50,00 terá todas as partidas das Eliminatórias.
Depois de perder a decisão do Carioca para o SBT, repatir o Brasileiro e agora as Eliminatórias para a Turner, a cúpula da Globo sabe que o baque pode ser ainda maior no futebol.
A emissora carioca não está conseguindo pagar os 600 milhões de dólares, cerca de R$ 3,3 bilhões, para a transmissão da Copa do Mundo do Qatar. Entrou até na justiça do Rio de Janeiro para justificar o não pagamento da parcela de junho deste ano, de 90 milhões de dólares, R$ 497 milhões.
A Turner e a Disney acompanham com interesse esse conflito.
Se a Globo usar a mesma tática que tentou com a Conmebol e com a Mediapro, avisar que vai desistir para baratear a competição, o destino da Copa do Qatar tem tudo para ser como a Libertadores e as Eliminatórias.
Fugir do controle da emissora carioca.
Ela que desfrutou do capitalismo norte-americano, desde a sua fundação, agora está do outro lado.
Sentindo o mesmo veneno...
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