Gómez fez pênalti em Calleri. Mas o atacante do São Paulo estava impedido, e o VAR não checou
São PauloSão Paulo, Brasil
Houve muita discussão, reuniões, conversas entre os dirigentes do Palmeiras. Desde sexta-feira, os mais radicais chegaram até a estudar a possibilidade de tentar a anulação do jogo contra o São Paulo, que custou a eliminação do clube da Copa do Brasil.
Mas o departamento jurídico recomendou que seria pura perda de energia e desgaste. Não há "erro de direito". Ou seja, não houve uma regra que foi interpretada de maneira equivocada, ou comprovada má-fé, no polêmico pênalti de Gustavo Gómez em Calleri.
O que aconteceu, e a CBF só reconheceu na noite de ontem, sábado, foi que o atacante do São Paulo poderia estar em impedimento, antes de sofrer o pênalti. E que, de maneira inexplicável, não foi checado pelos árbitros de vídeo. Não se deram ao trabalho de sequer checar.
O juiz Leandro Vuaden não poderia ver o sutil impedimento. Foi "inocentado" na avaliação dos dirigentes paulistas.
A revolta já era enorme na madrugada de sexta-feira, quando a Comissão Técnica do Palmeiras analisou o lance do gol do São Paulo, de pênalti, que levou à decisão da vaga para as quartas nos pênaltis. Havia a certeza de impedimento.
Já na manhã de sexta-feira, a direção do Palmeiras havia decidido protestar na CBF. Já queria o áudio do lance que acabou no pênalti do Calleri.
Tudo ficou ainda mais sério quando Emerson de Almeida Ferreira e Marcus Vinicius Gomes, árbitros de vídeo que trabalharam no Allianz, foram afastados do confronto de ontem entre Athletico e Internacional.
Era o atestado público da CBF do grave erro cometido pelos dois.
A direção palmeirense ficou ensandecida.
Tudo ficaria ainda pior com a divulgação do áudio do lance, ontem à noite.
Vídeo: "Checando possível penal. Puxou, seguiu, depois puxou de novo. Segura e puxa de novo. Dois puxões. Vuaden, Emerson chamando. Recomendo a revisão de possível penal".
Vuaden: "OK, perfeito. Depois ele cai e não consegue jogar. Pênalti e cartão amarelo".
Vídeo: "OK, perfeito".
Gustavo Gómez tomou o amarelo. Luciano cobrou, marcou, descontando. Igualando o placar no Morumbi, por 2 a 1.
Não houve nenhuma menção de impedimento de Calleri.
Se os árbitros de vídeo traçassem as linhas de impedimento, o pênalti seria anulado. Mas não traçaram
Reprodução/TwitterFoi um erro gravíssimo, confirmado pela CBF, mas que não configura na Fifa a chance de anulação do jogo.
Enquanto alguns conselheiros, ainda hoje, queriam ao menos uma nota oficial, qualquer posicionamento público.
Mas a presidente Leila Pereira foi pragmática.
Não adiantaria nada.
Pelo contrário. Apenas criaria uma indisposição do clube com a CBF. E até com os árbitros, o que poderia ser muito ruim para os jogadores e, principalmente, para o visado Abel Ferreira, o "campeão dos cartões" do futebol brasileiro.
Mas não passará em branco.
O clube não quer mais que Emerson de Almeida Ferreira e Marcus Vinicius Gomes, ligados à Federação Mineira de Futebol, trabalhem no VAR nas partidas que envolvem o Palmeiras.
O clube paulista tem muita força nos bastidores. O árbitro Marcelo Aparecido de Souza que marcou um pênalti de Ralf em Dudu, e depois voltou atrás, por suposta interferência externa, na final do Paulista de 2018, contra o Corinthians, jamais voltou a apitar partidas do Palmeiras, como antecipou, na época, o blog.
Há muita revolta na direção do clube durante este domingo.
Não só no aspecto técnico, na possibilidade de disputa de título.
Mas pelo lado financeiro.
Pelo dinheiro que o clube deixa de ganhar.
Com a eliminação para o São Paulo, o Palmeiras deixou de ganhar R$ 3,9 milhões.
Mais a arrecadação da partida no Allianz nas quartas.
Só no clássico contra o rival, onde houve o flagrante erro de avaliação do VAR, a arrecadação foi de R$ 3,5 milhões.
A direção projetava, pelo menos, R$ 3 milhões na briga pela semifinal da Copa do Brasil.
Mas, sem a possibilidade de anulação do clássico contra o São Paulo, não haverá uma guerra jurídica já perdida antecipadamente.
A força do Palmeiras nos bastidores. Aparecido nunca mais apitou partidas do clube, depois da final de 2018
Levi Bianco/Brazil Photo Press/Folhapress - 8.4.2018O Palmeiras mostrou sua força.
Cobrando nos bastidores, fez a CBF se posicionar. Assumir o erro dos comandantes do VAR no clássico e afastá-los.
Foi uma vitória moral do Palmeiras contra a arbitragem.
Sem desgaste de quem queria um tolo confronto tentando anular o jogo.
A eliminação para o São Paulo segue incomodando muito a Comissão Técnica e a direção.
Mas não há mais que fazer.
Para a direção, o assunto está encerrado...
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