Com ajuda de Tite, Garro teve toda liberdade para comandar a vitória sobre o poderoso Flamengo
O treinador campeão da Libertadores e do Mundial colaborou. Deixou o articulador corintiano livre. Além de ditar o ritmo do jogo, o argentino deu assistência mágica para Romero, que fez o gol decisivo. 2 a 1, Corinthians. Vitória com gosto de final
Cosme Rímoli|Do R7
Foi um presente de aniversário para o 114º aniversário do Corinthians.
Tite retornou à Itaquera como treinador de clubes, depois de oito anos.
E o técnico, que deve sua ida à duas Copas do Mundo graças ao clube do Parque São Jorge, retribuiu ao favor.
De forma involuntária, lógico.
Mas cometeu um erro infantil, inaceitável, para alguém com tanta experiência.
Ele deixou o melhor articulador do time de Ramón Díaz livre.
Montou um meio-campo aberto com Pulgar, Léo Ortiz, Gerson.
Foi preciso o Flamengo tomar dois gols para, só aos 17 minutos do segundo tempo, para colocar um jogador para acompanhar o grande jogador do confronto.
Garro.
Ou seja, Tite foi o grande personagem na vitória do Corinthians contra o Flamengo.
O Corinthians saiu na frente no placar, graças a um gol de Talles Magno, depois de falha bizarra de David Luiz.
O empate veio de pênalti, marcado por Pedro.
O voluntarioso volante venezuelano José Martínez cortou cruzamento com o braço.
Mas coube a Garro, com toda liberdade possível, decidir a partida.
Ele dominou a bola na intermediária.
E, se quisesse, poderia sentar, pensar e dar o passe.
A defesa do time carioca estava escancarada.
A bola chegou de forma carinhosa para Romero, quase que pedindo para beijar as redes.
E o paraguaio, que se transforma em grande jogador em Itaquera, não desperdiçou.
Gol importantíssimo, decisivo.
Mas que tem na origem a falha na montagem da marcação do meio-campo flamenguista.
Não adianta Tite se esconder nos desfalques.
Porque Allan, um dos grandes volantes marcadores do país, estava ao seu lado no banco de reservas.
Foi só apenas a quinta vitória em 25 jogos do Brasileiro.
E ainda travou o Flamengo na quarta colocação.
Se vencesse, chegaria à segunda colocação, atrás do Botafogo com três pontos atrás.
E um jogo a menos.
Mas ficou a seis, pela ótima atuação de Garro.
Com a tardia entrada de Allan, a situação foi resolvida.
Mas o Corinthians defendia a vantagem com alma, garra e entradas fortíssimas.
O árbitro Ramon Abatti Abel não teve competência para evitar confrontos entre jogadores.
Yuri Alberto, Alcaraz e Cacá expulsos.
Lutando, literalmente, com o apoio de 45 mil torcedores, o Corinthians conseguiu vencer.
“A vitória é muito importante. Precisávamos de uma vitória dessa. Um adversário muito forte. Sabemos da qualidade do Flamengo. A gente tinha que ganhar hoje, deixar os três pontos para a torcida, que fez uma festa bonita. Estamos felizes. Dará muita confiança. Temos uma parada importante pela data Fifa. Confiança importante para o elenco que precisava de uma vitória como essa.
“Essa semana será importante. Desde que o Ramón está aqui não tivemos essa semana com uma data Fifa. Vamos trabalhar a finalização. Precisamos ser mais incisivos nessa finalização. Tomara que voltemos com mais trabalho e vontade para essa batalha. Sabemos que temos que tirar o Corinthians dessa situação incômoda. Essa vitória nos dará confiança. Uma sequência importante. Temos uma Copa do Brasil para virar o jogo”, comemorava Romero.
A partida começou com o Corinthians muito melhor distribuído em campo.
Ramón Díaz colocou três zagueiros, cinco jogadores nas intermediárias e dois no ataque.
Já Tite parecia não ter preocupações defensivas.
Seu Flamengo tinha quatro zagueiros, só três jogadores no meio-campo, sem força de marcação.
E três atacantes.
Lógico que foi engolido.
Além da marcação forte, alta, o Corinthians tinha cinco atletas nas intermediárias contra três.
O que proporcionava o domínio das ações.
Sim, o Flamengo não tinha De La Cruz e Arrascaeta, seus principais desfalques.
Faltavam neurônios, articulações de jogadas ofensivas.
Mas a maneira com que o time carioca entrou em campo foi inexplicável.
Quando Ayrton Lucas buscava o ataque, o buraco na esquerda era claríssimo.
Ramón Díaz sabia que só venceria o duelo se o conjunto funcionasse, porque a técnica estava do outro lado.
O treinador argentino ainda viu o atacante espanhol Hernández, que fazia sua estreia, sofrer uma contusão muscular aos quatro minutos de jogo.
Yuri Alberto entrou, até debaixo de vaias, para tentar amenizar a péssima fase que vive.
Lutou muito, incomodou a defesa.
E, principalmente, foi fundamental no primeiro gol.
Aproveitando que David Luiz deixou a bola passar debaixo dos seus pés.
O atacante desceu na velocidade e deu um cruzamento perfeito para Talles Magno marcar, aos 25 minutos.
Quando o Corinthians seguia melhor, o empate.
Martínez cortou com o braço, o cruzamento de Varella.
Pedro não desperdiçou.
O segundo tempo recomeçou no mesmo cenário.
Garro seguia livre, com espaço para tocar, tabelar, chutar, pensar o jogo.
E a bola da vitória saiu dos seus pés para Romero, aos 14 minutos.
Com a sonhada vantagem, o Corinthians não quis mais jogo.
Só tratou de guerrear, travar a partida, fazer o tempo passar.
Sofrer e fazer faltas.
Lógico que a partida descambaria.
As entradas passaram a ser violentas.
Como a de Yuri Alberto em Wesley, corretamente expulso aos 49 minutos do segundo tempo.
Foi o estopim para uma batalha entre os jogadores.
Com a expulsão do atacante, de Alcaraz e de Cacá.
No final, a vitória importantíssima corintiana.
Mas que mantém o clube na zona do rebaixamento.
Porque o Fluminense derrotou o São Paulo.
Os torcedores tinham motivo para aplaudir o ingrato Tite, que recusou voltar duas vezes ao Corinthians, preferindo o Flamengo.
Ele foi o principal personagem que ajudou o clube na vitória por 2 a 1.
Alguém precisa apresentar Garro ao veterano treinador...
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