Corinthians irreconhecível. Menosprezou a fraquíssima Universidad Central. Poderia golear. Empatou. Castigo mais que merecido
Nem parecia a estreia na Libertadores. O time de Ramón Díaz se mostrou desinteressado, espaçado, contra o oitavo colocado do Campeonato Venezuelano. Empatou em 1 a 1. Agora, precisa ganhar, em Itaquera, para sobreviver. Postura inaceitável
Cosme Rímoli|Do R7
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“Deixamos de correr.
“Deixamos de ter dinâmica, de ser intensos. Parecia que estávamos melhores, queríamos recuperar, não podemos dar vantagem. Um equívoco e podem fazer o gol, praticamente na última chegada.
“Me preocupou muito a intensidade de jogo no segundo tempo, de não gerar o futebol que geramos no primeiro.”
Quando o próprio técnico assume que seu time deixou de correr é preocupante.
Ramón Díaz não teve como negar o estranho comportamento do Corinthians, ontem, na Venezuela.
Era a estreia na Libertadores, na fase que o Brasil batizou de ‘Pré-Libertadores’, a etapa antes da fase de grupos.
O campeonato é o principal objetivo de 2025.
A razão pela qual foi montado o caro elenco, durante todo 2024.
E logo na primeira partida, contra a Universidad Central.
O time é o oitavo colocado no Campeonato Venezuelano.
Fazia sua primeira partida da história na Libertadores.
A diferença técnica entre os dois times é assustadora.
Só a inaceitável falta de combatividade, a falta de capricho nos arremates.
E a já denunciada ‘falta de correr’ explicam esse resultado inesperado.
Mas realmente não está ruim, desesperador, para o Corinthians.
Basta vencer a partida de volta, em Itaquera.
O que assusta foi a postura despreocupada do time.
Os jogadores não mostravam concentração, luta, gana.
O primeiro tempo já assustou, mesmo com o Corinthians criando chances.
O time espaçado dava liberdade para a debutante Universidad Central.
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Pequena parte dessa explicação aconteceu aos 17 minutos, quando a equipe perdeu seu maior marcador.
Raniele sentiu um estiramento na coxa direita e deixou a partida chorando.
Sentindo que a contusão é grave.
O time de Ramón Díaz não pressionava a saída de bola venezuelana, como se esperava.
Marcava a distância.
E com seus jogadores dispersos e espaçados.
O Corinthians tinha lampejos ofensivos.
E em um deles, aos 36 minutos, Memphis serviu Carillo dentro da área.
Ele driblou dois jogadores e colocou a bola rasteira, no fundo do gol de Miguel Silva.
Vencendo por 1 a 0, a expectativa era que o Corinthians partiria para definir a vitória.
Mas o time se mostrou muito displicente, burocrático.
No segundo tempo, a partida seguia no mesmo tom.
A falta de intensidade do time brasileiro era inexplicável.
E, algumas vezes, o futebol é justo.
Aos 29 minutos, Silva cruzou e Zapata cabeceou forte.
Hugo fez uma defesa incrível, só que a bola voltou forte, para a pequena área.
E ela tocou no jovem zagueiro Tchoca, que fazia ótima partida.
Gol contra.
1 a 1.
O empate enervou o Corinthians, incendiando a torcida venezuelana.
Se o Universidad tivesse jogadores minimamente talentosos teria virado.
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O time paulista, muito superior tecnicamente, terminou a partida preocupado em segurar a igualdade.
Conseguiu, mas o comportamento do time titular, que foi poupado para jogar a Libertadores, irritou, pela falta de comprometimento.
“A gente também esperava mais, principalmente pelo primeiro tempo que a gente fez. A gente faz um jogo dominante, cria oportunidades de gols e não converte essas chances em gols.
“A gente não poderia dar brecha para a equipe adversária, a gente sabia que nossa equipe tinha qualidade superior, o adversário estava esperando uma brecha, um erro. Infelizmente, a gente cedeu, coisa que não pode acontecer nessa competição.
“Precisamos corrigir isso o mais rápido possível, a gente não pode fazer isso, principalmente quando o adversário tem menos qualidade. Precisamos transformar essa qualidade em gols. Vamos corrigir isso no jogo da volta para sair classificado”, prometia, irritado, Hugo.
O clube irá usar reservas no domingo, na última rodada do Paulista, contra o Guarani.
Vivido, Ramón Díaz tentava aliviar o clima de desilusão.
“Os mata-matas (da Libertadores) são 180 minutos, teremos a possibilidade de jogar lá com nossa torcida. Há que analisar bem porque tivemos dois tempos. No segundo tempo, eles nos complicaram com o ritmo e com a determinação. Não geramos futebol, tivemos duas situações apenas. A Copa se joga diferente, os jogos são diferentes. Vamos tentar recuperar para passar quando formos de local”, garante Ramón Díaz.
O treinador argentino tem muito trabalho pela frente.
O Corinthians precisa voltar a ter competitivade.
Se quiser sonhar com o grande objetivo de 2025.
Buscar o bicampeonato da Libertadores.
O Corinthians, ontem, não foi Corinthians...
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Treinador do Timão não aprovou desempenho da equipe no segundo tempo, mas não achou o empate fora de casa ruim na estreia na Libertadores.