Botafogo é castigado por vender mando. Palmeiras mais líder ainda
O VAR denunciou pênalti sutil de Gabriel em Deyverson. O Palmeiras venceu o Botafogo em Brasília por 1 a 0. Time carioca pagou por vender mando
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"Vergonhoso.
Eu nem vejo o Deyverson. Vou dar passada. Acertei mesmo o pé dele. Ele vai ver o VAR em câmera lenta e ver o que aconteceu.
O VAR vai ser muito bem-vindo, mas se souber usá-lo. Não adianta parar e ver em câmera lenta. Futebol é contato.
Cada jogo vai ter que marcar cinco pênaltis.
O futebol está acabando."
O protesto de Gabriel não se sustentou.
Ele cometeu um pênalti sutil em Deyverson.
O árbitro do Paraná, Paulo Roberto Alves Junior, não percebeu. A ponto de dar cartão amarelo ao atacante. Só que ele foi alertado pelos árbitros que acompanhavam a partida no vídeo.
Gabriel pisou em Deyverson, o desequilibrou, quando buscava um possível rebote de Gatito Fernandez em chute de Dudu.
O pênalti foi cobrado com muita convicção por Gustavo Gómez, sem chance para seu compatriota e companheiro de seleção paraguaia.
1 a 0, Palmeiras.
O Botafogo, que só jogou na defesa, pagou o preço de sua diretoria ter vendido o mando de jogo. A partida poderia ter sido outra se fosse disputada no Rio de Janeiro.
Foi em Brasília.
Melhor para o Palmeiras, líder absoluto do Brasileiro.
E dono de um número impressionante.
29 partidas sem derrota, contabilizando os Brasileiro de 2018.
Mérito do pragmatismo de Luiz Felipe Scolari.
O Botafogo tem um elenco fraquíssimo.
Só que o clube deve mais de R$ 730 milhões. Com salário de abril atrasado, a diretoria não teve dúvida em aceitar a oferta da empresa Roni7. De acordo com a imprensa carioca, bastaram R$ 650 mil e o jogo importante contra o Palmeiras, que levaria grande público para o estádio Nilton Santos, passou para o elefante branco Mané Garrincha, em Brasília.

O Botafogo, candidato ao rebaixamento, ficou sem o apoio de sua apaixonada torcida. Palmeirenses dividiram as arquibancadas do estádio que custou R$ 1,9 bilhão aos cofres públicos.
A equipe carioca perdeu força fundamental no confronto contra o líder do Brasileiro e dono do elenco mais caro do país.
Eduardo Barroca já tinha um desfalque importantíssimo: Erik, que pertence ao Palmeiras, e seu melhor atacante, não poderia estar em campo. Sem ele, o time perdeu o definidor, já que a estratégia do contragolpe estava definida.
Barroca já não tinha seu líder na zaga, o argentino Joel Carli, suspenso.
A estratégia do Botafogo foi a usada por equipes que sabem estar diante de um adversário muito superior. 4-5-1. Muitas vezes, 4-6-0. Isso mesmo, sem ninguém do meio para a frente.
Felipão sabia que seu rival não seria ousado. E tratou de montar sua equipe na frente. Buscando o ataque. Mas estruturada na defesa. O Palmeiras marcava no campo botafoguense. Porém só a partir da intermediária.
Não havia volúpia.
Só pragmatismo.
Zé Rafael e Lucas Lima, dois meias ofensivos, estranhamente não penetravam na área botafoguense. Atuavam de forma burocrática, fazendo a bola rodar. Dudu tentava se mexer, aumentar o ritmo no último terço do gramado. Mas estava sozinho.
Deyverson tratava de fazer o que mais gosta. Segurar dois zagueiros na força bruta, abrindo espaço para companheiros chutarem. Mas o esforço foi em vão porque os meias não encostavam para tabelas. E Bruno Henrique também guardava muito posição, não se atrevia a atacar como sabe fazer.
Tudo isso era exagero de Felipão, preocupado com os contragolpes botafoguenses, que nunca se concretizaram.
O primeiro tempo foi uma tortura para quem assistiu, com os times não criando chances reais de gols. O Palmeiras decepcionante, previsível, travado.
Na segunda etapa, o líder do Brasileiro voltou mais disposto.
Até que veio o lance do pênalti.
Que escapou de quem transmitia o jogo, da torcida, do árbitro, mas não do VAR. Gabriel pisou em Deyverson.
E Gustavo Gómez marcou, aos 12 minutos.
A partir daí, o Palmeiras tratou de fazer o tempo passar.
O Botafogo não tinha qualidade no seu elenco para atacar.

Mesmo assim, Felipão colocou Moisés no lugar de Lucas Lima, passou a atuar com três volantes diante de um adversário fraquíssimo.
Scolari estava satisfeito com 1 a 0.
E Barroca não tinha como reagir.
Mais três pontos importantíssimos para o Palmeiras.
Líder e favorito a novo título nacional.
Apesar do protesto de Felipão.
"Se eu não estou enganado são 117 pontos a disputar. Foram disputados 18. Quem faz essa brincadeira são os caras que estão sentado no ar fresco e tem que bolar alguma coisa se não perde o emprego.
Não existe isso. Ano passado ou retrasado, o Palmeiras tinha 14 pontos atrás e ganhou. Depois o outro tinha 13 e ganhou. Pelo amor de Deus parem com essa brincadeira, porque isso é só para enganar bobo", tentou disfarçar, não querendo assumir a responsabilidade óbvia que carrega.
Quanto ao Botafogo, que aproveite os R$ 650 mil que ganhou da Roni7. Porque o dinheiro custou caro. Virar as costas aos seus torcedores no Rio de Janeiro.
Triste futebol brasileiro...
(Após a partida, o ex-jogador Roni que atuou na Seleção Brasileira, Fluminense, Flamengo, Santos, São Paulo, Cruzeiro e Atlético Mineiro, dono da Roni7 foi preso.
Acusado de fraude financeira.
Foi para a cadeia junto com o presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Daniel Vasconcelos.

A acusação é que os dois organizavam um grupo especializado em falsificar os borderôs das partidas em Brasília.
A arrecadação informada seria sempre menor. Para que os impostos e o aluguel do estádio fossem mais baratos.
A prisão de Roni traz desespero aos clubes especializados em vender mandos de jogos.
Como o triste Botafogo...)