Cosme Rímoli 'Tivemos coragem. Somos o time de guerreiros.' A empolgação de Fernando Diniz. Pela primeira vez na carreira, decidirá a Libertadores

'Tivemos coragem. Somos o time de guerreiros.' A empolgação de Fernando Diniz. Pela primeira vez na carreira, decidirá a Libertadores

Treinador não teve medo de escancarar o Fluminense para buscar a virada contra o Internacional, em pleno Beira-Rio. Técnico da seleção brasileira fez história

  • Cosme Rímoli | Do R7

A 'culpa' foi mesmo de Fernando Diniz. Ele correu todos os riscos. E o Fluminense conseguiu vitória histórica

A 'culpa' foi mesmo de Fernando Diniz. Ele correu todos os riscos. E o Fluminense conseguiu vitória histórica

Reprodução/Twitter

São Paulo, Brasil

2023 é um ano mágico para Fernando Diniz.

Há dez anos ele estava no Audax Osasco.

Foi para o Guaratinguetá, voltou para o Audax, tentou a sorte no Paraná Clube, foi para o Oeste, voltou para o Audax.

Aceitou trabalhar no Guarani, no Athletico Paranaense, Fluminense, São Paulo, Santos, Vasco da Gama e voltou ao Fluminense, no ano passado, acumulando demissões e fracassos.

Mas em 2023 ganhou seu primeiro título na elite do futebol brasileiro, em 14 anos de carreira. Foi campeão carioca. A maneira corajosa com que arma os times que comanda encantou a mídia do Rio de Janeiro. E ela pressionou muito a cúpula da CBF.

Fernando Diniz foi escolhido para ser o treinador interino da Seleção, enquanto não termina o contrato de Carlo Ancelotti no Real Madrid. Ele sabe que poderá ser efetivado, porque o italiano não dá demonstrações públicas de que realmente quer comandar o Brasil na Copa de 2026.

E hoje ele comemora a sua primeira chegada à final de uma Libertadores da América.

Seu Fluminense sofreu, mas conseguiu a virada emocionante contra o Internacional, em plena Porto Alegre, por 2 a 1, com o Beira-Rio lotado.

Gols de Mercado, em uma raríssima falha de Fábio, que tropeçou em Nino. John Kennedy e Cano marcaram os gols que garantiram a vitória na semifinal decisiva.

O equatoriano Enner Valencia teve duas chances claríssimas para marcar, cara a cara com Fábio. Cabeceou a primeira e chutou a segunda para o mesmo lugar. Para fora.

Diniz garantiu o Fluminense na decisão do torneio que o clube jamais venceu.

Com muita ousadia, no intervalo tirou Felipe Melo e Alexsander. Colocou nos seus lugares Martinelli e John Kennedy, comprando a briga. Escancarando seu time, mas ganhando força no ataque. Era 'tudo ou nada'.

Fernando Diniz abraçou, beijou seus jogadores. A vitória era histórica para o Fluminense.

Fernando Diniz abraçou, beijou seus jogadores. A vitória era histórica para o Fluminense.

Diego Vara/Reuters - 04.10.2023

Depois de correr para abraçar e beijar seus jogadores, Diniz discutiu com o técnico do Internacional, Eduardo Coudet, e ainda foi celebrar com os 4.000 torcedores tricolores que tinham ido ao estádio do Internacional.

"É o sonho que todo mundo fala. É o sonho de conseguir o máximo que possamos conseguir juntos. Sonhamos juntos. Vamos continuar sonhando", disse, deixando claro o quanto deseja esse título.

O experiente lateral esquerdo, Marcelo, fez questão de dizer de quem era a "culpa" pela caminhada vitoriosa até a decisão da Libertadores.

Resumiu com uma frase significativa: "A culpa é do Diniz".

O treinador fez questão de não ficar com os méritos.

"Agradeço as palavras do Marcelo, mas a classificação teve muitos culpados. Os jogadores foram brilhantes durante todo o campeonato. Especialmente nos jogos que tivemos um a menos, como contra o Argentinos Juniors.

"Na semana passada contra o Internacional (2 a 2 na primeira semifinal). Eles mostraram a grandeza. Aqui hoje também. Tivemos dificuldades, saímos perdendo num gol de bola parada, tivemos coragem. Foi uma vitória extremamente justa, da união, da coragem. Vitória da convivência. Um time que sabe viver junto.

Fernando Diniz nunca havia chegado 'tão longe' na sua carreira de 14 anos como treinador de futebol

Fernando Diniz nunca havia chegado 'tão longe' na sua carreira de 14 anos como treinador de futebol

EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 04.10.2023

"É um time de grandes campeões, de grandes homens. Não é um time de senior. É um time de grandes homens. O Inter tem um grande técnico, grande time, grande torcida. Na final, vamos ter 50% de chances como o nosso adversário.

"Como Boca Juniors ou Palmeiras. Claro que jogar no seu estádio ajuda, mas não determina. Mostramos isso no Beira-Rio.

O treinador teve de assumir que a entrada de John Kennedy mudou o jogo. Ele fez o gol de empate e ainda deu assistência para Cano sacramentar a virada. Fernando Diniz o havia tirado do time titular, por conta de Paulo Henrique Ganso.

O treinador falou mais da personalidade do jogador, que deixou de criar problemas fora de campo, com baladas.

"Esse menino é um grande vencedor, está se tornando um homem cada vez mais íntegro. Cada vez mais bonito. O futebol perde a rodo talentos como esse no Brasil. Espero de todo o meu coração que ele consiga ter cada vez mais os pés no chão.

"Pés do tamanho do talento dele. Merece todos os elogios, todos os aplausos. Não é fácil ter a vida que ele teve e se tornar o que está se tornando. O jogador é reflexo do que se tornou como pessoa. Esse menino vale ouro. Além de extremamente talentoso, está se tornando um homem de bem."

Cano comemora seu gol decisivo. O argentino chega a 36 gols em 2023. É privilegiado no esquema de Diniz

Cano comemora seu gol decisivo. O argentino chega a 36 gols em 2023. É privilegiado no esquema de Diniz

Diego Vara/Reuters - 04.10.2023

Diniz lembrou de sua primeira passagem como treinador do Fluminense, quando ficou apenas nove meses e foi mandado embora, em 2019.

"Quando saí daqui, senti que uma hora ia acabar voltando e voltei. Sinto que estou construindo uma história cada vez mais bonita. Não acho que terminou, se não ia embora amanhã.

"Independentemente do adversário que a gente tiver, será tarimbado, difícil, para ser campeão da Libertadores.

Foi difícil para o treinador conter sua emoção.

Ele é um novato na decisão da Libertadores.

E está empolgadíssimo.

Bom até para a seleção brasileira.

Diniz sabe que haveria o questionamento, caso o Fluminense fosse eliminado. Como o técnico escolhido pela CBF e nas Laranjeiras será sempre assim.

Mas não tem do que reclamar.

2023 o colocou em outro patamar...

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