A maior decepção no Brasileiro: Patrick de Paula. Ego sabota a contratação mais cara da história do Botafogo. Reserva dos reservas
O treinador português Luís Castro se cansou do ego do jogador, que foi contratado a peso de ouro, do Palmeiras. Reserva dos reservas, não tem feito falta. Se não mudar, não ficará em 2023
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Enquanto os jogadores titulares e reservas do Botafogo dançavam, se abraçavam, festejavam no gramado do Morumbi a importante vitória sobre o São Paulo, faltava na farra justamente o seu jogador mais caro de todos os tempos.
Jamais o clube carioca havia gasto tanto dinheiro com um jogador.
Foram 50% dos seus direitos por 6 milhões de euros, cerca de R$ 30,3 milhões.
E cuja contratação foi motivo de orgulho para o bilionário John Textor, sócio majoritário, dono do Botafogo.
Ganhou a consagrada camisa 8 de Gerson, genial jogador, um dos responsáveis pelo tricampeonato brasileiro no México.
Em março, tinha 22 anos, foi tratado como um atleta excepcional e que seria o símbolo da modernidade, ousadia, talento, vibração, intensidade de um Botafogo que renascia. E a garantia de grande lucro em uma mais que provável revenda para a Europa. Jogador que seria, na análise da direção, figura certa na Seleção Brasileira, depois da Copa de 2022.
Mas Patrick de Paula tem sido enorme e caríssima desilusão.
Na análise do site especializado em transações de futebol, o transfermarkt, a desvalorização do meio-campista é incrível. Em dezembro de 2021, ele valia 16 milhões de euros, cerca de R$ 81 milhões. Atualmente, mal chega a 11 milhões de euros, cerca de R$ 55 milhões. Ou seja, desvalorização de pouco mais de 30%.
Há algo muito errado com o jovem jogador há tempos.
Apesar de todo o seu talento, Abel Ferreira fez questão de avisar a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que, se houvesse uma boa proposta pelo meio-campista, o negociasse. No auge da pandemia de Covid-19, ele foi flagrado por torcedores em uma balada, na noite de 21 de junho de 2021.
Foi a gota d'água.
Há tempos, Abel estava cansado da postura do jogador. Suas saídas noturnas, a falta de energia, de empenho nos treinamentos, a irritação em ser reserva. O treinador decidiu que não servia para seguir no "seu time".
A capitalista empresária, dona da Crefisa, vendeu apenas 50% do jogador, apostando no seu enorme potencial. Uma aposta que no Rio de Janeiro, estado em que nasceu e está a família, Patrick de Paula voltaria a ter o grande comprometimento quando chegou do Torneio das Favelas para o Palmeiras.
E ele foi embora, surpreendendo quem não soubesse dos bastidores do clube.
Gabriel Menino não foi também por falta de oferta. Por isso vive com sua segunda chance.
No Botafogo, seu desempenho tem sido pífio.
Assim como Abel Pereira, Luís Castro se cansou da sua falta de dedicação.
"Na vida é isto, ou se está em condições ou não está. E o Patrick já não estava em condições há tempos. Comigo, se não estiver em condições, não vai a jogo. Para mim, a semana de trabalho é sagrada.
"Respeito e dignidade no trabalho para mim são valores fundamentais."
Esta explicação dura, e pública, foi dada por Luís Castro, após explicar por que não usou o jogador contra o Corinthians.
Patrick de Paula teve uma inflamação que paralisou um lado do seu rosto no início de setembro. A doença, chamada paralisia de Bell, não tem sua causa definida. Como surgiu, desapareceu.
O volante já poderia ter ao menos sido reserva nas duas últimas partidas do Botafogo. Foi escolha de Luís Castro não deixá-lo nem no banco.
O estafe do jogador, que trabalha com um dos maiores empresários do país, Giuliano Bertolucci, tratou de avisar à imprensa que ele contratou dois preparadores físicos, um quiroprata (massagista) e um coach (motivador psicológico) particulares. Está gastando R$ 20 mil por mês com esses profissionais para voltar a ser o jogador empolgante do início de carreira no Palmeiras.
Patrick de Paula tem muito a recuperar.
Sua postura displicente, ao se tornar reserva, não agradou apenas a Luís Castro. Mas à direção do clube. Chegou até ao bilionário John Textor. Patrick de Paula também não tem muitos defensores no elenco.
Se ele não mudar radicalmente o comportamento até o final da temporada e dar mostras que a transformação é definitiva, sua passagem pelo Botafogo pode terminar. Mesmo com o clube perdendo dinheiro.
O treinador Luís Castro é muito exigente com a atitude de seus jogadores em relação ao grupo. Sempre foi assim. Deixa claro que não vai se dobrar a Patrick de Paula.
Enquanto o Botafogo, renascendo com os bilhões de Textor, faz excelente segundo turno, brigando, de verdade, por uma vaga na Libertadores da América. Ocupa a 9ª colocação.
E Luís Castro afirma que o objetivo do clube, que no primeiro turno flertava com o rebaixamento, está nas competições internacionais.
Patrick de Paula não tem feito a menor falta nesta reação.
Ele e seu empresário, Giuliano Bertolucci, sabem bem disso.
Assim como os clubes europeus que o observavam e perderam o interesse.
A sua pouca idade, 23 anos, é a grande aliada em uma possível reviravolta.
Mas vai depender do seu comprometimento.
Com o fim da irritação por não ser titular.
Domar seu ego.
Treinar com muito mais empenho.
Ele já perdeu o Palmeiras e está muito perto de perder o Botafogo...
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