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Del Nero peita Globo. E quer manter seu poder, até banido

Novo estatuto de Marco Polo mata as chances de Romário

Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

Marco Polo não descansa. Segue agindo como presidente da CBF
Marco Polo não descansa. Segue agindo como presidente da CBF Marco Polo não descansa. Segue agindo como presidente da CBF

Galvão Bueno pode fazer os discursos revoltados que quiser. As acusações pelo irmão/parceiro, Jose Maria Marin, serem as mais desmoralizantes. Nem o próprio presidente Michel Temer desperta medo. 

Marco Polo del Nero não renunciará de jeito algum. Só sairá da CBF se for banido do futebol pela Fifa. E mesmo assim, continuará com forte influência na entidade. Ele articulou toda a rede de poder, para que mesmo de longe, suas ideias prevaleçam. A principal delas é que sustenta essa certeza. 

"A CBF é dos dirigentes, não de ex-atletas."

Del Nero age como se esperasse a suspensão. Ele nunca defendeu veementemente seu amigo e homem que lhe deu o cargo de presidente da CBF. Suas declarações sempre buscaram inocentá-lo, sem grande preocupação com Marin. Marco Polo insiste que não há assinatura alguma nos depósitos de propinas feitas a Marin. E que não há caminho bancário rastreado que leve até ele.

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"Me fale uma prova do envolvimento do Marco Polo del Nero. Uma só, Cosme. Não existe. Ele era amigo íntimo do Marin, sem dúvida. Mas que culpa você tem se o seu melhor amigo decide se corromper? A Fifa o suspendeu por suposições. O FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos o investigam há anos. E nada. A suspensão foi política. Tenho certeza que o Marco Polo voltará ao cargo, se for cumprida a justiça fria. Não a de suposições."

A afirmação ao blog foi feita por Marco Aurélio Cunha, coordenador do futebol feminino da CBF.

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Galvão Bueno
Galvão Bueno Galvão Bueno

O presidente interino, coronel Antônio Nunes, colocado estrategicamente por Del Nero, reza da mesma cartilha de Marco Aurélio. E está no cargo seguindo as determinações de Del Nero. Elas chegam por meio do secretário-geral, Walter Feldman. Tudo que é feito na entidade é por vontade de Marco Polo.

Enquanto o julgamento de Marin se arrastava em Nova York, ele deixou tudo acertado com Feldman. Ele segue seu cronograma. Nada foi alterado. Inclusive seu retrato em local de honra, no milionário prédio na Barra da Tijuca, segue em lugar de honra, do presidente.

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Del Nero sabe que o pior está por vir. Marin foi condenado em seis das setes acusações. Três crimes de fraude financeira (Copa América, Copa Libertadores, Copa do Brasil), dois de lavagem de dinheiro (Copa América e Libertadores) e um por conspirar/formar uma organização criminosa.

Marin quer vingança de Del Nero
Marin quer vingança de Del Nero Marin quer vingança de Del Nero

Ele já foi devidamente recolhido ao rígido Metropolitan Detention Center. Da mordomia que se acostumou na Trump Tower, à disciplina de um presidiário comum, que tem o apelido de 'depósito de seres humanos'. Dividindo espaço com terroristas, estupradores, assassinos, Marin esperará a sentença, a definição de quantos anos ficará preso.

Apesar dos 85 anos, seus quatro advogados não conseguiram que esperasse em prisão domiciliar. O café da manhã é servido às 6 horas da manhã, o almoço, às 11 horas e o jantar às 16 horas. Ele já está usando roupa de presidiário, já que roupas civis são proibidas. Marin só tem direito a quatro horas de visitas por mês, sempre divididas nos sábados, domingos e feriados. Mas sempre em lugar onde os guardam estão presentes, nenhuma privacidade.

Marin, que já teve crise de choro e depressão, quando estava esperando julgamento, em prisão domiciliar, tem toda a tendência de ficar ainda pior, preso. E seus advogados já disseram que ele se sente abandonado por Del Nero, que seria seu mentor, conselheiro, amigo e orientador, em todas as situações.

Diante dessas insistentes afirmações no julgamento foi que o Comitê de Ética da Fifa decidiu suspender Del Nero por 90 dias. O presidente da CBF tem a certeza de que, em fevereiro, quando a sentença de Marin for tornada pública, a Fifa decidirá pelo seu banimento do futebol.

Del Nero se sente injustiçado. Condenado sem provas.

E quer vingança. A maior delas é seguir com a CBF blindada, travada para que 'forasteiros' como ex-esportistas assumam a entidade. Walter Feldman tem conversado muito com presidentes de todas as federações de futebol do Brasil. E mostra números. O faturamento de 2016 foi de R$ 647 milhões. A ordem é ajudar financeiramente cada vez mais as federações.

Não custa lembrar do novo estatuto. O documento prevê que as 27 federações tenham peso 3 nas eleições, somando, portanto, 81 votos. Os 20 clubes da Série A terão voto peso 2, ou seja, 40, com mais 20 votos dos times da Série B – somando, então, 60.

Basta ter o apoio dos presidentes das Federações e o presidente é eleito. A próxima eleição será no segundo semestre de 2018. Del Nero, se banido, quer fazer o sucessor. Ele atende pelo nome de Rogério Caboclo, é seu diretor executivo de gestão. Caboclo tem se encontrado com os principais presidentes das federações no País. Para evitar um racha, Marco Polo quer manter o coronel Nunes como o vice mais velho.

Dentro desse esquema, nem Romário, Ronaldo ou Anitta, podem sonhar com a presidência da CBF. Nem se qualquer um deles contar com o apoio da emissora que é a principal parceira da CBF, a TV Globo.

Del Nero Romário CPI do Futebol
Del Nero Romário CPI do Futebol Del Nero Romário CPI do Futebol

Galvão pode seguir se esgoelando.

Del Nero jura que não irá renunciar.

Porque é 'inocente'.

Só que seu ódio da Globo cresce a cada dia. Ele se considera traído pela emissora que, por anos, posava como parceira. E agora virou as costas para ele e também ao seu próprio ex-funcionário, Marcelo Campos Pinto.

Mesmo se for banido pela Fifa, sua ala continuará mandado na CBF. Já está tudo mais do que articulado. E conduzido por Walter Feldman. Coronel Nunes ficará até as próximas eleições. E Caboclo assumirá a presidência.

81 votos sempre valerão mais do que 60.

Criador do novo estatuto, Del Nero ri.

Seu mandato está por um fio.

Mas seu poder, não...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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