Clubes revoltados com Doria. Querem jogar o Paulista fora de São Paulo
Pegou de surpresa a decisão do governador, de paralisar o Paulista, por duas semanas. A saída estudada é seguir o torneio em outro estado
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Efeito Lula.
Pressão do Ministério Público.
87% dos leitos de UTI lotados.
Número recorde de mortos e infectados por conta da pandemia de covid-19.
Não importa a razão, mas os dirigentes dos clubes grandes de São Paulo estão revoltados.
Eles tinham ontem a certeza de que o Campeonato Paulista não iria ser paralisado.
A garantia era do próprio governo do estado.
Só que, 24 horas depois, o governador João Doria resolveu anunciar no início desta tarde a paralisação do torneio por duas semanas.
A paralisação acontecerá entre 15 e 30 de março.
Mas poderá ser prorrogada.
E mais, ciente que a CBF mantém liberado o futebol no país, no comunicado oficial do governo paulista, os atletas não podem sequer usar os Centros de Treinamentos para se prepararem para confrontos pela Copa do Brasil e Libertadores.
"Para este fim de semana, as partidas programadas estão preservadas. Será a partir do dia 15, até o dia 30. Seguiremos em bom diálogo com a Federação Paulista de Futebol."
"O presidente Reinaldo Bastos (da Federação Paulista) é uma pessoa de excepcional diálogo, construtivo nas suas abordagens, e ele ampara bastante bem suas considerações em um comitê que o assessora. Continuaremos a dialogar com a Federação Paulista de Futebol", disse Doria.
O governador não quis comprar a briga diretamente.
E fez João Medina, do Centro de Contingência do Covid-19, anunciar que o governo teve de se dobrar ao Ministério Público.
"Estamos em uma fase emergencial. Tem prejuízo para todos os setores. Tem um sofrimento para toda a sociedade, toda a atividade econômica. Em relação ao futebol, estamos atendendo a um ofício, uma recomendação do Ministério Público Estadual. Isso fugiu da nossa alçada", disse.
Mas a situação é vista como surreal.
Quase uma traição pelos clubes.
Já que a recomendação do Ministério Público, para a paralisação do futebol, havia sido enfrentada por Doria. Ainda ontem.
O presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, tinha a certeza que o torneio iria seguir.
Só que o governador voltou atrás.
E o surpreendeu, como aos dirigentes dos clubes.
Os dirigentes estão revoltados.
Porque a CBF e o Ministério da Saúde os libera colocarem seus times em campo.
Não só na Copa do Brasil como na Libertadores.

Os dirigentes dos principais clubes paulistas estão em reunião com o presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos.
Eles querem seguir treinando e jogando.
A paralisação vale a partir da próxima segunda-feira.
A rodada do final de semana acontecerá normalmente.
Os clubes seguem unidos.
Estão dispostos a atuarem em outro estado.
Rio de Janeiro e Minas Gerais são duas opções fortes.
Eles esperam divulgar a decisão do que farão ainda hoje.
Mas não querem ficar parados por 15 dias.
Até para não abrir brecha para não receberem a parcela mensal do pagamento da transmissão do Paulista, feito pela Globo.
E como também não ficar uma quinzena sem receber dos patrocinadores.
Depois de um ano sem a presença de público nos estádios.
A situação é complicada.
E há muita revolta pelo recuo de Doria...
(Na reunião, já houve um recuo.
O governo do estado liberou os treinos.
Os clubes podem usar seus Centros de Treinamentos.
Para evitar que as equipes atuem fora de São Paulo.
O resultado final do encontro, só mais tarde...)