Luxa que se cuide. Pressão por Heinze cresce no Palmeiras
O Palmeiras está cansando de Luxemburgo. Ele já não tem defensores na alta cúpula. O ex-treinador do Vélez, Heinze, ganha espaço a cada dia no clube
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Temos que fazer alguma coisa, as três competições são muito difíceis. E vamos ter jogadores convocados, lesionados, temos que ver."
"Primeira vez que falo sobre isso."
"É uma necessidade que temos, por número e para acrescentar o que já temos de qualidade."
Vanderlei Luxemburgo, depois da derrota para o Botafogo, na quarta-feira passada.
"Reclamaram muito, me deram muita porrada que a equipe jogava feio."
"Tem que saber se eu tenho equipe pra jogar bonito."
Vanderlei Luxemburgo, depois de nova derrota. No sábado, contra o São Paulo. Pela primeira vez, depois de seis anos, o clube perdia para o rival na sua nova arena.
Em menos de uma semana, o treinador de 68 anos, para se livrar da pressão da forte cobrança da imprensa, expôs, primeiro o presidente Mauricio Galiotte, por não contratar reforços.
Depois, o elenco, ironizando a possibilidade de montar uma equipe ofensiva com os jogadores que possui.
O resultado foi enorme insatisfação dentro do Palmeiras.
Cansou até seu grande aliado, Seraphim del Grande, presidente do Conselho Deliberativo, que insistiu na sua contratação, depois de Jorge Sampaoli exigir R$ 1,2 milhão por mês e mais pelo menos cinco reforços.
A visão de Seraphim era que Luxemburgo montaria um time competitivo, ofensivo, ousado, como das três primeiras vezes que comandou o futebol do clube.
Só que 12 anos fizeram muito diferença.
O treinador mudou.
Atualmente transborda insegurança.
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As seguidas demissões, o longo período desempregado, os fracassos na busca de títulos importantes, o marcaram.
O Palmeiras que venceu o Paulista e ficou 20 partidas sem perder é o seu pensamento atual sobre futebol.
Ele quer seu time marcando forte, do meio de campo para trás, esperando a chance para contragolpear. Se não der para vencer, os empates são muito bem-vindos.
Aos poucos Galiotte percebeu que se deixou empolgar à toa. Quando o Palmeiras foi campeão paulista de 2020, travando a chance de o Corinthians ser tetra, o presidente acreditou ter acertado em cheio ao tirar Luxemburgo do Vasco.
Galiotte não questionava a forma, ele sempre quis vitórias, estatística favorável.
Só que acabou percebendo, de tanto as pessoas próximas reclamarem, questionarem o trabalho de Luxemburgo.
Embora o técnico tenha, e cultive a amizade com jornalistas influentes, as redes sociais democratizaram a opinião.
E nelas, Luxemburgo segue há tempos sendo duramente questionado.
Após a derrota para o São Paulo, com o Palmeiras jogando outra vez mal demais, Galiotte convocou uma reunião. Seus vices Alexandre Zanotta, José Caliari e Paulo Roberto Buoi estiveram com o diretor de finanças Davi Gueldini e o diretor de futebol Anderson Barros.
Várias foram as discussões, como análise de atletas que possam ser contratados.
Mas o desempenho de Luxemburgo foi o centro das análises.
Ele está começando a desagradar os homens que comandam o Palmeiras.
Quando foi contratado, ele ouviu de Galiotte que teria de ter um comportamento discreto em relação à imprensa. Preservar os jogadores e os dirigentes.
O treinador, acuado nas derrotas, está fazendo o contrário.
Há uma pressão que nasceu de torcedores, passou por sócios, chegou aos conselheiros. E o nome do argentino Gabriel Heinze domina o clube.
O ex-treinador do Vélez tem apenas 42 anos, montou um time ofensivo, competitivo, vibrante. A situação financeira do Velez não é boa, o elenco era limitado.
Ele se desentendeu com a direção e pediu para sair do clube argentino.
Esteve na alça de mira do Santos, antes da contratação de Cuca.
Mas, por enquanto, é apenas um nome forte.
Luxemburgo faz ótima campanha na Libertadores.
Esse é o seu escudo.
Mas ele deixou de ser unanimidade há muito tempo.
Não bastasse o fraco futebol, ele começa a repassar a culpa pela decepção.
Se esconder nas conquistas da Florida Cup e do Paulista.
Da falta de reforços, culpa da diretoria.
E de ter jogadores sem competência para formar uma equipe que 'jogue bonito'.
O elenco do Palmeiras era muito pior em 2014, quando o clube contratou Ricardo Gareca, que suportou apenas 13 partidas. Caiu também por conta da xenofobia.
Seis anos depois, a situação é outra.
Os treinadores estrangeiros de competências estão valorizados como nunca.
Daí a falta de sorte de Luxemburgo.
Ou ele faz o Palmeiras reagir, a partir de quarta-feira, contra o Coritiba, no Allianz Parque, e tira o clube da incômoda sétima colocação no Brasileiro, ou corre o risco de ir embora.
Não há ninguém satisfeito com o trabalho, com a postura de Luxemburgo no Palmeiras.
Ele mesmo está encaminhando sua demissão.
Repassar a culpa pelos fracassos para a diretoria, que não contrata.
E assumir publicamente a escolha pelo futebol feio por conta do seu elenco, foi um péssimo caminho.
Truques velho.
E que só trouxe desgaste, antipatia.
O Palmeiras está se cansando de Luxemburgo...
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