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Silvio Lancellotti Copa 2018
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Memórias 11: um resumo de todas as partidas de abertura da Copa

Do Uruguai/30 ao Brasil/2014, ocorreram inclusive combates no mesmo horário e em cidades diversas. Nesta quinta, Rússia X Arábia Saudita.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti


O estádio de Luzhniki, em Moscou, na abertura da Copa 2018
O estádio de Luzhniki, em Moscou, na abertura da Copa 2018

Começou apenas em 1966, na sua oitava edição, enfim organizada pela Inglaterra, oficialmente considerada a inventora da Futebol, a tradição de a Copa do Mundo se iniciar com uma celebração formal de abertura. Então, no seu templo sagrado de Wembley, e na presença da rainha Elizabeth II, a dona da casa recebeu a equipe do Uruguai e impactou a monarca pela violência dos seus súditos em ação, mais agressivos até que os famigerados rivais.

Antes, do Uruguai/30 ao Chile/62, houve abertura com oito combates na mesma data, e em oito cidades diversas, na Itália/34 e na Suécia/58. Em 66 e no México/70, aliás, o anfitrião inaugurou a competição. Da Alemanha/74 ao evento de 2002, Coréia do Sul e Japão, coube a primazia ao detentor do título. Daí, uma outra vez, desde a disputa na Alemanha, em 2006, até o Brasil/2014, o país anfitrião mereceu o nobre privilégio de capitanear a festança.

Detalhe: na presente era de partida única, da Inglaterra à Rússia que, nesta quinta-feira, 14 de Junho de 2018, pega a Arábia Saudita no seu lindo Estádio Luzhniki, Moscou, 80.000 lugares disponíveis, nunca, jamais, qualquer uma das seleções da abertura subiu ao topo do pódio. Eis um resumo dos inícios dos vinte eventos, cerimoniais ou triviais, já realizados.

URUGUAI/30 (13 Nações)

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Todos os palcos da primeira Copa ficavam na capital, em Montevidéu. Em homenagem ao inspirador Jules Rimet, na primeira pugna, em 13 de Julho, no campo de Pocitos, perante mirrados 998 pagantes, por 4 X 1 a França bateu o México. Na mesma data, no Parque Central, diante de mais gente, 10.000 espectadores, os EUA ignoraram a Bélgica, 3 X 0. Apesar do triunfo, a França não seguiu na competição. Os norte-americanos levaram o bronze.

ITALIA/34 (16 Nações)

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Absurdo, os oito prélios simultâneos em 27 de Maio. Ao menos a Itália concentrou as atrações da platéia de Roma, no Estádio Partido Fascista (e que nome!), 7 X 1 sobre os norte-americanos, 44.800 pessoas. A Itália foi campeã.

FRANÇA/38 (15 Nações)

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E finalmente uma Copa na pátria de Rimet. Naqueles idos a FIFA havia crescido bastante. Dos 47 afiliados de 1930, aos 58 das vésperas de II Guerra, cujo espectro interferiu na designação dos adversários da peleja de abertura. Com medo de futuras represálias, a FIFA concedeu prioridade à Alemanha, em 4 de Junho, empate medíocre de 1 X 1 com a Suíça no Parc des Princes de Paris, 30.000 pessoas. As regras daquele tempo não pressupunham a existência da prorrogação e dos penais. Em outro prélio, no dia 9, a Suíça sobreviveu com certo sossego, 4 X 2, plateia igual no mesmo estádio da Cidade Luz. Com quase o mesmo elenco, a Italia levou o bi.

BRASIL/50 (14 Nações)

Natural que o dono da casa estivesse presente no cotejo que oficialmente inaugurou o Maracanã, o maior estádio do planeta naqueles idos, 4 X 0 sobre o México, 81.700 espectadores, em 24 de Junho. De todo modo, mesmo sem sair do Rio e mesmo um favorito desembestado, o elenco do Brasil soçobrou na final, o Maracanã pasmado e silencioso, Uruguai 2 X 1.

SUÍÇA/54 (16 Nações)

Quatro duelos numa mesma data, 16 de Junho. E nenhum com a anfitriã da Helvécia. No La Pontaise de Lausanne, 25.000 presentes, Iugoslávia 1 X 1 França. Em Genebra, Les Charmilles, 17.500, Brasil 5 X 0 México. No Stade Zurich, 25.000, Áustria 1 X 0 Escócia. No Wanksdorf de Berna, a aparição do detentor Uruguai, 2 X 0 na Tchecoslováquia. Final: Alemanha 3 X 2 Hungria.

SUÉCIA/58 (16 Nações)

De novo, como na Itália/34, oito partidas no mesmo 8 de Junho. Na principal, a solene, com a presença do seu rei Gustavo Adolfo VI, em Solna, Estocolmo, 48.000 pessoas, Suécia 3 X 0 México. Dentre os desafios das outras seleções, em Udevalla, por 3 X 0, o Brasil sobrepujou a Áustria. Acabaria campeão.

CHILE/62 (16 Nações)

Quatro partidas em 30 de Maio, inclusive com o anfitrião e com o detentor. No Nacional de Santiago, a solene, para o público de 65.000 pessoas, Chile 3 X 1 Suíça. E, no Sausalito de Viña del Mar, platéia de 11.000, Brasil 2 X 0 México. Com praticamente o mesmo elenco, o Brasil conquistaria o bi em Santiago. Pelé se lesionou. Porém, Mané Garrincha muito mais do que fulgurou.

INGLATERRA/66 (16 Nações)

Além da rainha Elizabeth e do seu consorte, o príncipe Philip, 87.000 testemunharam a pancadaria comandada pelo volante Nobby Stiles, apelidado de “Butcher”, ou “Carniceiro”. Para mais se tornar ameaçador, ele tirava da boca a sua prótese dentária dos dois incisivos. Foi a abertura mais feia de todas, e na Copa mais abrutalhada da sua História. Obviamente, com a Inglaterra campeã, numa decisão polêmica, 4 X 2 sobre a Alemanha.

MÉXICO/70 (16 Nações)

Altitude de 2.250m, ar rarefeito, sol a pino, um absurdo de confronto programado para as 12h00. No Azteca da capital, 107.000 espectadores ruidosíssimos, a nervosa equipe da União Soviética se arrastou no gramado e, de todo modo, arrancou um empate, 0 X 0, aos ineficientes hospedeiros. O Brasil, que chegou ao altiplano cerca de dois meses antes daquele 31 de Maio, pôde se aclimatar adequadamente e abocanhou de vez a Jules Rimet, 4 x 1 sobre a Itália. O cambaleante México não ultrapassou as quartas.

ALEMANHA/74 (16 Nações)

Uma Copa com um formato bizarro. Uma segunda fase de grupos ao invés dos clássicos mata-matas. O Brasil inaugurou a competição no Waldtsadion de Frankfurt, 62.000 pessoas e um empate horroroso de 0 X 0 com a Iugoslávia. Alemanha campeã. Brasil atrás da Polônia, 0 X 1 na briga pelo bronze.

ARGENTINA/78 (16 Nações)

Idêntico formato ao da Alemanha/74. Em 1º de Junho, no Monumental de Nuñez de Buenos Aires, 67.000 pessoas, a detentora do título estacionou frente a Polônia, 0 X 0. As duas seleções empacariam na segunda fase de grupos. Numa competição polêmica, por causa das críticas generalizadas à virulência da repressiva Ditadura Militar do General Jorge Videla e outros comandantes, a esquadra platina arrebatou a taça numa prorrogação, 3 X 1 sobre a Holanda. Brasil em terceiro, 2 X 1 sobre a Itália na luta pelo bronze.

ESPANHA/82 (24 Nações)

Um formato ainda mais insólito, uma primeira etapa de seis grupos de quatro seleções, que daí se transformavam em quatro chaves de três. Na abertura, no Camp Nou de Barcelona, 102.000 pagantes, inesperadamente a Bélgica carimbou as faixas da Argentina, 1 X 0, em 13 de Junho. Como a dona da casa, a então campeã ficou no caminho e nem atingiu as semis. Idem, o Brasil. Desacreditadíssima, a Itália conquistou o título, 3 X 1 contra a Alemanha.

MÉXICO/86 (24 Nações)

Felizmente a FIFA acabou com a segunda fase de grupos. E, infelizmente, para que 24 equipes se tornassem 16 nos mata-matas das oitavas, inventou que as quatro melhores terceiras das seis chaves permanecessem na competição. A abertura, tenebrosa, de certa maneira simbolizou toda a bizarrice da escolha. Em 31 de Maio, no Estádio Azteca, 100.000 espectadores, Itália 1 X 1 Bulgária. Salvaram-se ambas. Nas oitavas, porém, com resultados iguais de 2 X 0, perderam da França e do México e se despediram. Na grande e empolgante decisão do ouro, a Argentina bateu a Alemanha, 3 X 2.

ITÁLIA/90 (24 Nações)

Mesmo com uma derrota surpreendente, para Camarões, na peleja de abertura, 0 X 1 no Giuseppe Meazza, Milão, 73.800 pessoas, a Argentina se recuperou e prosseguiu até a final, no Olímpico de Roma, a vingança impiedosa da Alemanha, 1 X 0, com a clara ajuda da arbitragem.

ESTADOS UNIDOS/94 (24 Nações)

Em outra pugna patética de tão ruim, no Soldier Field de Chicago, 63.100 espectadores, a Alemanha padeceu para suplantar a fragilíssima Bolívia, bastante prejudicada pela exclusão de Marco Etcheverry, que acabara de entrar. Na primeira decisão por penais da História, depois de torturantes 0 X 0 nos 120’ regulamentares, o Brasil bateu a Itália, 4 X 3.

FRANÇA/98 (32 Nações)

Afortunadamente, a FIFA desistiu da excrescência das 24 seleções e da obrigatoriedade de promover as melhores terceiras. Com 32 equipes em oito grupos se pôde montar naturalmente o emparceiramento da etapa subsequente. A abertura, em St.-Denis, Paris, à frente de 75.000 pagantes, o Brasil ganhou da Escócia, 2 X 1. Na decisão, porém, como consequência do episodio que envolveu Ronaldo, desabou diante da anfitriã, 0 X 3.

CORÉIA DO SUL & JAPÃO/2002 (32 Nações)

Em 31 de Maio, no Seul World Cup Stadium da Coréia, 62.600 pessoas, provavelmente a pugna de abertura de resultado mais chocante da História da Copa. Senegal 1 X 0 França. E a França favorita a um bi autêntico. A final ocorreu no Japão, Brasil 2 X 0 Alemanha, graças a um resgatado Ronaldo.

ALEMANHA/2006 (32 Nações)

Normas modificadas pela FIFA. Um país ganhador não mais se qualificava, automaticamente, para a competição subsequente. E também não mais garantia o privilégio de realizar a abertura, primazia entregue à seleção anfitriã. Em 9 de Junho, na Allianz Arena de Munique, a equipe tedesca chegou a se assustar com a boa performance da Costa Rica, uma livre-atiradora, mas ganhou de 4 X 2, para a alegria dos seus 66.000 torcedores. Ironia, em 4 de Julho, no WM Stadium de Dortumund, a desacreditada Itália conseguiu empurrar a Alemanha até a prorrogação, nos 120” derradeiros cravou o placar de 2 X 0, chegou à decisão e, então, bateu a França nos penais por 5 X 3.

ÁFRICA DO SUL/2010 (32 Nações)

Ainda que diante de 84.500 espectadores, o Soccer City de Johannesburgo abrigou um jogo bem sonolento entre a anfitriã e o México, 0 X 0. Na fase de grupos, a seleção da casa ficou atrás do Uruguai e do time azteca e não se classificou. Nas quartas, o México perdeu da Argentina, 1 X 3. Título inédito da Espanha, que perdeu da Suíça na estreia, 0 X 1, mas ainda se qualificou à frente do Chile, da equipe helvética e de Honduras. Daí, nos mata-matas, alinhavou quatro sucessos pelo mínimo placar de 1 X 0. Na final. contra a Holanda, aliás, o gol crucial apenas surgiu na prorrogação.

BRASIL/2014 (32 Nações)

Orientado por Luiz Felipe Scolari, seu treinador no título de 2002, o Brasil começou a sua segunda versão da Copa na novíssima Arena Corinthians, vitória sobre a Croácia, em 12 de Junho, 3 X 1, um público de 62.163 torcedores, a então lotação integral da casa do alvinegro paulista. Em 8 de Julho, porém, sofreria a pior goleada da história, no Mineirão, Alemanha 7 X 1. A Alemanha que levaria a taça contra a Argentina, 1 X 0 na prorrogação.

PS: E estas "Memórias" aqui se encerram, 11, número bem adequado...

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