Ânimo no Corinthians. Tensão no Palmeiras. Sorteio da Libertadores
Chance de clássico decidir vaga para a semifinal da Libertadores mexeu com os clubes. Palmeirenses estão desconfortáveis
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Sentimentos completamente diferentes.
As diretorias de Corinthians e Palmeiras não poderiam ter recebido de maneira mais antagônica o sorteio da fase de mata-mata na Libertadores. A perspectiva de se enfrentarem em um jogo eliminatório, caso superem Colo Colo e Cerro Porteño, é enorme. Ambos são favoritos diante de seus rivais chilenos e paraguaios nas oitavas.
Se confirmarem a superioridade, se enfrentarão.
Valendo uma vaga na semifinal da Libertadores.
Com o primeiro jogo no Itaquerão e o decisivo, na arena palmeirense.
Como foi no Campeonato Paulista.
"Vamos ver se não vai ter “chororô”, ironizou ontem mesmo, Andrés Sanchez.
O presidente corintiano já deu o tom de provocação e confiança que impera no Parque São Jorge, caso haja o confronto. Mal saiu a definição do caminho na Libertadores, membros da diretoria e conselheiros recuperaram o otimismo, perdido nestas primeiras partidas de Osmar Loss como treinador.
A expectativa de eliminar o maior rival serviu como um energético. Os próprios jogadores e o novo treinador ganharam mais ânimo para os últimos jogos do Brasileiro antes da parada da Copa.
O período de preparação para a retomada depois do Mundial, com os confrontos diante do Colo Colo pela Libertatores, Chapecoense, pela Copa do Brasil e as partidas decisivas do Campeonato Nacional, mudou de astral. Mesmo com a perspectiva de o clube perder Rodriguinho e Fagner, jogadores mais assediados por empresários do mundo árabe.
O bem que a conquista do bicampeonato paulista provocou voltou depois do sorteio. Ninguém assumirá a alegria no sorteio, como fez ingenuamente o então diretor Sérgio Janikian, que agradeceu a Deus o Corinthians enfrentar o Guarany do Paraguai, pelas oitavas. O time acabou eliminado. E o dirigente defenestrado do Parque São Jorge.,
A alegria no Corinthians é interna. Só os sorrisos de Andrés denunciavam a felicidade, ontem, no sorteio na sede da Conmebol.
Em compensação, no Palmeiras, o clima é completamente diferente. De muita preocupação. No clube com a maior folha salarial da América Latina, ter pela frente o Corinthians pela frente preocupa. O Cerro Porteño não é considerado um obstáculo difícil, longe disso. Por isso a possibilidade do confronto com o maior rival é mais do que certa.
Galiotte mostrou seu mal humor aos repórteres que estavam no Paraguai.
"Em relação ao “chororô”, conversa do Andrés. Para quem tem tempo para ficar ouvindo o Andrés, tudo bem. Ele não falou nada comigo. O importante é que o Palmeiras defende os interesses do nosso clube. Vamos fazer isso sempre. Quando reivindicamos alguma coisa é porque entendemos que tem algo errado. O Palmeiras vai se defender, sim, porque entende que tem uma irregularidade", desabafou.
O dirigente palmeirense não aceitou nem cogitar falar de um possível novo confronto com o Corinthians.
"Primeiro, temos de nos concentrar no Cerro. Nosso jogo é com o Cerro. Vamos ter toda dedicação e respeito, será um jogo difícil, contra uma equipe tradicional e forte", disfarçou.
Só que ele, mais do que ninguém, sabe de quantos problemas o Corinthians já trouxe para o clube este ano. A começar pela perda do Paulista diante da arena palmeirense lotada. O que provocou enorme ira da principal torcida organizada palmeirense. A Mancha Verde rompeu publicamente com o treinador Roger Machado. E prometeu não descansar enquanto ele não deixasse o cargo, pelas derrotas para o Corinthians.
O executivo Alexandre Mattos e Dudu tiveram de contornar o problema, pedindo trégua, na sede da Mancha. E depois os jogadores receberam representantes da torcida no Palmeiras.
Roger Machado ganhou um armistício, não a paz dos torcedores.
Correndo tudo dentro da normalidade, ele terá de novo o Corinthians pela frente.
Vivido, o treinador sabe que voltará à alça de mira da organizada.
Eliminar o Corinthians será sua obrigação, se quiser ter paz.
Os jogadores palmeirenses também sabem que serão mais cobrados que os rivais. Conselheiros já estão tensos e repetem que não admitirão novo fracasso.
Ou seja, o clima nos dois rivais é muito diferente.
Graças ao sorteio da Libertadores.
Que deixa escancarada a chance do confronto eliminatório.
No Parque São Jorge ânimo renovado.
No Palestra Itália, muita preocupação.
Esse é o peso da rivalidade...