Dia 8: França e Croácia nas oitavas, e a Argentina quase fora desta Copa
No Grupo C, enquanto os "Bleus" agarram uma vaga, a Dinamarca mantém as suas chances. No D, saúde à "Vatreni" e boas as perspectivas da Islândia.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Dentre as Gostosas maravilhas que uma Copa do Mundo propicia se incluem determinadas coincidências absolutamente inimagináveis, mesmo quando o sorteio das seleções de cada chave estabelece os seus emparceiramentos e também a ordem cronológica dos seus combates. É. Quem poderia esperar que a Argentina entraria na segunda rodada do Grupo D ameaçada por uma eliminação precoce? E quem poderia apostar que, na dependência dos seus dois resultados deste dia 21 de Junho, os quatro componentes do Grupo C talvez rumassem à terceira rodada perigosamente engalfinhados?
O primeiro jogo, de certa maneira, apontou um caminho. Na Arena de Samara, ameaçada pela chuva que caíra na madrugada anterior, diante de uma Austrália já derrotada pela França, a Dinamarca defendeu os 3 pontos que havia conquistado anteriormente ao Peru – e não escapuliu de um medíocre empacamento de 1 X 1. Pior, ainda saiu à frente logo aos 7’, numa triangulação belíssima com Nicolai Jorgensen, que o astro Eriksen arrematou fria e precisamente de voleio, e de perna esquerda.
Então, a “Dynamite” desperdiçou ao menos três ótimas oportunidades de matar o jogo. E, aos 83’, claudicou. Num cruzamento alto sobre a sua área, vários atletas seus e diversos rivais dos “Socceroos” saltaram à procura da bola e Leckie testou rumo ao arco de Kasper Schmeichel, o filho do antológico Peter. De braços abertos em relação ao seu torso, Yurary Poulsen desviou. Com a visão atrapalhada, Antonio Mateu, o árbitro da Espanha,recorreu recorreu ao VAR, coordenado por Mark Geiger, dos EUA. Confirmado. Penal.
O barbudíssimo Jedinak converteu , 1 X 1, e manteve a sua seleção ainda viva na competição, ao menos até o cotejo seguinte, França X Peru. Foi o segundo penal que Yurary Paulsen cometeu. Acertadamente, Mateu optou pela não intencionalidade e lhe exibiu apenas um cartão amarelo que, de todo modo, vai retirá-lo do derradeira porfia da sua equipe, na fase de chaves, contra a França. Quanto a Jedinak, subiu a dois os seus tentos na Copa.
Claro, sem a dúvida mais escassa, o placar de Dinamarca X Austrália afetou crucialmente a preparação psicológica que Didier Deschamps e Ricardo Gareca ministraram aos seus pupilos de França e de Peru. A caminho da Arena de Ekaterinburg, os “Bleus” souberam que o empate, talvez, já lhes valesse a qualificação. Aos “Incas” só um triunfo seria de fato conveniente. E se atiraram ao ataque, também empenhados na quebra de um tabu.
Impressionante, os torcedores do Peru encheram cerca de 2/3 dos 33.081 lugares da Ekaterinburg Arena, a sonhar com o primeira vitória da sua seleção numa Copa desde os 4 X 1 sobre o Irã em 1978. Mas, caberia aos “Bleus” a inauguração do placar. Criticadíssimo pela mídia de sua pátria por não utilizar, nos 2 X 1 do jogo de estreia com a Austrália, o seu tridente (Kylian Mbappé, Olivier Giroud e Antoine Griezmann), responsável por 50% dos seus 18 gols nas eliminatórias, Didier Deschamps obedeceu e, aos 34’, na sua primeira contra-ofensiva, Giroud bateu meio prensado, a bola desviou em Rodriguez, encobriu o arqueiro Gallese, impotente, e Mbappé apenas escorou, 1 X 0.
Na cota dos 6 pontos, matematicamente a França garantiu a sua vaga nas oitavas. Não garantiu, porém, a liderança do Grupo C. A Dinamarca alcançou os 4 pontos e, agora, depende do seu confronto direto, “Bleus” X “Dynamite” na Arena Luzhniki de Moscou, dia 26. A Austrália segue três pontos atrás da Dinamarca. Precisa sobrepujar o Peru no mesmo dia 26, no Fisht Stadium de Sochi e fantasiar a derrota da Dinamarca. Difícil, porém não impossível.
Enfim, no Grupo C, aconteceu o duelo que prenunciava o maior drama da jornada. No Nizhny Novgorod a Argentina, um mero ponto, consequência do seu empate improvável com a Islândia, necessitava se resgatar diante da Croácia, proveniente de um passeio de 2 X 0, sobre a insinuante Nigéria. Adversário peculiar a “Vatreni”, ou “Ardente”, no currículo da “Albiceleste”. Foi contra a Croácia que, em Junho de 1994, Maradona disputou o seu cotejo derradeiro pela seleção em campos da Europa. Foi contra a Croácia que, em Março de 2006, Lionel Messi anotou o seu primeiro gol por sua pátria.
Como o gaulês Deschamps, Jorge Sampaoli, o treinador platino, atravessou a semana pressionadérrimo pela mídia invariavelmente clubística da sua terra. Em especial, após o empate chocante com a Islândia, 1 X 1, houve inclusive quem exigisse a sua cabeça. E Sampaoli respondeu com a escalação de um onze bem ofensivo frente a Croácia, um audacioso sistema 3-4-3. Sim, pressionou bastante a meta de Subasic. Mas, compensação ao contrário, a sua defesa, que já amedrontava, se tornou ainda mais penetrável nos seus dois lados, suscetíveis aos lançamentos do excepcional Modric.
Habitualmente engalanada com o seu fardamento todo de quadrados em vermelho e branco, desta vez a “Vatreni” se vestiu com um negro soturno e enfeitado de roxo. Cor de velório ou de missa-de-sétimo-dia. Aos 53’, porém, a Croácia ressuscitou o seu espírito “Ardente” e induziu o arqueiro Caballero, fraquíssimo por natureza, à pixotada da história da “Albiceleste”. Ao tentar a reposição de uma bola atrasada, horrorosamente chutou fraco e para o alto, essencialmente no pé direito de Rebic, que fuzilou, 1 X 0. Os primeiros acordes de um réqueim para o lamentável Sampaoli.
A Argentina vasculhou os seus arcanos atrás da chance de uma reação. Atabalhoadamente. Atrasado, quase à beira de uma autoflagelação, o treinador da “Albiceleste” remeteu ao gramado Higuaín e Dybala, heptacampeões com a Juventus de Turim. Inutilidade protocolar. Aos 80’ o excepcional Luca Modric se desvencilhou da marcação de Otamendi e registrou um gol delicioso, de curva, no canto. Nos acréscimos, Rakitic e Kovacik literalmente, e humilhantemente, brincaram à frente de Caballero, até a finalização de Rakitic, 3 X 0. Croácia nas oitavas. E a “Albiceleste” à espera de um milagre. Caso a Islândia vença a Nigéria nesta sexta, 22, por 1 X 0, estabelecerá uma diferença de 3 pontos e de 4 tentos sobre esta pobre seleção da Argentina. E o Lionel Messi? Êpa, falei o nome dele...
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