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Cosme Rímoli - Blogs

Começa a luta do Palmeiras contra o maior trauma. Não ter Mundial

Até Abel deixou escapar. Diante do Tigres, hoje, o clube tenta o primeiro passo para se livrar da frase que o persegue. E é real. "O Palmeiras não tem Mundial"

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Vencer a Libertadores foi só a metade da missão. A luta pelo desejado, e real Mundial, começa hoje
Vencer a Libertadores foi só a metade da missão. A luta pelo desejado, e real Mundial, começa hoje

São Paulo, Brasil

"É algo que ainda não foi feito no nosso clube e nos motiva e nos desafia por saber que ainda ninguém conseguiu. E tudo faremos.

"Somos capazes de fazer e muito melhor que cada um de nós pensa, é nisso que temos de acreditar. Foi o que nos levou a vencer a Libertadores. 

Até o próprio Abel Ferreira tocou no ponto fundamental para o Palmeiras no Catar. 


Fosse o São Paulo, Flamengo, Santos, Grêmio, Internacional ou o grande rival Corinthians, que estreasse hoje, contra o Tigres, em Doha, a pressão seria muito menor.

Porque desde a década de 90, quando os clubes brasileiros começaram, de verdade, a priorizar a Libertadores e o Mundial, o Palmeiras segue e se comporta como se estivesse amaldiçoado.


Desde a chegada da Parmalat e, agora, da Crefisa, a inveja diante dos maiores investimentos já feitos no futebol brasileiro, em um só clube, é demonstrada em uma só frase.

E que está presente nas festas de jogadores comemorando títulos do São Paulo, Flamengo, Santos e, principalmente, nas do Corinthians.


"O Palmeiras não tem Mundial."

Essa singela frase irrita, machuca.

Não só torcedores, mas dirigentes sérios.

Apesar da pressão da imprensa brasileira, a Fifa jamais oficializou a Taça Rio como Mundial
Apesar da pressão da imprensa brasileira, a Fifa jamais oficializou a Taça Rio como Mundial

É uma pedra na história vencedora do clube de origem italiana, que sobreviveu até à extinção na Segunda Guerra Mundial.

Para não ter seu estádio tomado, precisou mudar de nome e entrar para jogar com a bandeira do Brasil, em 20 de setembro de 1942, com o conflito no auge.

Leia mais: Veja por onde andam palmeirenses que jogaram Mundial de 1999

A pressão pelo Palmeiras não ser campeão mundial de clubes fez com que historiadores, pesquisadores, ministros se envolvessem na questão. 

E pressionassem a Fifa. Para que reconhecessem a conquista da Copa Rio, de 1951, como se fosse um campeonato mundial de clubes.

Confira: Fifa relembra Mundial de 1951 e reconhece título do Palmeiras

Não conseguiram.

Por dois motivos.

Primeiro, porque não foi um Mundial.

Marcos reconhece. "O Palmeiras não tem Mundial. Por minha causa"
Marcos reconhece. "O Palmeiras não tem Mundial. Por minha causa"

Foi um torneio, organizado por brasileiros inconformados com a perda da Copa do Mundo de 1950, no Uruguai. E que decidiram aproveitar o maior estádio do mundo, a paixão dos torcedores pelo futebol para convidar alguns clubes e disputar a Copa Rio.

Torneios dessa magnitude aconteciam pelo mundo.

E eram apenas torneios.

O exagero foi por conta da imprensa esportiva na época, machucada com o Uruguai derrotando o Brasil em pleno Maracanã.

O segundo motivo prático é que a Fifa só considera Mundiais os torneios que ela organizou, desde 1960.

Simples e dolorido assim.

A grande chance de o Palmeiras ser campeão do mundo foi em 1999.

Ao vencer, pela primeira vez, a Libertadores, o time de Felipão foi decidir o título no Japão, contra o Manchester United. 

"Por minha culpa, o Palmeiras não tem Mundial", assume o ex-goleiro Marcos.

Ele realmente falhou no gol de Keane. Giggs cruzou da ponta esquerda e o goleiro esperava que a bola viesse curta, na primeira trave. E deu um passo para a direita. Só que veio longa e o encobriu, chegando livre para Keane.

E o Palmeiras perdeu para Manchester United por 1 a 0.

Há 22 anos, a pressão só aumenta.

É o titulo profissional que falta na história palmeirense.

Por isso, até Abel Ferreira, de maneira discreta, deixou escapar no Catar.

Ele e seus jogadores sabem muito bem a necessidade de vencerem o Tigres, na semifinal do Mundial.

Para poderem ter o direito de tentarem derrubar o poderoso Bayern.

E acabar com o complexo de inferioridade de muitos palmeirenses inteligentes, intelectuais até, que precisam apelar para um torneio que sabem não ter sido um Mundial real.

Que levou o clube até a costurar estrela em cima de seu distintivo, para lembrar a conquista de um torneio importante. Mas que só é 'Mundial' para ele, não para o restante do planeta.

O caminho para tentar se igualar a Santos, São Paulo, Flamengo, Grêmio, Internacional, e o rival, Corinthians, tem apenas mais dois jogos, depois da brilhante conquista da Libertadores.

O de hoje, contra o fraco, sim o time mexicano do Tigres é fraco. 

E do muito superior, sim o time alemão do Bayern, é muito superior ao Palmeiras, na quinta-feira.

O Palmeiras conseguiu, buscou essa oportunidade.

Depois de 22 anos, como deveria ser.

Dentro do campo, não com burocracia, tentando transformar à força, um torneio, em Mundial.

Palmeiras comemora a sua segunda Libertadores. Depois, de 22 anos, nova chance
Palmeiras comemora a sua segunda Libertadores. Depois, de 22 anos, nova chance

Weverton, Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Viña; Danilo, Zé Rafael, Gabriel Menino e Raphael Veiga; Rony e Luiz Adriano começam hoje, às 15 horas, a última parte da missão.

Sem direito a erro.

Para que o clube posse se livrar da frase que o persegue, machuca.

Mas é verdadeira, ainda.

"O Palmeiras não tem Mundial"...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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