Derrota para o São Paulo acaba, de vez, com a paz no Palmeiras
Os muros do campeão da Libertadores e da Copa do Brasil foram pichados na madrugada. Os recados foram claros. "Acorda, Abel." "Queremos jogadores"
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"Acorda, Abel."
"Bem-vindo 2021."
"Menos Tik Tok e mais futebol."
"Fora Luan, Scarpa, Mayke, Lucas Lima, Zé Rafael, Lucas Lima, Luiz Adriano."
"Mauricio (Galiotte) banana."
Os muros do Palmeiras acordaram pichados.
Historicamente eles são o local onde os torcedores, principalmente as organizadas, usam para mandarem seus recados aos treinadores, jogadores e dirigentes.
A equação é simples.
O time vai mal, vem a pichação e ela é divulgada pela imprensa.
Técnico, jogadores e dirigentes são pressionados a se posicionar.
A manhã deste sábado é um choque de realidade para o português Abel Ferreira.
Ele foi campeão exatamente há 40 dias.
Venceu a Copa do Brasil.
Há 77 dias conquistou a Libertadores da América.
Encima desse triunfo acabou até como capa da revista masculina GQ.
Mas no Brasil, principalmente no agora milionário Palmeiras, as conquistas são passageiras demais.
A Libertadores foi até levada em consideração no vexame do time no Mundial. Foi o primeiro brasileiro a perder seus dois jogos. Contra mexicanos e egípcios.
Mas depois, com as derrotas seguidas, e históricas, da Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana, perda de dois títulos em três dias, acabou a tolerância.
Ainda mais com um clássico pela frente. O São Paulo, clube rival de inúmeras disputas. Em pleno Allianz Parque.
O técnico argentino Hernán Crespo e seus jogadores não tinham nada a ver com a crise que se encaminhava no Palmeiras. Agravada pelo calendário absurdo.
E os são paulinos se impuseram, conseguiram vencer por 1 a 0, os reservas de Abel Ferreira. E seguem caminhando firme para o sonho que é vencer o Paulista, acabar com o jejum de nove anos sem títulos, tirar esse peso e seguir 2021 com tranquilidade.
O português comandante palmeirense sentiu, logo após o jogo, como são fortes as cobranças no Palestras Itália. E que a Libertadores e Copa do Brasil foram esquecidas.
"Estamos tristes que perdemos, mas não vão me ver cabisbaixo", foi a frase mais importante que o português disse, após a derrota no clássico.

Talvez não cabisbaixo, mas talvez muito irritado.
O treinador vem cobrando diariamente o diretor executivo de futebol, Anderson Barros.
Desde o ano passado, Abel tem pedido jogadores para que o time possa atuar de outras maneiras táticas.
Quer um centroavante, atacante que jogue mais fixo na área. E um jogador canhoto, mais experiente, para atuar pelo esquerda.
Graças a Mauricio Galiotte, que entrega a presidência no final do ano, Barros tem encontrado limitações financeiras.
O colombiano Borré, artilheiro do River Plate, chegou a aceitar R$ 80 milhões para atuar cinco anos no Palmeiras. Mas Galiotte, em seguida, tentou reduzir a proposta. Alegou a dificuldade do clube na pandemia. E a transação foi cancelada.
Havia ainda uma morosidade na busca desse atacante. Mas as derrotas nas decisões da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana aceleram as coisas. E o clube deixou adiantada a aquisição de Valentín Castellanos. Argentino, de 22 anos, que atua no New York City.
Ele é um atacante mais adiantado, com muita raça. Mas não um espetacular artilheiro, não. Nas últimas 29 partidas do clube norte-americano, marcou sete gols. Tem como escudo o fato de ser convocado para a Seleção Argentina sub-23.

Só que a morosidadeda direção palmeirense pode fazer com que nem haja tempo de inscrevê-lo a tempo para a primeira fase da Libertadores. Se a negociação for realmente fechada.
Abel Ferreira deixou fama na Grécia.
De ter o gênio forte, dar declarações irritadas, quando cobrado nas derrotas.
O Palmeiras enfrentará o Botafogo, em Ribeirão Preto, no domingo, pelo Paulista.
E, na quarta-feira, estreia na Libertadores, contra o Universitário, em Lima, no Peru.
O clima no Palmeiras é muito tenso.
E as organizadas prometem deixá-lo muito mais.

Elas já organizam protesto em frente ao CT da Barra Funda.
Vão mostrar.
A Libertadores e a Copa do Brasil ficaram para trás...