Derrota histórica. Brasileiro começa. Palmeiras não se dobrou à Globo
Um ano de negociações não adiantou. Para raiva dos patrocinadores e revolta dos torcedores que pagam o Premiere. Palmeiras não fecha com a Globo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
" (...)As plataformas Globo têm direitos para exibir jogos de 19 clubes do Brasileirão na TV aberta, 13 no SporTV e 18 no Premiere. Mesmo após o início da competição, as negociações serão mantidas com o Athletico Paranaense, com quem já temos contrato para a TV Aberta, para os direitos do pay per view, e com o Palmeiras para a transmissão de jogos na TV aberta e no Premiere.
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As negociações seguem em linha com o novo modelo e respeitam a paixão do torcedor, as condições de mercado e a relevância dos clubes. Como acontece desde o início da temporada, com os Campeonatos Estaduais, o Palmeiras - único clube até aqui ainda sem qualquer acordo com as empresas Globo - continuará tendo espaço na cobertura constante do GloboEsporte.com e nos programas esportivos da TV Globo e do SporTV, além da exibição ao vivo de partidas do clube pela Copa Libertadores da América e pela Copa do Brasil.(...)
Esta foi a postura oficial da Globo, divulgada hoje, na manhã do dia 27 de abril de 2019, no seu site esportivo.
Dia histórico para o futebol deste país.
Início do Campeonato Brasileiro de 2019.
Pela primeira vez desde a criação dos Clube dos 13, em 1987, que a dona do monopólio das trasmissões do futebol, com uma aliança que parecia perpétua com a CBF e com os clubes, se vê sem o poder de mostrar os jogos do Palmeiras, na tevê aberta, no canal a cabo e no pay-per-view. E do Athletico Paranaense no pay-per-view.
De nada adiantaram, até agora, meio-dia deste sábado, mais de um ano de negociações.
Acabou a subserviência pura.
O Palmeiras fez valer a sua posição de decacampeão e atual campeão do Brasil. Não aceitou ganhar menos e ter menos partidas transmitidas que seu rival histórico, o Corinthians.
Com o apoio dos bilionários patrocinadores Crefisa e Puma. Mas a arena moderna melhor localizada do país, no estado mais rico da União. E do lucrativo plano de sócio-torcedor, o presidente Mauricio Galiotte virou as costas à Globo.
Fez sabendo que era o desejo dos conselheiros e dos torcedores. Há um consenso histórico de que a emissora carioca sempre preteriu o clube em relação não só ao Corinthians, mas até ao São Paulo.
O Palmeiras era apresentado como 'derrubador de Ibope', entre os executivos globais. Aliás, como satisfação aos patrocinadores, houve o vazamento do índice de audiência de 2019.
E lá está o Palmeiras atrás do Corinthians e do São Paulo, finalistas do Campeonato Paulista.
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Na meia dúzia de jogos dos palmeirenses mostrados pela emissora carioca, a audiência foi de 22,9 pontos. Os corintianos, com 13 partidas transmitidas, mais do que o dobro, chegaram a 26,8 pontos e o São Paulo esteve nove vezes na tela da emissora, com 22,5 pontos.
As partidas dos rivais foram mais revelantes do que a do 'rebelde'. A estatística não perdoa.
Palmeiras e Ituano, na quarta-feira, dia 27 de fevereiro, foi o jogo com menor audiência na emissora carioca nos últimos dois anos, 17,4 pontos. Só que no mesmo dia, o Corinthians decidia sua vida na Copa Sul-Americana, contra o Racing, com transmissão pela Rede TV!, 'detalhe' esquecido por quem divulgou os índices de audiência.
A Globo promete o mesmo espaço de cobertura do Palmeiras nos seus programas, mas a cúpula do clube não acredita e nem se preocupa.
Acompanha a tensão das operadoras de tevê, que vendem a transmissão do Brasileiro pelo canal pay-per-view Premiere. O Procon já notificou as empresas Net/Claro, Oi, Sky e Vivo. Elas deveriam cobrar 20% a menos, já que não terão 20% dos jogos do Brasileiro, sem a participação do Palmeiras e Athetico.
Além da enorme chance de serem processadas por não darem a redução, a partir desse mês.
Um enorme batalha jurídica se aproxima.
A Globo fatura R$ 1,7 bilhão com o pay-per-view.
A guerra também afeta o Cartola FC, fantasy game, que rende cerca de R$ 18 milhões à emissora, com os participantes pro, pagando entre R$ 39,90 e R$ 49,90 para jogar.
O jogo prevê uma seleção de atletas por rodada. Os pontos são para os atletas de melhor participação.
De maneira surreal, os jogadores do Palmeiras têm de ser desprezados, como se não existissem.
Desmoralização para a competição.
Na última semana, dirigentes da Globo e do Palmeiras se reuniram. A emissora carioca cedeu. Ofereceu não cobrar mais 20% da multa dos 'traidores', os setes clubes que venderam os direitos dos jogos a cabo para a Turner.
Chegou muito perto mais os valores oferecidos ficaram, em média, 15% a menos do que serão pagos ao Corinthians e Flamengo.
Galiotte foi firme. Ou igual ou nada feito.
A diretoria do Athletico Paranaense, que fechou com a tevê aberta, se manteve firme em relação ao pay-per-view.
Na confecção da tabela com a CBF, a Globo exigiu que o primeiro jogo do Palmeiras acontecesse no domingo, às 19 horas, com um adversário que também fosse da Turner. Por isso, o clube de Galiotte enfrenta o Fortaleza, amanhã à noite.
Às 16 horas, Bahia e Corinthians, no horário nobre do domingo, para a capital paulista.
Na quarta-feira, um adversário sem tradição, o CSA, em Alagoas, às 16 horas. Às 21h30, Goiás e São Paulo.
No outro final de semana, Palmeiras no sábado, às 19 horas, dia 4, contra o Internacional. No domingo, CSA e Santos ou São Paulo e Flamengo, às 16 horas.
A esperança é que pelo menos no domingo, dia 12 de maio, tudo esteja resolvido. E Atlético Mineiro e Palmeiras seja transmitido, às 16 horas.
Na prática, executivos globais conseguiram mais 15 dias de negociação, antes do confronto aberto direto.
Ao contrário do que foi divulgado, a Turner vai mostrar ao vivo o jogo de amanhã, entre Palmeiras e Fortaleza para o Brasil todo. Inclusive para São Paulo. No canal TNT.
A decisão passou pela aprovação de Galiotte.
Já que não haverá a concorrência do pay-per-view, pelo contrato com a Globo não ter sido fechado.
"Há diferenças financeiras e conceituais a superar. Cabe esclarecer que nosso posicionamento está embasado em critérios absolutamente técnicos, com ênfase em audiência, performance esportiva destacada e na relevância da marca Palmeiras, considerando não apenas a evolução dos últimos anos, mas sobretudo a perspectiva para os próximos", divulgou hoje, Galiotte.
O homem que domina o futebol do Athetico Paranaense, Mauro Celso Petraglia, foi ainda mais direto.
"O CAP pede a compreensão e o apoio de sua grande torcida por não proporcionar a alternativa da transmissão via PPV. Todos conhecem nossa luta para que os valores distribuídos entre os clubes sejam mais justos! Não podemos vender nossos jogos por valores 40 vezes menores do que a Globo paga a Corinthians e Flamengo juntos! O mérito é sobre o nosso valor!"
Executivos globais decidiam ontem à noite se faziam outra proposta ainda hoje para o Palmeiras.
A desmoralização com a quebra do monopólio é enorme.
O medo da cúpula da emissora carioca está no efeito cascata.
Ou seja, as renovações de transmissões com outros clubes serem muito mais difíceis.
Assim também como a postura irritada dos patrocinadores.
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Eles não terão seus produtos mostrados para mais de 18 milhões de palmeirenses pelo país na tevê aberta. E no pay-per-view.
Sem qualquer desconto no pacote bilionário que fecharam pelo futebol da emissora. Pagaram R$ 1,8 bilhão por seis cotas.
E não terão os jogos do atual campeão brasileiro.
A Globo ainda garante que as negociações continuam.
Com o Athletico, a chance de acerto é maior.
Apesar de a Globo ter cedido, e muito, a postura de Mauricio Galiotte segue firme.
Ou o dinheiro é igual ao do Corinthians ou nada feito.
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