Abel ameaçado. Emprego depende da sobrevivência na Libertadores
Time de R$ 100 milhões e que 'ganharia tudo' em 2019, decepciona, frusta. Mal montado, derrota contra a LDU coloca de vez em risco trabalho de Abel
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Gabriel confessando toda a dificuldade que tem em jogar como marcador de lateral esquerdo.
Arrascaeta incomodado em ser obrigado a atuar pelo lado esquerdo, aparentemente como gosta, mas marcando o lateral direito adversário.
Bruno Henrique no meio, enfiado entre os zagueiros. Mas só funciona quando ocupa a esquerda, se aproveitando da dificuldade física de Arrascaeta em marcar e atacar.
Cuellar sobrecarregado diante da afobação de Arão, tentando marcar todo o meio de campo adversário e não marcando ninguém.
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Pará especialista em chutões e não acompanhar a linha de impedimento, facilitando qualquer contragolpe ou bola na área adversária.
Rodrigo Caio sempre um décimo de segundo atrasado nos lances agudos, como no São Paulo.
Diego Alves irritado com a fragilidade defensiva do Flamengo, deixando todos ainda mais inseguros.
A eterna insegurança entre Diego Ribas, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Vitinho, Gabigol e Bruno Henrique.
No sexteto milionário só há lugar para quatro jogadores.
E eles, contrariados, vão se revezando.
Não há estrutura tática, conjunto.
Defesa, meio-campo e ataque são setores distintos, separados.
Dispostos como se formassem uma equipe de pebolim.
Mais do que tudo, diretoria, torcedores, atletas e, pior, o próprio Abel Braga acreditando que a conquista do insignificante Campeonato Carioca é referência.
O resultado é que o Flamengo é a grande decepção entre os times brasileiros na Libertadores.
O clube que gastou cerca de R$ 100 milhões para a temporada de 2019 está à beira da eliminação da Libertadores.
Ainda na fase de grupos.
A derrota contra o LDU, em Quito, de virada, trouxe uma pressão enorme na Gávea.
No desembarque do time no Rio de Janeiro, Abel Braga, o grande responsável por tanta instabilidade se recusou a falar.
De óculos escuro, passou por jornalistas e torcedores, protegido por seguranças.
Ele não pôde estar no banco de reservas, suspenso por atrasos do Flamengo nas voltas do intervalo contra Peñarol e San José.
Mas as ideias, a formatação da equipe, as trocas, o recuo excessivo, foram todas de Abel Braga. A derrota foi dele e não do seu auxiliar.
O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, se cala nessa hora de pressão.
Ele é responsável pelo clima enorme de decepção, ao ter prometido que, em 2019, o Flamengo 'ganharia tudo' que disputasse.,
Só que agora o time milionário que montou está seriamente ameaçado de eliminação no principal objetivo do ano, a Libertadores.
O Flamengo é um elenco que foi montado por Landim.
Com a prioridade do meio para o ataque.
Ninguém pensou em investir forte nas laterais e nos zagueiros. Rodrigo Caio é muito fraco para as cobranças flamenguistas. Não era reserva no São Paulo por acaso.
Diante da recusa de Renato Gaúcho, a aposta altíssima foi em Abel Braga.
O resultado até agora, mesmo com a conquista do insignificante Campeonato Carioca, é de um time instável, muito vulnerável defensivamente.
Das 22 partidas que disputou no ano, tomou gol em 16 delas. E enfrentando equipes pequenas, dos subúrbios cariocas.
Tudo que está acontecendo não é por acaso.
São erros seguidos de erros.
Como disputar o título contra o Vasco sem poupar ninguém.
Mesmo sabendo da partida importantíssima em Quito.
Com 2.850 metros de altitude.
Antes da partida decisiva, no Uruguai, contra o Peñarol, o Flamengo terá três jogos dificílimos no Brasileiro.
Cruzeiro já no sábado, no Maracanã. Depois, o Internacional, em Porto Alegre. E o São Paulo, no Morumbi.
Derrotas vão trazer mais tensão à Gávea.
O clima é péssimo na Gávea.
O time de Abel Braga precisa responder.
As críticas ao técnico são poderosas.
Ou o Flamengo reage...
Ou estes quatro próximos jogos podem ser os últimos do treinador.
A decepção com seu trabalho é gigantesca.
Proporcional à expectativa criada por Landim.
"Aí, galera, vamos ganhar essa porra toda.
Vamos ganhar tudo esse ano.
Chega de cheirinho!
Vamos ganhar título!', prometeu...
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