A estranha venda de Antony. Com o valor real. E com o imaginário
Na realidade, o São Paulo vendeu o jogador para o Ajax por R$ 74 milhões. Mas divulga: se uma série de hipóteses der certo, receberá R$ 135 milhões
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O inseguro presidente do São Paulo, Leco, estava sendo massacrado pelas cobranças. Desde 2015, ele acumula fracassos não só dentro do gramado.
O tricampeão mundial não venceu um título sequer, aumentando para oito anos de jejum, sob a atual administração. Não modernizou o Morumbi. O estádio ficou ultrapassado diante das arenas do Corinthians e do Palmeiras.
O lado financeiro do clube também vai de mal a pior.
Fechou 2019 com o déficit de R$ 180 milhões.
A diretoria previa a receita de R$ 121,4 milhões em venda de jogadores neste ano. No entanto, só conseguiu R$ 71 milhões.
O principal caso, que se arrastou o ano todo, foi o de Antony.
O inseguro Leco sustentou a conselheiros que iria vendê-lo 'muito bem.' Primeiro, sonhava com 25 milhões de euros, cerca de R$ 117 milhões.
Depois de perder muito tempo, muito desgaste emocional do jovem jogador, cujo rendimento caiu muito, o dirigente se rendeu à realidade.
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Aceitaria R$ 20 milhões de euros, cerca de R$ 93 milhões.
O principal interessado sempre foi o Ajax.
Representantes do clube holandês sabem muito bem a situação financeira do São Paulo.
E, depois de semanas de negociação 'de verdade', os europeus propuseram uma transação diferente.
Fez o São Paulo apostar no futuro.
Sonhar, delirar, com 29 milhões de euros, R$ 135 milhões, pelo jogador.
Uma maravilha.
Para quem sonhava com R$ 117 milhões, receber R$ 135 milhões é sensacional.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, deveria se aconselhar no Morumbi.
O clube detalhou a 'fantástica' transação.
São 16 milhões de euros (cerca de R$ 74 milhões) por Antony; mais 6 milhões de euros (cerca de R$ 28 milhões) em caso de metas cumpridas pelo jogador no novo clube; mais 7 milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões) por 20% de revenda futura que tinha de David Neres.
O São Paulo ganha ainda mais 20% de 'mais valia', ou seja, uma porcentagem do que exceder 16 milhões de euros de uma possível venda futura de Antony pelo Ajax.
Não é sensacional?
R$ 135 milhões...
Mas na realidade, nos cofres do Morumbi, chegarão, em 2020, o último ano dos longos cinco anos do inseguro Leco, R$ 74 milhões.
R$ 33 milhões à vista.
E mais R$ 42 milhões até dezembro.
Todo o restante vai depender das metas, da porcentagem de jogos que Antony conseguir ser titular no Ajax.
De David Neres despertar o interesse de gigantes europeus.
E de Antony ser vendido acima de 16 milhões de euros pelo Ajax.
Ou seja, não há garantia nenhuma que essas condições sejam reais, materializadas.
Não passam de fantasia.
O São Paulo vendeu sua maior revelação por menos que queria.
E cedeu à expectativa do que pode acontecer.
Como a janela já fechou, o jogador irá para a Holanda no meio do ano.
O talento de Antony é evidente.
Mas seus números são fraquíssimos para um atacante internacional.
Daí, os gigantes do futebol europeu não investirem na sua contratação, como sonhavam os dirigentes.
Ele fez 45 jogos pelo São Paulo.
E apenas seis gols.
Perdeu a condição de titular na seleção pré-Olímpica.
Talvez não seja nem chamado para disputar os Jogos de Tóquio.
A pressão era grande demais.
Há mais de um ano, seu nome vem sendo especulado na Europa, pela própria diretoria do São Paulo.
Ele teve de abrir mão de 10% dos seus direitos para que fosse fechada com o Ajax. Ele teria 20% a partir de junho.
A venda está feita.
O dinheiro real também.
Assim como o 'provável'.
Negociação com a marca da gestão Leco...
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