A raiva de Neymar. Ótima atuação que tirou o Santos da zona do rebaixamento. Mas a confissão: jogou no sacrifício. ‘As pessoas não precisam saber o que eu e os médicos sabemos da minha contusão’

Infiltração de analgésico e ácido hialurônico no joelho esquerdo?

Contusão não tão séria assim?

Esgarçamento no menisco?

Mas como um jogador com essa lesão pode jogar, e só sair de campo aos 44 minutos do segundo tempo, para ser aplaudido?

Ele teria enfrentado os médicos para jogar?

Ou a lesão é muito pequena e ele pode atuar normalmente?

Ou correu risco, arriscou ter de enfrentar uma operação?

Neymar fez questão de manter o mistério, não falar de sua contusão.

Contra o Sport, ontem, ele fez uma das melhores partidas de 2025. Correu, driblou, lançou, marcou o primeiro gol da importante partida. Deu assistência, cobrando escanteio na cabeça de João Schmidt.

O Santos saiu da zona do rebaixamento, empurrou o Vitória e o Internacional. A torcida o aplaudi de pé.

Mas nada disso acalmou a ira de Neymar.

Ele não se conforma ter vazado para a imprensa sua lesão no menisco.

A lesão é real, de acordo com o capitão e camisa 10.

Raivoso, ele confirmou a contusão. Mas fez questão de não revelar o grau. Se ele terá de fazer uma atroscopia ou não.

“Sendo sincero, não está tudo bem! Mas as pessoas não precisam saber que os médicos e eu sabemos.

“São essas pessoas que têm que saber o que aconteceu. Não vou prejudicar minha carreira, buscar fazer o melhor para mim. É isso que tenho para falar.

“Inventam muitas coisas. Fico triste. Muito chateado. Sou um ser humano e nenhum ser merece escutar as baboseiras que escutei. Vocês, que noticiam as coisas, tem que tomar muito cuidar. É muito prejudicial a mente do ser humano.

“Estou feliz pelo jogo de hoje. Pelo gol, pela vitória do Santos. Buscar os três pontos.

“Cara, sobre essas decisões, são internas. Não passei por cima dos médicos, foi uma decisão em conjunto. Quem tinha que tomar era eu.”

O que se sabe com certeza é que há uma lesão.

Neymar, Neymar pai, o presidente Marcelo Teixeira, todos confirmaram a lesão.

O blog conversou com um médico ortopedista, que trabalhou anos em clube grande. E em off, ele aceitou falar sobre a possível lesão de Neymar.

A pergunta foi direta.

‘É possível um jogador atuar com uma lesão no menisco?’

A resposta.

“Sim, se ela for mínima. Se for grau um. Ou seja, ela é horizontal. Uma pequena falha no menisco que é detectada por exame de imagem.

“E o atleta tem inchaço, desconforto. O tratamento pode não ser cirúrgico, se for mínima, repito. Basta fisioterapia e fortalecimento muscular. E medicamento infiltrado, que não é doping, para aliviar o desconforto. Além do descanso.

“Faltam poucos jogos para acabar o Brasileiro. É possível o atleta seguir atuando mais três partidas.

“Não seria nenhum milagre.

“Mas nunca é bom ter uma lesão. Mesmo pequena. Se ela não for tratada o risco é grande. Mas não é o caso de Neymar. Sei que o Santos está fazendo todo o possível e o mais moderno com ele. Por isso, pode terminar o ano jogando.”

A resposta desse profissional, que não viu os exames de Neymar, e só analisou o que teve acesso pela imprensa, tem o fundamento de quem é médico.

E há lógica.

Neymar ontem atuou de forma normal. Só com uma proteção na coxa esquerda. Privilegiado pelo esquema de Vojvoda, que o deixou na intermediária do Sport, esperando os passes dos companheiros. Sem ter a obrigação de voltar para pegar bola.

O Sport se mostrou uma equipe fraquíssima, deixando explícito porque é lanterna do Brasileiro e já rebaixado.

A marcação foi falha, o time escancarado, aberto a contragolpes seguidos do Santos. A goleada poderia e mereceria ser muito maior.

Vojvoda, muito feliz com a vitória e que tirou o time da zona do rebaixamento, elogiou muito Neymar.

Perguntado se o camisa 10 jogou ‘no sacrifício’, o treinador argentino não negou.

“O líder muitas vezes se faz nisso. Há diferentes tipos de liderança.

“Estou dentro de um grupo de futebol, com lideranças diferentes, alguns de palavras, outros de exemplos para treinar, outros que são naturais e têm esse dom de liderança.

“Neymar tem sua liderança e a partir disso, com seu compromisso, com sua influência, vai influenciando todos que estão ao redor.”

O camisa 10 santista estava muito feliz com o final da partida.

Os três pontos conquistados.

A saída, ainda provisória, da zona do rebaixamento.

“A gente vem enfrentando uma dificuldade muito grande na luta contra o rebaixamento. Não queríamos isso, mas agora dependemos de nós. Sabemos que saldo de gol é importante. Por isso que a todo momento cobrei a equipe para continuarmos tentando fazer os gols.

“Respeitando a equipe do Sport, mas queríamos muito essa vitória, queria um saldo maior. Sabemos que no final isso será importante. Parabéns para equipe pelo resultado de hoje, pelos três pontos. Temos que continuar seguindo daqui para melhor.”

Neymar já avisou.

Estará, de qualquer maneira, na partida contra o Juventude, em Caxias, na próxima quarta-feira.

Seguirá ‘no sacrifício’.

O tamanho do ‘sacrifício’ só ele e os médicos santistas sabem.

Por enquanto...