Corinthians sofre, mas se classifica. Carille quase coloca tudo a perder
Recuo excessivo, desnecessário, faz o Corinthians sofrer no Maracanã lotado, diante do limitado Fluminense. Mas o 1 a 1 serviu. E está na semifinal
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi um sufoco.
Por conta de Fábio Carille, o Corinthians recuou de maneira precoce, abdicou do jogo, e trouxe o limitado Fluminense para sua área.
Seu time vencia por 1 a 0, gol de Pedrinho, aos nove minutos do segundo tempo. Foi quando o treinador tratou de recuar as linhas de marcação, fazer substituições para manter o resultado.
Chegou a ter quatro volantes.
Foi uma injeção de ânimo para a equipe de Oswaldo de Oliveira. Que, empurrada por apaixonados 57 mil torcedores, que lotaram o Maracanã, partiu de qualquer maneira para o ataque.
E conseguiu empatar em uma cabeçada de Pablo Dyego, aos 37 minutos. A posição era duvidosa. O VAR levou tempo demais para decidir.
Houve nove minutos de acréscimo.
Foi um sofrimento para o Corinthians, com a bola não saindo de sua grande área.
Mas no final, o empate.
E a classificação para a semifinal da Copa Sul-Americana. A primeira partida das quartas, no Itaquerão, havia acabado empatada em 0 a 0. O gol fora de casa classificou o Corinthians.
O adversário será o Independiente del Valle, do Equador. O primeiro jogo será em São Paulo. E o decisivo, em Quito.
Carille não conseguiu se segurar. Ele foi cobrado na coletiva por sua estratégia que fez o Corinthians sofrer além do normal diante de uma equipe mais fraca.
"É normal que o time que está se defendendo vá para trás. Um jogo corrido, jogadores da frente cansados. Fluminense tem jogadores de qualidade, Nenê, Ganso... jogando fora de casa. Se é em casa, a gente vai pra cima também, é normal no futebol.
"16 finalizações contra 10, na casa do adversário. Objetivo alcançado, muito feliz pelo dia de hoje.
"(Perguntado se estaria irritado, o que era transparente.) Adrenalina do jogo, estou tranquilo."
O que não era verdade.
A tensão estava estampado no seu rosto.
Nem parecia que o Corinthians estava na semifinal da Copa Sul-Americana.
Carille é inteligente, preparado, sabe que errou, se precipitou.
Ele foi o culpado pela dramaticidade do jogo.
Na estreia de Oswaldo de Oliveira, os torcedores do Fluminense atenderam a convocação da diretoria, dos jogadores. Cederam à tentação dos ingressos baratos. De R$ 10,00, R$ 20,00 até R$ 155,00.
E o time carioca começou pressionando, empurrado pelos mais de 57 mil torcedores no Maracanã.
Nenê obrigou Cássio à grande defesa, aos dez minutos.
Mas, aos poucos, com a bola no chão, o Corinthians se mostrou superior. A diferença estava no lado técnico dos seus jogadores.
Carille havia distribuído bem a equipe, no versátil 4-3-3.
O Fluminense atuava como uma equipe de pebolim, no 4-4-2, sem mobilidade. Bem diferente do que era com Fernando Diniz.
Mas seu jogador-chave, Paulo Henrique Ganso, mostrava sua tradicional irritante lentidão no meio de campo.
Pedrinho, Vagner Love e Clayson usavam da velocidade a arma contra a defesa do Fluminense, que jogava em linha.
Gabriel, Júnior Urso e Matheus Vidal conseguiam dominar as intermediárias.
Allan, Daniel, Ganso e Nenê foram contidos sem grande dificuldade.
Muriel fez ótimas defesas e garantiu o 0 a 0 no primeiro tempo.
Mas no segundo, logo aos nove minutos, Clayson chutou precipitado em Igor Julião, a bola sobrou para Pedrinho, livre, empurrar para as redes.
1 a 0, Corinthians.
O gol teve uma reação negativa no time paulista.
Carille resolveu trazer seu time para a defesa.
Ofereceu a intermediária ao Fluminense.
O convidou para usufruir de sua área.
E o time carioca passou a ter o domínio absoluto do jogo.
Tivesse jogadores mais qualificados e um treinador mais corajoso, menos ortodoxo, o Fluminense venceria a partida.
Mas apenas apelou para as bolas cruzadas para a área.
O que já causou um grande sufoco ao Corinthians.
Faltaram as triangulações pelos lados, buscar a linha de fundo. Agredir com consciência, troca de passes, o Corinthians.
O gol de empate veio em uma forte cabeçada de Pablo Dyego, com Nenê levantado a bola na área, na cobrança de falta lateral.
O gol aos 37 minutos provocou um reboliço no jogo.
O Fluminense foi para tudo ou nada.
O Corinthians já não tinha atletas ofensivos.
Gabriel, Júnior Urso, Matheus Jesus e Ramiro, quatro volantes, já estavam em campo, na demonstração da covardia tática corintiana.
Foi um sufoco desnecessário.
O Corinthians sobreviveu.
Mas Cariller sabe que errou.
Assim como os dirigentes.
Principalmente Andrés Sanchez.
O técnico corintiano está muito mal cotado no Parque São Jorge.
Mesmo classificado para a semi da Copa Sul-Americana.
Carille sabe disso.
Pior isso sua irritação...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.