Com Tite como técnico, Pato pode esquecer a Seleção Brasileira
Jogador tem o perfil individualista que o técnico não quer na Seleção. Fora estar atrás de vários atacantes. A caminho dos 30, seu auge ficou para trás
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Olha para mim, Pato: tu não é da vida.
O jeito que tu perdeu, não é.
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Tu tem que aprender a trabalhar em equipe, tu tem que deixar de ser egoísta.
Tu tem que amadurecer e virar homem."
Foram estas palavras que Tite reservou para Alexandre Pato, após a eliminação do Corinthians nas quartas-de-final da Copa do Brasil de 2013. O treinador fez questão que elas fossem eternizadas no livro sobre sua vida, escrito por Camila Mattoso.
Pato mostrou irresponsabilidade naquela decisão por pênaltis, contra o Grêmio, em Porto Alegre. Diante de Dida, ele resolveu dar uma 'cavadinha' que o goleiro não teve o menor trabalho em defender.
O Corinthians foi eliminado.
Relatos dão conta que os companheiros de time ficaram revoltados com o atacante. Ele não voltou ao hotel onde a equipe estava concentrada no mesmo ônibus dos atletas. Para evitar que pudessem acontecer agressões.
Tite jamais esqueceu esse episódio.
Virou sinônimo de egoísmo, vontade de chamar a atenção sobre si, arriscando a eliminação da equipe.
Egocêntrico.
E ele é lembrado pelos atletas que atuam sob seu comando desde então. Jamais algum deles se atreveu a dar uma cavadinha em qualquer decisão por penalidades.
Tite ficou com péssima impressão de Alexandre Pato no Corinthians. Ele foi imposto pela patrocinadora Nike e pela diretoria. Se acreditava que a equipe campeã mundial precisava de uma 'estrela internacional'.
Pato foi contratado do Milan por 15 milhões de euros, cerca de R$ 43 milhões, contratação mais cara de um clube brasileiro, no início de 2013. O grupo de jogadores não se conformou.
Ele foi tratado de maneira especial. E ganhando mais do que todos. Foi rejeitado pelo grupo.
Tite fez o máximo para integrá-lo, mas acabou se cansando da postura egocêntrica. A diretoria corintiana nem fez questão que terminasse seu contrato no Parque São Jorge e o despachou para o São Paulo, trocando por Jadson.
Alexandre Pato, que surgiu como a maior revelação do futebol do país em 2006. Arrasando o Palmeiras na sua estreia no futebol profissional, marcando um gol e dando duas assistências, além de acertar um chute na trave. Com 17 anos.
Em seguida, foi o mais jovem campeão mundial de clubes pelo Internacional. Vendido para o Milan, a expectativa era imensa.
Mas Pato não foi o que se esperava. Ganhou mais espaço na mídia por ser o namorado de Barbara, filha de Silvio Berlusconi, dono do Milan e primeiro ministro italiano. Seu lado de celebridade encobriu uma carreira inconstante.
Na Seleção Brasileira, mais decepção. A começar a que disputou a Olimpíada de Londres. Chegou como estrela, terminou na reserva.
Na principal, mais frustração. Foram 28 convocações e apenas dez gols. Apesar da força da Nike, patrocinadora da Seleção e, que também tinha Pato como seu jogador, ele não conseguiu disputar sequer uma Copa do Mundo.
Não teve a confiança de Dunga em 2010, Felipão em 2014 e, Tite, em 2018.
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O mundo girou e Tite, o técnico da 'cavadinha', comanda o Brasil, para desgosto de Alexandre Pato.
"Vou chegar à Seleção, vou trabalhar para realizar esse sonho de jogar lá e fazer o que mais gosto, que é vestir a camisa do São Paulo. Tenho certeza que vou conseguir", disse Pato, apresentado no CCT da Barra Funda, sem um décimo da festa, de número de veículos de imprensa, que no Corinthians, em 2013.
Nestes seis anos, ele perdeu muito prestígio como jogador. Sua última convocação foi em 2013, feita por Felipão. Técnico a quem telefonou, se oferecendo para jogar no Palmeiras, antes de acertar com o São Paulo.
Tite jamais o teve no radar de jogadores que o interessam na Seleção. Além de, em cada convocação, deixar claro que sabe o baixo nível do futebol brasileiro. Dudu é o grande exemplo. Melhor jogador deste país em 2018 é esquecido pelo técnico, sem piedade.
A valorização do treinador aos atletas que atuam em grandes clubes do Exterior é quase absoluta. Há pouquíssimas exceções, como Everton do Grêmio.
Quem conhece Tite sabe que ele tem conceitos que não abre mão. Como espírito de grupo, parceria entre os atletas. Até mesmo Neymar, o mais mimado dos mimados, nunca se comportou no elenco que o técnico comandou como Pato.
Pato jamais mostrou obsessão pela Seleção. Não se afetou publicamente por ficar fora das Copas da África do Sul, do Brasil e da Rússia.
Agora, sem mercado na Europa, contrato rescindido na China, a caminho dos 30 anos, no Mundial do Catar terá 32 anos, sem a proteção da Nike, que rompeu parceria de dez anos, ele garante que quer a Seleção.
Só que ele não interessa a Tite.
Neymar, Gabriel Jesus, Richarlison, Roberto Firmino, Vinícius Júnior, Everton, Douglas Costa, David Neres estão à sua frente.
O técnico ainda tem muito interesse em Pedro, do Fluminense, recuperado de operação no joelho direito.
Pato pode falar em Seleção.
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Fazer de conta que esqueceu o que fez com Tite.
O que ouviu do técnico.
Assim como fazer de conta que não vê seu momento atual.
Que entra na fase final da carreira.
Caminhando para os 30 anos, longe do seu auge.
Mas é bom encarar a realidade.
Com Tite não existe Seleção Brasileira para o atacante.
Simples assim...
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