As lágrimas de Rojas ao trocar a idolatria no Racing pelo caótico Corinthians. Deixa a Libertadores por lutar contra o rebaixamento
Matías Rojas lutou e conseguiu se tornar ídolo da exigente torcida do Racing. Sua despedida ontem foi emocionante. Mas, por dinheiro, R$ 43 milhões, ele assinou contrato de quatro anos com o Corinthians
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Quarenta e quatro minutos do segundo tempo no estádio Presidente Perón.
O técnico Fernando Gago faz a substituição mais aguardada ontem, em Avellaneda.
Tira Matías Rojas, e coloca no seu lugar Aníbal Moreno.
Assim que vê o número 10 na placa do quarto árbitro, o meia paraguaio se deixa levar pela emoção.
Dobra os joelhos e beija o gramado, em agradecimento aos quatro anos de Racing.
Ouve a torcida aplaudi-lo de pé e entoar o coro a que se habituou.
Olé... Olé... Olé... Rojas... Rojas... Rojas...
O jogador, de 27 anos, desaba em lágrimas.
Agradece à torcida.
Dá um forte abraço em Gago e nos companheiros.
A vitória sobre o Ñublense por 4 a 0 foi o adeus do meia canhoto, habilidoso, raçudo, de ótimo toque de bola. Foi ele, inclusive, que abriu o placar para o time argentino. Com a goleada, o Racing passou para o primeiro lugar do grupo A, deixando o Flamengo em segundo.
Mas Rojas não vai desfrutar a fase eliminatória da Libertadores.
Ele tem tudo acertado e será jogador do Corinthians em dois dias.
Ontem foi seu adeus.
Ficou claro que ele vem pelo dinheiro.
O jornal El Clarín revela que ele receberá 9 milhões de dólares, R$ 43 milhões, em quatro anos no clube brasileiro. Seu contrato venceu com o Racing, e o time argentino não tem condições de pagar tanto a um atleta.
Muito emocionado, Rojas falou rapidamente sobre sua despedida e vinda para o Brasil.
E relembrou que seu início no Racing foi difícil, com muita rejeição. Mas ele acabou impondo seu talento.
"Foi difícil [a cobrança] com a torcida. Mas, por sorte, pude reverter a situação. Eu vou orgulhoso. E [na vida] tem de aceitar os momentos. E eu quero somente agradecer aos torcedores do Racing."
A vida de Matías Rojas não foi fácil, mesmo no Racing.
Ele sentiu muito a pressão ao chegar comprado por 2,5 milhões de dólares, cerca de R$ 12 milhões, do Cerro Porteño, depois de ótima temporada no Defensa y Justicia, onde atuou emprestado.
Só foi comprado por insistência do treinador Eduardo Coudet.
Diante da rejeição inicial dos torcedores, Coudet previu.
"Ainda vão aplaudi-lo. Ele tem a canhota que lembra a de Ruben Paz [meia uruguaio que fez história] ou do Mago Capria [meia argentino ídolo do Racing, da década de 1990]", garantia o treinador.
Foi o que aconteceu; mais e mais, Rojas foi ganhando espaço e idolatria.
Ele recusou várias propostas de renovação de contrato.
Desde o ano passado, era sondado pelo futebol brasileiro.
Intermediários representando o Internacional e o Botafogo chegaram antes.
Mas a proposta do Corinthiansfoi maior.
E tudo foi acertado desde o início do ano.
Matías chega para substituir Renato Augusto, que tudo indica que segue para sua última temporada como jogador.
Aos 35 anos, ele caminha para a aposentadoria.
As lesões se acumulam. E necessidade de cirurgias. Principalmente no joelho direito.
Para não depender mais do cerebral e talentoso jogador, o Corinthians resolveu apostar todas as fichas em Matías Rojas.
"O Corinthians tem uma dívida de R$ 900 milhões", assumiu o gerente Alessandro, ontem, após a vitória sobre o Liverpool genérico, o uruguaio, por 3 a 0, em Itaquera.
Resultado que classificou o clube para a Copa Sul-Americana como compensação.
E que ele não deverá jogar, já que Luxemburgo promete colocar só reservas e garotos na competição, por medo do rebaixamento no Brasileiro.
As organizadas não se deixaram enganar pela vitória de ontem.
E prometem continuar em campanha para pressionar o time.
É esse ambiente que aguarda por Matías Rojas.
Jogador que trocou, por 9 milhões de dólares, a idolatria que tinha no Racing.
Mergulhando no momento caótico corintiano...
Quem é Matías Rojas, meia paraguaio do Racing na mira do Corinthians
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