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Acidente fatal de Renan pode 'repetir atropelamento' de Marcinho. E ele seguir jogando antes do julgamento. Não no Palmeiras

Ex-lateral do Botafogo, em dezembro de 2020, atropelou e matou dois professores. Ainda não foi julgado. Seguiu a carreira. Atuou no Athletico. Estava para jogar no Chipre. Justiça não deixou que viajasse. Mas está livre

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Renan, à direita, tem muito potencial. Foi convocado várias vezes pelas seleções de base do Brasil
Renan, à direita, tem muito potencial. Foi convocado várias vezes pelas seleções de base do Brasil

São Paulo, Brasil

Não deu certo a estratégia da defesa de Renan.

Advogados que defendem o jogador do Palmeiras, apontado como responsável pela colisão que matou o motociclista Eliezer Pena na manhã de sexta-feira (22), divulgaram a informação de que o atleta não havia apresentado sinais de embriaguez na delegacia em Bragança Paulista.

A notícia poderia ser animadora para o zagueiro não fosse o fato de, sem advogados por perto, logo após a colisão, ele ter confirmado a policiais que havia tomado gim em uma festa em Campinas. E que dormira ao volante do seu Honda Civic. Por isso seu carro foi para a contramão, atingindo a moto de 160 cilindradas de Eliezer Pena.


O choque foi violentíssimo.

A morte de Eliezer foi imediata.


Para piorar a situação, Renan não quis se submeter ao teste do bafômetro na hora do acidente. Nem permitiu a retirada de sangue para medir o teor alcoólico.

O acidente fatal aconteceu às 6h40 de sexta-feira, depois de o atleta passar a noite em claro. E estar voltando de Campinas para Bragança, já que estava emprestado ao Bragantino. 


O exame que comprovou que ele não tinha traços de embriaguez foi feito às 10h07.

As mais de três horas entre a batida e o teste, mais a ingestão de muita água, alimentação e o fato de ele ser atleta e jovem, poderiam ter contribuído para que possíveis traços de embriaguez desaparecessem.

O fato de seus advogados o orientarem a não fazer o teste de bafômetro assim que houve o acidente poderá ter um peso enorme em futuro julgamento.

Renan pagou R$ 242 mil pela fiança para conseguir a liberdade provisória.

E teve seu passaporte confiscado, para evitar a fuga do país.

A tentativa da defesa é que ele seja julgado por homicídio culposo, sem a intenção de matar, com pena de cinco a oito anos. Por ser primário, ou seja, sem nenhum crime anterior, haveria até a expectativa de pena leve. E com a possibilidade de recursos. A sentença definitiva levaria anos.

Marcinho jogou no Athletico Paranaense depois do atropelamento. Com grande rejeição, foi dispensado
Marcinho jogou no Athletico Paranaense depois do atropelamento. Com grande rejeição, foi dispensado

Com Renan podendo seguir em liberdade, e até jogando, enquanto não se define a situação.

Se a morte de Eliezer Pena, 38 anos, for tipificada como homicídio doloso, a pena poderá chegar a 20 anos. Mas essa é uma hipótese muito difícil. A tendência é que seja julgado por homicídio culposo.

Renan também pode ter de responder a um processo civil pela família do motociclista.

O caso Marcinho, ex-jogador do Botafogo e do Athletico Paranaense, segue como exemplo do que deve acontecer com Renan. No dia 30 de dezembro de 2020, ele atropelou, e matou, os professores Maria Cristina José Soares e Alexandre Silva de Lima. 

Não prestou socorro. De acordo com relatos publicados no Rio, ele teria bebido antes do atropelamento. Ele seguiu jogando, foi contratado pelo Athletico Paranaense. Depois dispensado. Havia enorme rejeição por parte da torcida por conta do atropelamento. Mas ele seguiu jogando.

E até havia acertado sua ida, no mês passado, para o Pafos, equipe de Chipre. Mas a Justiça carioca impediu a saída do Brasil, já que seu caso ainda não foi julgado.

Marcinho pagou, no entanto, R$ 200 mil aos familiares dos professores para que não houvesse processo civil contra ele com pedido de indenização.

O jogador foi denunciado por homicídio culposo.

Esse é o caminho que a defesa de Renan pretende seguir.

Inclusive, como o julgamento deverá levar anos, com direito de o jogador continuar sua carreira.

Abel Ferreira via enorme potencial. Mas desistiu do jogador. Pelo comportamento fora de campo
Abel Ferreira via enorme potencial. Mas desistiu do jogador. Pelo comportamento fora de campo

A direção do Red Bull Bragantino segue firme. Não quer nem que o jogador se reapresente ao clube, apesar de estar emprestado pelo Palmeiras até dezembro. Quer a rescisão imediata.

O zagueiro tem contrato com o Palmeiras até 2025. 

A presidente Leila Pereira é quem se mostra mais revoltada com a situação.

Não quer que o atleta volte ao clube. Mesmo tendo grande valor de mercado.

Pelo site especializado em transferência de atletas Transfermarkt, Renan custaria cerca de 9 milhões de euros, perto de R$ 50 milhões.

Com 20 anos e várias passagens por seleções brasileiras de base, em 2021 ele jogou em 41 partidas pelo Palmeiras. Seu comportamento fora do campo fez com que Abel Ferreira o deixasse de lado e recomendasse a saída do clube. "Para amadurecer e aprender a valorizar o Palmeiras", disse ao blog um conselheiro importante ligado à atual direção. 

Só que deu tudo errado.

A direção do Palmeiras quer dar toda a atenção à família de Eliezer Pena. O Red Bull Bragantino está apoiando uma "vaquinha virtual" para que as pessoas contribuam financeiramente com os familiares da vítima.

Renan, R$ 50 milhões. Até o acidente
Renan, R$ 50 milhões. Até o acidente

Advogados do jogador dizem que Renan está muito "abalado".

A situação é complicada.

Se depender de Leila, a rescisão será acertada o mais rápido possivel.

Nem o Bragantino nem o Palmeiras querem seguir com o atleta...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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