O racismo contra Vinícius Júnior é apenas um dos graves sintomas de omissão na Espanha
AFPSão Paulo, Brasil
Diante da apatia da Real Federación Española de Fútbol, a Federação Espanhola de Futebol, as ofensas, o racismo contra Vinícius Júnior estão tomando proporções assustadoras.
Coros de "macaco", torcedores imitando símios, boneco com a camisa do jogador "enforcado", embaixo de uma ponte. Câmeras flagram, em quase todas as partidas, adversários xingando, tentando intimidá-lo para evitar seus dribles.
Mesmo com a enorme força que o Real Madrid possui, o polêmico presidente da Federação Espanhola, Luis Rubiales, não toma atitude efetiva. Apesa da cobrança de toda a comunidade europeia. Dirigentes da Uefa não podem interferir, porque a questão é de responsabilidade do país.
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Vinícius Júnior conta com o apoio escancarado de Carlo Ancelotti e dos companheiros.
O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, mantém postura política, não quer confronto aberto com Rubiales.
O pior é que, diante de tanta letargia, a situação está fugindo ao controle.
Torcedores do Real Madrid têm reagido atacando pessoas que acreditam perseguir o jogador. E descontam nas redes sociais.
E os vândalos surgem, como era de se esperar.
Decidiram atacar em bloco a jornalista María Morán, da beIN Sports e da Gol TV.
María perguntou a Carlo Ancelotti se Vinícius Júnior merecia receber cartão amarelo por ter reclamado da arbitragem contra a Almeria, por reclamações das pancadas que recebeu no jogo.
O brasileiro já recebeu 15 cartões na temporada. Dez no Espanhol.
Há acusações da torcida do Real Madrid de que ele é perseguido pelos árbitros, por acreditarem que provoca confusões por seus dribles e comemorações de gols dançando.
Ancelotti não concordou com María.
"É claro que protestando não ganha nada. Mas também é bastante surpreendente que teve dez amarelos. Nem o meio-campista mais grosso da Liga tem dez amarelos. É muito surpreendente."
Mas a pergunta da jornalista deu margem à "vingança" dos torcedores do Real Madrid. E criminosos trataram de cruzar a fronteira da decência.
Ameaçaram a repórter, assim como fizeram comentários repugnantes também a sua filha, de 6 meses, e até a sua mãe.
Uma das inúmeras mensagens contra a repórter que ousou perguntar sobre os cartões de Vinícius Júnior
Reprodução/TwitterA polícia espanhola promete investigar e punir os criminosos.
A situação de violência, de ódio domina o mundo todo.
Mas o racismo, a xenofobia no futebol espanhol é algo evidente.
E com efeitos colaterais inesperados.
Atingindo espanhóis.
Por sua omissão, a Real Federación Española de Fútbol é cúmplice de tudo de ruim que está acontecendo no país ibérico.
As oito acusações contra torcedores racistas não resultaram em grande punição. Afastar alguém do estádio por um ano é muito brando. Por isso, os insultos não param.
Por trás da falta de posicionamento forte do Real Madrid está também o medo das punições aos clubes. Florentino Pérez é o presidente que mais luta para que tudo o que os torcedores fazem não atinja os clubes. Vários dirigentes espanhóis seguem o mesmo caminho.
A punição aos clubes seria uma maneira clara que evitar exageros, travar os vândalos.
É muito mais sério o que acontece na Espanha.
Por isso, Vinícius Júnior segue sendo xingado de macaco.
Vândalos se sentem no direito de ameaçar fazer barbaridades com um bebê de 6 meses.
É um péssimo exemplo para o mundo...
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