A dignidade de Rogério Ceni. Disse não ao Atlético e fica no Fortaleza
O treinador não tratou o clube nordestino como foi tratado pelo inseguro Leco. Ceni cumpriu sua palavra. Não aceitou proposta do Atlético Mineiro
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Ele decidiu tratar o Fortaleza com respeito.
Sentimento que não teve por conta do presidente do São Paulo, o inseguro Leco.
O dirigente vendeu jovens valores fundamentais à equipe e, depois que a viu fracassar, não teve o menor constrangimento de demitir o jovem treinador.
Se escondeu, usou a inexperiência do técnico para desviar o foco das irresponsáveis e inexplicáveis negociações, que sabotaram o São Paulo.
Rogério Ceni teve a dignidade de afirmar à cúpula do Atlético Mineiro que não aceita a proposta de assumir o clube.
Seguirá no Ceará.
Sim, o seu pai está seriamente doente.
Mas foi a palavra empenhada à diretoria do Fortaleza que pesou.
Todo o planejamento no futebol do clube nordestino até o final de 2019 partiu das determinações de Ceni.
O elenco inteiro foi formado para agradar o treinador.
Até a contratação efetivada de Kieza.
Uma das torcidas mais apaixonadas do Brasil o fez ter um sentimento que acreditava impossível, ser ídolo por outro clube neste país.
No cenário do futebol brasileiro, a postura de Rogério Ceni é absolutamente reverenciada.
Ele iria ganhar mais em Belo Horizonte.
Teria um elenco problemático, mas com potencial técnico muito maior.
Estaria de volta a um dos maiores polos de futebol do país.
Só que Rogério Ceni foi extremamente frio na sua decisão.
Sabe que controla o elenco do Fortaleza.
Não foi campeão da Série B e ganhou o Cearense no domingo passado à toa.
Assim como não foi por acaso que está na semifinal da Copa do Nordeste.
Ceni mesclou sua vivência de 25 anos como jogador e quase dois anos como técnico para perceber que escolheu o melhor caminho.
Ele encontraria um grupo formado, com jogadores experientes e que acumulam vexames e fracassos em 2019. A eliminação na fase de grupos da Libertadores e a perda do Campeonato Mineiro são pesados demais.
Sabe o quanto é ruim tentar montar um novo time com a pressão do Campeonato Brasileiro, com a Copa do Brasil. E ainda talvez a Sul-Americana.
Competições demais para a formação de nova equipe.
Rogério Ceni misturou sua palavra e o bom senso para ficar no Fortaleza até dezembro deste ano.
E, em janeiro, seguir sua carreira.
Provavelmente em outro clube grande.
O Santos já o sondou.
Assim, como agora, o Atlético Mineiro.
Aos 46 anos, sabe que a sua perspectiva é ótima.
Acertou em cheio na decisão.
Ótimo para ele, para o Fortaleza.
E para a saúde de Eurydes Ceni...
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