Cosme Rímoli Pato e São Paulo. Nasceram um para o outro. O midiático e inseguro ídolo encontrou a torcida que o ama. Farra contra o Santos

Pato e São Paulo. Nasceram um para o outro. O midiático e inseguro ídolo encontrou a torcida que o ama. Farra contra o Santos

Pato marcou o seu primeiro gol na terceira passagem pelo São Paulo. A celebração foi histórica. A goleada por 4 a 1 sobre o Santos foi o que menos importou. Valeu o momento de conjunção entre Pato e torcedores no Morumbi

  • Cosme Rímoli | Do R7

A alegria de Pato. A relação de amor com a torcida do São Paulo é mútua. Comemoração inesquecível

A alegria de Pato. A relação de amor com a torcida do São Paulo é mútua. Comemoração inesquecível

MARCO GALVãO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 16.7.2023

São Paulo, Brasil

É um caso de sedução mútua.

Sem explicação lógica, como todo amor.

A torcida do São Paulo ama Alexandre Pato, jogador que viveu sua última grande fase em 2010, no Milan.

Ou seja, há 13 anos.

Alexandre Pato ama a torcida do São Paulo, mesmo o clube oferecendo pouco mais da metade que ganharia no Internacional. 

Essa paixão veio à tona hoje, no Morumbi, no massacre contra o Santos, na goleada por 4 a 1, diante do histórico rival. O atacante, de 33 anos, roubou a cena.

A sedução começou quando seu nome foi anunciado entre os reservas. A vibração dos 58 mil torcedores foi maior que com qualquer titular.

O clássico já estava dominado pelo time de Dorival Junior. Vencia com extrema facilidade o limitado Santos, de Paulo Turra. Calleri havia marcado dois gols e o eficiente David tinha feito o seu 3 a 0, no placar do Morumbi.

A cabeça da mascote voou, diante dos abraços dos companheiros, empolgados. Pato está onde deveria

A cabeça da mascote voou, diante dos abraços dos companheiros, empolgados. Pato está onde deveria

TOMZÉ FONSECA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 16.7.2023

Eram 34 minutos do segundo tempo, quando Alexandre Pato entrou no lugar de Juan. 

Mais dos torcedores, como se fossem prever o que aconteceria.

Bastaram oito minutos em campo e Pato tabelou com David e tocou, com calma, a bola no meio das pernas do desesperado João Paulo. 4 a 0.

O São Paulo parecia que havia conquistado um título. Literalmente as cabines de transmissão dos jogos tremeram, pela vibração dos torcedores.

Alexandre Pato queria recompensar tanto apoio e apelou para uma cena que havia imaginado no fim da sua segunda passagem pelo clube.

Na terceira vez, faria.

E fez.

Ceni não queria sua contratação. Por medo de que sabotasse o ambiente, se fosse reserva. E acabou demitido

Ceni não queria sua contratação. Por medo de que sabotasse o ambiente, se fosse reserva. E acabou demitido

São Paulo

Assim que a bola tocou a rede do Santos, ele procurou onde estava a mascote do São Paulo. Correu até ela, tomou sua cabeça enorme, de feltro. Ele a colocou e foi dançar diante dos torcedores.

Depois, quando a devolveu, saiu correndo em direção ao distintivo do São Paulo, que fica ao lado do gramado. Abaixou-se e o beijou. 

Foi a apoteose nesse jogo de sedução.

Qualquer são-paulino ficaria orgulhoso de uma sequência de gestos apaixonados.

Pato ainda tentou orientar o goleiro Rafael, na cobrança de pênalti de Marcos Leonardo. Chacoalhou muito os braços, chamou a atenção do arqueiro, apontando o lado esquerdo. 

Rafael o obedeceu e saltou, convicto, para a esquerda.

Mas faltou combinar com o atacante santista, que cobrou no canto direito, enganando os dois. No final do clássico, 4 a 1, São Paulo. 

No final da partida, parecia que Alexandre Pato havia vencido um jogo de tênis. Os aplausos, em pé, foram todos para ele.

A torcida são-paulina precisava de um atleta midiático empenhado, comprometido com o time.

O trauma pela péssima passagem de Daniel Alves não foi esquecido.

O agradecimento do atleta de 33 anos foi emocionado.

"Foi uma corrida muito longa. Isso é um pedacinho do começo. Agradecer ao carinho da torcida e às palavras do Calleri, é um ídolo do clube. Espero que seja o começo de muitas coisas boas. Agradecer ao apoio da minha família também.

"Desde a saída falei que faria um gol e colocaria a cabeça do mascote. A torcida é incrível, faz com que eu possa me motivar cada vez mais e dar o meu melhor. São 60 mil pessoas no Morumbi, dentro de campo é incrível."

O contrato de Alexandre Pato vai até o fim do ano.

Se até dezembro ele conseguir atingir um número mínimo de jogos, o contrato será renovado automaticamente até o fim de 2024.

Foi um acordo de risco.

Pato recebe pouco, em relação ao que estava acostumado: R$ 300 mil mensais.

Se conseguir a renovação, passará a ganhar R$ 700 mil.

A chegada do jogador foi uma aposta do presidente Julio Casares.

Rogério Ceni não o queria.

Pato não aceitou a reserva na sua segunda passagem pelo Morumbi e criou um grave problema no clube.

Ceni temia que acontecesse a mesma coisa.

Esse foi um fator importante que determinou sua demissão.

Ceni estava desafiando Casares.

Mas Pato voltou diferente.

Pato tem contrato de risco com o São Paulo. Até dezembro. Se conseguir ser importante para o time, renovará

Pato tem contrato de risco com o São Paulo. Até dezembro. Se conseguir ser importante para o time, renovará

Reprodução/Twitter

Muito mais consciente, conselheiro dos jovens jogadores.

Treinando forte, sem reclamar, como fazia antigamente.

Está integrado realmente com a equipe.

A resposta está no carinho dos atletas e de Dorival com ele.

Esse Alexandre Pato interessa ao São Paulo.

E o São Paulo que redescobriu a confiança interessa a Pato.

A demonstração de hoje é de comprometimento dos dois lados.

Tudo mostra que chegou o ídolo midiático com que a torcida sonhava.

E Pato encontrou seu clube ideal para a parte final da carreira...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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