Corte de uma hora no programa diário de Neto. Band não acredita no futebol
ReproduçãoBuscar patrocinadores femininos.
E menos populares.
Dessa maneira, a nova cúpula que controla a programação da Band explica, internamente, as mudanças na emissora.
Diante da briga cada vez mais cara pelos eventos, a decisão é deixar cada vez mais longe a marca de 'o canal do esporte', consagrado nos anos 80, com o falecido narrador Luciano do Valle. Ele também era empresário e esteve por trás de inúmeras transmissões de boxe, automobilismo, futebol, basquete, futebol americano, vôlei, todo tipo de esporte olímpico e até sinuca.
Não havia a concorrência das tevês a cabo.
Nem da Internet.
Luciano se inspirou no que viu na ESPN norte-americana. E criou o Show do Esporte. Todos os domingos eram dez horas de transmissões seguidas. Durou de 1983 até 2004.
As competições eram mostradas graças à parceria entre a Luqui, sua empresa de eventos, e a Bandeirantes. Depois, houve a participação da Traffic, do empresário Jota Hawilla, delator do esquema de propina envolvendo a Fifa e os principais dirigentes de futebol no mundo.
No início dos anos 2000, tudo mudou. Os eventos ficaram cada vez caros. E com menos lucro.
A Globo tem enorme participação no encolhimento do esporte na Band. A começar pelo futebol. Como ela mantém o monopólio desde a Ditadura Militar, decidiu amarrar as transmissões. Ou seja, a Band só transmitiria o mesmo jogo da Globo. Garantia assim a esmagadora audiência, por ter inúmeros recursos a mais que a rival. E assegurava os patrocínios mais lucrativos.
O massacre foi tão grande que, mesmo tendo de pagar algo perto de 15% do que a Globo acertava com os clubes, a Band desisitiu. Estava dando prejuízo competir com cartas marcadas. E abandonou a transmissão do Campeonato Brasileiro, em 2016. Depois, dos Estaduais, em 2017. Assim foi obrigada a virar as costas para a Copa do Brasil.
Decidiu não mais pagar pelos amistosos da Seleção.
Os esportes olímpicos há muito tempo passaram para os canais a cabo.
A Copa do Mundo de 2018 corre sério risco. Já foi decidido que a emissora não mostrará todos os jogos. Fez uma proposta para mostrar metade das partidas da Rússia. Mas como ainda não assinou contrato com a Globo, dona da transmissão com exclusividade para o Brasil, há forte pressão para a desistência. Os alegados três patrocinadores, que garantiriam os jogos, não foram confirmados.
Restou, por enquanto, a Champions League.
A ordem é cortar os anunciantes 'baratos' que o futebol do dia-a-dia traz. E por isso, o programa Donos da Bola, apresentado por Neto, terá um corte brutal. A decisão foi anunciada ontem. E deverá valer a partir de março. Seguirá entrando ao ar às 13 horas. E terminará às 14 horas e não mais às 15 horas.
Luciano do Valle revolucionou os domingos na tevê aberta
ReproduçãoO programa feminino da apresentadora Cátia Fonseca terá, a princípio, duas horas. Será das 15 horas às 17 horas. Mas pode até aumentar, de acordo com a procura de patrocinadores.
A saída de Téo José, principal narrador da emissora, leva a crer que o futebol deixou de ser prioridade. O nome de Luis Ernesto Lacombe, ex-apresentador da Globo, ganha força para assumir o lugar de Téo José. Mas o que está longe de indicar uma retomada ao futebol. Muito pelo contrário.
Os programas Jogo Aberto e Terceiro Tempo, apresentados por Renata Fan e Milton Neves, estão sendo analisados. E também podem ser diminuídos, como foi a atração comandada por Neto, "Os Donos da Bola". Por pouco, o comentarista e ex-jogador Denílson, não acabou dispensado.
O clima é de muita preocupação no departamento de esportes da Band.
Tudo mudou radicalmente.
Não há mais o menor sentido no antigo slogan.
"Bandeirantes, o canal do esporte"...
A postura da Band é firme. Abandonar o foco no futebol...
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