'Patrimônio do futebol brasileiro', Nacional-SP completa 100 anos
'Time teve grande influência no país', afirma autor de livro que celebra centenário da história de equipe da zona oeste de São Paulo
Futebol|Guilherme Padin, do R7
Com papel importante na primeira partida oficial de futebol no Brasil, mesmo antes de seu nascimento, o Nacional completa 100 anos neste mês. Tradicional time com sede na Barra Funda (zona oeste de São Paulo), o Nacional tem sua trajetória agora contada em livro.
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“Tanto o futebol brasileiro quanto o desenvolvimento da cidade devem muito à SPR (São Paulo Railway) e ao Nacional”, afirma Leandro Massoni Ilhéu, autor de “Nacional - Nos trilhos do Futebol Brasileiro”, que será lançado nesta terça-feira (5), em São Paulo.
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O jornalista explica que Charles Miller, responsável por trazer o futebol ao Brasil, “introduziu o futebol através da São Paulo Railway”.
Primeira ferrovia do Estado de São Paulo, a SPR foi instalada no Brasil em 1867. Com a necessidade de se criar uma recreação entre os funcionários, Miller os convocou, além de outros ingleses que trabalhavam em uma empresa de gás da cidade, para realizar a primeira partida organizada de futebol, em 14 de abril de 1895.
'A história do futebol brasileiro se liga ao Nacional'
O jogo entre o time da ferrovia contra os ingleses terminou com vitória por 4 a 2 para a SPR. Daquela partida nasceu o São Paulo Railway Athletic Club, que existiu até 1919, ano da fundação do Nacional, como explica Leandro.
“SPR e Nacional são o mesmo time. Com o encerramento da concessão dos direitos da ferrovia, o clube, fundado em 1919, não tinha mais necessidade de continuar jogando com esse nome. Fizeram um plebiscito para escolher o novo nome”, conta ele.
“As opções eram Bandeirantes, Ferroviária e Nacional. Como a ferrovia deixou de ser de empresas e se tornou nacional, optaram por este nome”, acrescenta.
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Embora hoje atue na Série A2 do Paulista, equivalente à terceira divisão, o Nacional teve papel de protagonista nos primeiros anos do nosso futebol.
“Na época do Charles Miller, ainda que não tenha sido profissional, o Nacional — ou SPR — teve grande influência no futebol nacional, e é por isso que ele é tão importante”, diz Massoni. “A história do futebol brasileiro se liga ao Nacional”, completa.
Livro começou em faculdade e é homenagem a amigo
O livro começou com um TCC (trabalho de conclusão de curso), no último ano de Leandro Massoni na faculdade, em 2012.
Após indefinições sobre o tema do trabalho, o grupo decidiu por um documentário sobre o Nacional. “Fiz algumas pesquisas e vi que tinha uma história interessante”, conta Massoni, que considerou que [a trajetória do Nacional] “tem tudo a ver com a ferrovia SPR, com a cidade e seu crescimento econômico, com a vinda de imigrantes ingleses”.
“Depois do documentário, o vice-presidente do clube, Edison Gallo, nos convidou para escrever o livro. Seríamos eu e o Paulo Roberto [da Ascensão, amigo participou do TCC]. Tivemos algumas discordâncias no desenvolvimento do trabalho e ele acabou abandonando o projeto”, conta Leandro.
Amigo de Leandro e colega de TCC, Paulo Roberto, que sofria com depressão, faleceu após sofrer um AVC no ano passado.
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“Quando estava no velório dele, fiz uma promessa a mim mesmo de que dedicaria o livro a ele. E também ao John Mills [historiador de futebol e um dos entrevistados no livro], que morreu no ano passado”, relata o autor.
Nacional, na atualidade
O Nacional, que atuou na primeira divisão do Campeonato Paulista por 22 temporadas, foi rebaixado em 1959 e nunca mais voltou à elite. Desde então, migra entre a segunda e a quarta divisões do futebol estadual.
Após ficar de 2001 a 2007 na Série A2, foi rebaixado ano após ano até chegar à Segunda Divisão (equivalente à quarta divisão, em São Paulo), na qual ficou entre 2010 e 2014.
A partir daquele ano, ascendeu para a Série A3, foi campeão em 2017 e esteve entre os cinco primeiros colocados na Série A2 de 2018, ficando a uma posição ir às semifinais e lutar por um retorno à elite após 60 anos.
Apesar da recente ascensão, o Nacional ainda está longe de viver seus melhores anos — o clube chegou a ser o quarto colocado do Paulistão, em 1939.
Massoni, que nos últimos anos estudou e acompanhou muito a rotina da equipe, credita os maus momentos nas últimas décadas a más gestões — “não souberam trabalhar com marketing”, segundo ele — e a uma falta de ajuda de entidades do esporte no país: “As federações — paulista e a CBF — ajudam muito pouco os pequenos. É um clube com tanta história e tradição, e tinha tudo para ser um time do patamar do que era a Portuguesa, ‘um mediano’ que disputasse o Brasileiro”.
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Sobre o aspecto futebolístico, ele acredita que houve melhora. “Comecei a acompanhar o Nacional em 2012. Naquele ano, vi vários jogos. O clube estava numa draga”, relembra ele. “De lá pra cá, houve uma baita evolução. Hoje o Nacional está bem, em relação a como esteve em 2009 e 2012”, completa.
Serviço
O livro “Nacional - Nos trilhos do Futebol Brasileiro” será lançado na terça-feira (5), na Livraria Martins Fontes (Avenida Paulista, 509), a partir das 19h.
Para mais informações, o autor disponibiliza seu e-mail — massoni.leandro@gmail.com — para contato.
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