Abel Ferreira será cabo eleitoral de Leila. Usa sua permanência até 2030 como trunfo para a candidata à reeleição. Acordo já está firmado
Treinador português percebeu que em nenhum clube do mundo receberia o apoio irrestrito que tem no Palmeiras. Mesmo diante do ataque de machismo, de gesto obsceno e fracassos na Libertadores e na Copa do Brasil, Leila ficou ao seu lado. Vai retribuir
Cosme Rímoli|Do R7
Abel Ferreira pensou muito a respeito.
Analisou o quanto Leila Pereira tem sido fiel.
Firme.
Mesmo em situações que o treinador esteve completamente errado.
Como quando tocou na genitália, ao não concordar com uma marcação do árbitro Anderson Daronco.
E foi expulso na partida que eliminou o Palmeiras da Copa do Brasil, contra o Flamengo.
Ou quando foi absolutamente machista com a repórter Aline Fanelli, da rádio Band News.
“Mais uma lesão. Só tenho que dar satisfações à três mulheres: minha mãe, minha mulher e a presidente do Palmeiras, Leila. São as únicas que têm direito de me pedir explicações. Por que perdeu? Por que lesionou? As únicas.”
Vieram as eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, maior objetivo do ano.
Leila, que começou 2024 fazendo uma coletiva só com mulheres, fez de conta que nada aconteceu.
Preferiu o silêncio, mesmo indo contra suas convicções feministas.
Não seguiu de maneira coerente.
Não reprimiu Abel.
Nem o cobrou pelos fracassos nas competições.
Muito menos as tristes declarações de ontem, desafiando os jornalistas, que ousaram perguntar sobre o esquema tático contra o Criciúma.
“Sei que todos vocês [jornalistas] gostariam de estar sentados aqui no meu lugar. Eu entendo esse lado. Mas, mais uma vez eu vos digo: vocês têm que estudar, tem que tirar o curso (de treinador), e só depois podem sentar aqui e escolher os jogadores da equipe que vocês entendem que é a ideal.
“Vocês têm o direito de fazer as perguntas que vocês acham que são legítimas, e eu também tenho direito de responder da forma que eu quiser. Opções de treinador (não escalar Veiga e Maurício juntos). Não justifico aos meus jogadores por que tiro, por que coloco, por que jogo com três, por que jogo com quatro.
“Não justifico por que o meu jogador foi expulso e eu fiz duas substituições na hora e mudei o sistema. Da mesma forma que te digo é que tem a ver com as minhas opções e o que eu idealizei que era o melhor para esse jogo.”
Tudo foi tão sem sentido, que os repórteres na coletiva de ontem não reagiram.
Mas sua atitude ditatorial repercutiu onde ele menos queria, na Europa.
Jornais portugueses destacaram Abel Ferreira mandando os jornalistas estudarem para ser técnicos.
Leila outra vez em silêncio.
Diante de tanto apoio, o treinador decidiu ser seu cabo eleitoral para a reeleição.
O pleito deverá acontecer em novembro.
“Se calhar, se a Leila quiser, se jogarmos semana a semana, consigo ficar aqui até 2027 ou 2030.”
A presidente briga politicamente para ficar até 2027, quando terminaria seu segundo mandato.
Abel já cogita, inclusive, ficar o primeiro mandato do sucessor indicado por Leila.
Como reconhecimento pelo apoio irrestrito.
A dirigente está exultante.
Sabe que já era franca favorita diante de Savério Orlandi, candidato da oposição.
Com Abel Ferreira como cabo eleitoral, a eleição já está mais do que ganha.
A aliança entre a presidente e o técnico nunca esteve tão sólida...
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Após golear o Criciúma, o técnico do Palmeiras falou sobre desfrutar da vida e citou os brasileiros como exemplo.
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