Corinthians, com dívida de R$ 1,6 bilhão, 'desiste' de Gabigol. Acusação de ele ter fraudado exame antidoping é a desculpa perfeita
O presidente eleito Augusto Melo conseguiu seu objetivo. Desviou o foco da dívida bilionária do Corinthians logo após a sua eleição falando de Gabigol. Sempre soube: não havia como pagar o midiático jogador do Flamengo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A acusação de que Gabigol teria fraudado um exame antidoping feito em abril, o que pode, na pior das hipóteses, levar a uma suspensão de quatro anos, chegou ao Parque São Jorge.
E teve um efeito colateral inesperado.
Tornou-se a desculpa ideal para o presidente eleito Augusto Melo desistir do jogador.
Foi a saída, depois de o dirigente conseguir pautar manchetes de portais, jornais, matérias em inúmeros programas esportivos.
"Gabigol tem a cara do Corinthians. Não chegou [a proposta] ao atleta e procurador. Foi um telefonema com o Braz para saber se posso conversar com ele [Gabigol]. Sei do interesse deles em um jogador nosso e temos em outros deles.
"Falaram que podemos conversar, por que não entram em negociação? Se não sair, pode assinar um pré-contrato em seis meses. Queremos ética, sem desavença. Minha ética vai ser sempre essa, direto com presidente e depois com atleta e procurador", disse Melo à ESPN/Brasil, antes de saber sobre a acusação de fraude no exame antidoping.
No Parque São Jorge, conselheiros que apoiam Melo sabem que o clube paulista não tem dinheiro para sonhar com o atacante, que recebe R$ 2,1 milhões mensais.
E ele pediu ao Flamengo que antecipasse a renovação até 2028, nada menos do que R$ 54 milhões em luvas. E mais R$ 2,5 milhões mensais.
A pedida valerá para qualquer clube em que for jogar.
O diretor financeiro, escolhido por Melo, será Rozallah Santoro.
E ele já foi categórico: a dívida do Corinthians é de R$ 1,6 bilhão.
O Corinthians terminará 2023 com R$ 850 milhões em dívidas. A dívida, em relação à arena, de acordo com Rozalla, é de R$ 1,25 bilhão. Somadas às receitas, o clube deve R$ 1,6 bilhão.
Houve comemoração com a dispensa de Renato Augusto, Gil, Cantillo, Giuliano e a aposentadoria de Fábio Santos. São menos R$ 6 milhões mensais. As saídas foram já opções de Melo.
Ou seja, toda a cúpula da nova diretoria que apoiou Melo era contra a ideia de Gabigol.
Muitos sabiam que Melo estava apenas desviando o foco dos problemas corintianos, principalmente da dívida.
Mas a história estava ganhando proporções.
A ponto de o dirigente ser cobrado por conselheiros, sonhando mesmo com Gabigol.
A alegação é que ele poderia ser o "novo Ronaldo", relembrando a passagem do atacante pelo Corinthians entre 2009 e 2011. Só que não há empresas interessadas em bancar o salário do atacante flamenguista, que passou o pior ano da carreira no Brasil, em 2023.
Melo tinha de arrumar uma desculpa para desistir do atacante.
E ela veio com a ameaça a Gabigol de punição por tentativa de fraudar um exame antidoping.
Já ontem à tarde, as mensagens de "inviabilidade" de Gabigol chegavam a conselheiros do Corinthians.
Por dias, Melo conseguiu passar a imagem de um dirigente ousado.
E que o Corinthians poderia voltar a ter um Ronaldo Fenômeno.
O balão de ensaio veio à terra.
Com uma desculpa mais que aceitável, o Corinthians "desiste" de Gabigol.
O atacante que não poderia pagar...
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