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Cosme Rímoli - Blogs

‘Barcelona? Sampdoria? Eu não quis o Santos, de Pelé. Nasci para o Palmeiras!’ O maior injustiçado do futebol do Brasil. Ademir da Guia

O grande ídolo revela o poder do bairrismo. Esquecido na Seleção porque técnicos queriam fazer média com o Rio. Inclusive Zagallo na Copa de 1974. ‘Eram paulistas de um lado e cariocas do outro’. Mas não precisou da Seleção para ser o maior entre os gigantes palmeirenses

Cosme Rímoli|Do R7

'Saber que o Pelé dizia que eu era o único a atrapalhá-lo, nas conquistas' é um troféu.' Ademir da Guia Reprodução/TV Palmeiras

Ademir da Guia.

Maior ídolo da história centenária do Palmeiras.

902 partidas com a camisa verde, com o número 10 às costas. 155 gols.

“Ele me atrapalhou muito. Era o maestro do Palmeiras. Jogava demais”, resumiu, para este jornalista, ninguém menos que Pelé.


Não é para menos. ‘Nome, sobrenome e futebol de craque’, escreveu o jornalista Armando Nogueira, sobre ele.

Técnico, talentoso, inteligentíssimo, ditava o ritmo do jogo. Acelerava ou diminuía quando queria. Jogador fabuloso. Foram meses de espera, mas o canal teve o enorme privilégio de ter a entrevista desejada. “Aos 83 anos estou muito mais falante. Era mais quieto”, deixa escapar Ademir. E ele não fugiu dos questionamentos mais duros.


“Se eu fui injustiçado na Seleção? Na Copa do Mundo de 1974, sim. Naquele tempo havia muito bairrismo. O Brasil era dividido entre cariocas e paulistas. O Zagallo sempre trabalhou no Rio. Ele me pôs para disputar a vaga com o Rivellino. Ele poderia jogar mais aberto na esquerda e eu jogar. Mas aí teria de mexer com o Paulo César Caju ou com o Dirceu. Dois jogadores identificados com o futebol carioca.

“Só joguei contra a Polônia, na decisão do terceiro lugar. E o time estava indo muito bem, quando o Zagallo me tirou. E o Brasil perdeu”, recorda.


O treinador foi massacrado pela imprensa do Brasil todo, pela injustiça que fez com Ademir. Mas Ademir da Guia não precisou da Seleção para fazer história. Conduziu o Palmeiras a 11 títulos. 15 anos inesquecíveis.

“Fiz parte das duas Academias. A melhor? A segunda. O Brandão chegou um dia a avisar que não daria instrução alguma contra o Fluminense, no Maracanã. Não precisava mesmo. Ganhamos.”

A maior alegria no Palmeiras? A maior vitória? “Vencer o Paulista de 1974. Estava uma pressão enorme para o Corinthians ganhar e acabar com seu jejum de 20 anos. Inclusive do governo, era ano de eleição. Eles tinham um timaço. Mas nós demos tudo e vencemos, gol do Ronaldo.”

Outro prazer? “Fazer a inauguração do Mineirão no Palmeiras. Nosso time jogou com a camisa da Seleção. Nenhum outro clube fez igual. Vencemos o Uruguai por 3 a 0.”

Ademir, para não variar, foi o melhor em campo. O destino pesou para que jogasse no Palmeiras. Passou em um teste, menino, no Botafogo. Também passou em outro, no Santos de Pelé. Voltou para o Rio. O Bangu, onde jogava, não o negociou com o Barcelona e com a Sampdoria. O Palmeiras pagou mais. E o levou.

“Por que não saí do Palmeiras? Porque todos os presidentes me disseram que eu era inegociável. Soube que surgiram várias propostas. Mas eu inegociável, sabe o que é isso? E eu era muito feliz no Palmeiras.”

Filho de um jogador fabuloso, Domingos da Guia, terceiro colocado na Copa da França em 1938. Zagueiro de enorme talento, foi campeão argentino no Boca Juniors, uruguaio, no Nacional. Tricampeão carioca, com o Flamengo. Zagueiro extremamente técnico.

“Eu vi pouco, porque eu tinha seis anos quando ele parou. Mas papai foi fundamental para eu jogar no Palmeiras. Vou contar um segredo. Eu estava me preparando para jogar meus últimos anos como quarto zagueiro, na defesa, como ele. Seria ótimo sair com a bola dominada, vendo a postura do time adversário. Mas uma doença respiratória me fez parar em 1977.”

Ademir é um poço de humildade, diante de tudo que significa para o Palmeiras. Para o futebol deste país.

A entrevista de Ademir da Guia está no Canal do Cosme Rímoli.

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