Cade instaura inquérito sobre a Globo. Quer investigar monopólio
Órgão público investigará por seis meses os contratos envolvendo a emissora carioca e os clubes brasileiros. Quer checar há abuso econômico da Globo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Não bastasse a grave econômica.
A ameaça real de perder a Copa do Mundo de 2022, com direito à briga na justiça com a Fifa.
Não ter como manter a Fórmula 1.
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Não conseguir impedir a Turner de ficar com jogos de oito equipes no Brasileiro.
Falhar sua artimanha de baratear a Libertadores e vê-la ir para o SBT.
A Globo tem outro problema grave.
O Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, há muito tempo recebia queixa de atitudes da emissora nos seus contratos de futebol.
Para manter o domínio do esporte na tevê aberta, a emisora carioca poderia ter ultrapassado limites.
Mas nunca houve uma queixa formal.
Agora há.
A direção de um clube, que o órgão resolveu manter em sigilo, apontou "possíveis infrações contra a ordem econômica no mercado de negociação de direitos de transmissão de futebol".
A frase faz parte de um inquérito formal que o Cade instaurou para investigar a Globo.
São várias situações que podem terminar provando práticas monopolistas.
Como aplicar uma 'multa' aos clubes que fecharam com a Turner no canal a cabo, mas negociaram com a Globo seus jogos na tevê aberta e no pay-per-view.
O 'castigo' seria 20% a menos.
O Bahia é usado como exemplo no inquérito.
Outro caso estudado é o processo que a Globo move contra a Turner.
O Cade também questiona os contratos de longa duração com os clubes.
E o direito de transmitir número exagerado de jogos.
Ao contrário do que aconteceu por décadas, finalmente, o domínio da transmissão do futebol no Brasil será investigado.
Serão seis meses dissecando cada contrato, cada acordo.
Verificando se não houve abuso.
O Cade tornou público o inquérito ontem.
A Globo não se manifestou.
Mas a cúpula da empresa de comunicação carioca sabe.
Os tempos mudaram.
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