São Paulo, Brasil
"Se não chegarem reforços até o dia 10, você vai renunciar ao cargo, porque nós vamos fazer disso um inferno.
"E já avisamos: não queremos Lucas Lima."
Foram o mais diretos possível os avisos da Torcida Jovem, a maior organizada do Santos.
Cerca de 200 membros invadiram o Centro de Treinamento do clube e exigiram falar com o presidente santista, Andrés Rueda.
Para evitar maior conflito, Rueda decidiu não chamar a Polícia Militar.
E ouviu a ameaça dos jogadores.
O dirigente tentou argumentar.
Falar do planejamento para a nova Vila Belmiro, de 30 mil lugares. Da busca de investidores. Da safra de novos jogadores. De Odair Hellmann.
Mas a torcida foi radical.
Quer jogadores de ótimo nível.
Para o clube não correr o risco de rebaixamento.
E reiteraram que não aceitam Lucas Lima de volta, porque, na visão dos torcedores, ele traiu o Santos ao ir para o Palmeiras, há cinco anos.
Agora, aos 32 anos, sem clube, não o querem nem por um contrato de três meses, como oferece Rueda.
Quando os torcedores falam em "inferno", não estão brincando.
O medo do rebaixamento é real.
Tanto no Paulista, mas, principalmente, no Brasileiro.
E há casos infelizmente corriqueiros de abusos de vândalos infiltrados nas organizadas santistas.
Jogadores e até técnicos já foram perseguidos dentro de seu carro e ameaçados.
Muitos deixaram a Vila Belmiro por medo das organizadas.
"Estava chegando próximo ao hotel e acredito que três ou quatro carros me seguiam. Parei no sinal, me fecharam e começaram a quebrar meu carro, chutar, amassar, dizer que eu ia morrer. Aquela tortura que fazem quando as coisas não vão bem. Fiquei triste e chateado.”
"Contando alto, dez pessoas, dez torcedores, dez vândalos. Torcida tem direito de cobrar, a fase não é das melhores, mas isso não justifica o que eu passei. Primeira vez em 15, 20 anos de carreira. É muito triste passar por isso", disse Tardelli em 2021.
Mesmo devendo mais de R$ 450 milhões, Rueda prometeu que vai buscar novas contratrações.
Entre elas, a de Lucas Lima.
Não está descartada a participação, o pedido até de Neymar, para que os torcedores aceitem o meia.
O pai de Neymar é um dos intermediários do possível retorno.
Foi ele quem levou Lucas Lima ao Palmeiras em 2018.
Mas, treinando na Portuguesa Santista para manter a forma, o jogador soube dessa reação contrária da principal organizada do Santos.
E, de acordo com jornalistas santistas, não está à vontade.
Quer voltar para o clube, mas sem perseguições, ameaças.
Há conselheiros ligados à organizada e à diretoria que tentam um "voto de confiança" para Lucas Lima.
Se conseguirem, a contratação será efetivada.
O combinado era um compromisso de produtividade.
Ele ganharia o mínimo de R$ 100 mil e o máximo de R$ 300 mil, até junho.
Depois, a situação seria revista, se ele não arrumasse outro clube no exterior, como deseja.
Mas a invasão dos torcedores o deixou inseguro.
Preocupado.
A negociação só será efetivada se ele tiver a certeza de que a torcida o acolherá.
Não quer ficar circulando com medo.
A situação está complicada.
Rueda tinha certeza de que faria o anúncio de sua volta.
Ainda hoje.
Agora, não há nem a certeza de que a contratação será fechada...
Veja a carreira de Lucas Lima em sete atos, da saída do Santos até a possível volta
Detalhes separam o retorno de Lucas Lima ao Santos. O jogador que brilhou com a camisa alvinegra saiu pela porta dos fundos, hostilizado pela torcida. Diferentemente do que a maioria das pessoas imaginava, ele nunca deu o salto esperado na carreira. Por isso, o R7 listou sete situações que resumem a carreira do jogador de 32 anos após a saída do clube