Ambev, seleção, Libertadores. Futebol se livra da Globo
O futebol da Globo perdeu as centenas de milhões de reais da Ambev. Hypera Pharma deve sair. Libertadores já foi. Tem só metade das Eliminatórias
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A Globo já perdeu a Libertadores para o SBT.
Tem séria briga com a Fifa pela Copa de 2022.
Não quer pagar os 600 milhões de dólares, cerca de R$ 3,2 bilhões, combinados.
Já não teve a Olimpíada e o futebol medalha de ouro, neste ano, por conta da pandemia.
A emissora de Silvio Santos mostrou a final do Carioca 2020.
O que fez o canal carioca desistir definitivamente do Estadual, romper o contrato que iria até 2024.
Já não transmitiu Peru e Brasil pelas Eliminatórias Sul-Americanas para o Qatar.
E também avisa que não fara 'loucuras' para mostrar o importante clássico mundial de amanhã, Uruguai e Brasil, em Montevidéu. Por enquanto, só a Turner tem o jogo, que será exibido no seu aplicativo EiPlus.
Mas a Band se associou com emissoras a cabo e tem grande chance de mostrar essa e as outras partidas que a seleção atuará fora do território nacional. Com exceção do confronto com a Argentina, em Buenos Aires, e os jogos no país, que a Globo comprou.
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Pechinchando, a emissora bancou apenas metade das partidas das Eliminatórias, algo inédito na sua história.
A pandemia prendeu as pessoas em suas casas.
Mas a tendência de queda de audiência na transmissão dos jogos na tevê aberta apenas estagnou.
Nos últimos dez anos, mesmo com o aumento da população e o maior acesso às tevês, o número de brasileiros 'presos à televisão' assistindo jogos caiu em 22%.
As grandes estrelas, os melhores jogadores, seguem atuando na Europa.
Diante desse cenário, a Ambev, depois de duas décadas, resolveu deixar o futebol da Globo.
Tem enormes chances de migrar para o SBT, para a Libertadores. Pagando muito menos do que a cota de R$ 300 milhões pelo ano todo na Globo.
Para a competição continental, a emissora paulista cobra R$ 35 milhões por cota.
A Hypera Pharma também está disposta a fazer o mesmo caminho.
Não adiantou nem a Globo chamar o estádio do Corinthians por Neo Química Arena, tentativa desesperada de segurar a bilionária empresa.
A Ambev e a Hypera Pharma já patrocinaram a final do Carioca de 2020 no SBT.
A emissora confirmava em outubro os anunciantes do futebol no ano seguinte.
Estamos na segunda quinzena de 2020 e, em vez de seis empresas, se sabe que apenas quatro renovaram para o próximo ano: Casas Bahia, Itaú, Vivo e General Motors.
E pagando R$ 311 milhões cada.
A crise no futebol da Globo é séria.
O monopólio no principal esporte no país e, da seleção brasileira, orgulho da família Marinho, já ficou para trás.
Em relação a Uruguai e Brasil, o governo federal não quer a partida fora da tevê aberta.
Com a Globo sem recursos para comprar a transmissão, a Band tem grande chance de mostrar o jogo.
Se não conseguir, a estatal TV Brasil pode repetir o que fez na partida diante do Peru, em Lima.
E mostrar o jogo.
Há a Lei Pelé, que pressiona a divulgação das imagens do confronto.
Art. 84-A. Todos os jogos das Seleções Brasileiras de futebol, em competições oficiais, deverão ser exibidos, pelo menos, em uma rede nacional de televisão aberta, com transmissão ao vivo, inclusive para as cidades brasileiras nas quais os mesmos estejam sendo realizados. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000).
Parágrafo único. As empresas de televisão de comum acordo, ou por rodízio, ou por arbitramento, resolverão como cumprir o disposto neste artigo, caso nenhuma delas se interesse pela transmissão. O órgão competente fará o arbitramento. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000).
A cúpula da Globo tem preocupações maiores do que o orgulho de perder mais este jogo da seleção. Buscar duas empresas para substituírem a Ambev e a Hypera Marcas.
Vale a pena destacar os patrocinadores do futebol da Globo desde 2011, para entender a crise atual.
Lembrar que marcas poderosíssimas já viraram as costas à emissora carioca.
Johnson e Johnson, Volkswagen, Coca-Cola, Unilever, Magazine Luiza, Brasil Foods...
2019
Ambev, Casas Bahia, General Motors, Hypera Pharma, Itaú e Vivo
2018
Ambev, General Motors, Hypera Pharma, Itaú, Unilever e Vivo
2017
Ambev, Itaú, General Motors, Johnson e Johnson, Ricardo Eletro e Vivo
2016
Ambev, Brasil Foods, Casas Bahia, Itaú, Johnson & Johnson e Vivo
2015
Ambev, Itaú, Johnson & Johnson, Magazine Luiza, Vivo e Volkswagen
2014
Ambev, Coca-Cola, Itaú, Johnson & Johnson, Vivo e Volkswagen
2013
Ambev, Coca-Cola, Itaú, Johnson & Johnson, Vivo e Volkswagen
2012
Ambev, Coca-Cola, Itaú, Johnson & Johnson, Vivo e Volkswagen
2011
Ambev, Casas Bahia, Coca-Cola, Itaú, Vivo e Volkswagen
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