Dia 18: Akinfeev e Subasic salvam a Russia e a Croácia nos pênaltis
A estéril Espanha se despediu melancolicamente da Copa. A Dinamarca, todavia, lutou bastante e só esbarrou num arqueiro bem-aventurado.
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Continuou neste domingo 1º de Julho, com os seus cruéis e inexoráveis mata-matas, a fase das oitavas-de-final da Copa da Rússia/2018: quem perdeu, do svidanyia, adeus. Já despachadas, na etapa classificatória de oito grupos, 16 das 32 seleções inscritas, no sábado, 30 de Junho, foram-se embora mais duas, Argentina e Portugal. Ironicamente, as que ostentavam os dois astros que desde 2008 dividem o prêmio de melhor do mundo: pela “Albiceleste”, Lionel Messi; pela esquadra das “Cinco Quinas”, Cristiano Ronaldo.
Ao se encerrar a jornada que despediu tais personagens e exacerbou o brilho de dois craques do PSG, o uruguaio Cavani e o francês Mbappé, a Copa havia testemunhado132 tentos em 50 partidas, a média fraquinha de 2,64, um público acumulado de 2,27 milhões de espectadores, e a média excelente de 45.320. Pelos estádios que abrigariam os cotejos deste Dia 18 da competição, pode-se garantir o aumento dos números da plateia. A quantidade de tentos dependeria de Espanha X Rússia, que se pegariam no Luzhniki de Moscou, 78.011 lugares, e de Croácia X Dinamarca, no Novgorod, com 43.319.
Havia chovido, vigorosamente, na capital, durante todo o sábado e mais a madrugada do domingo. Circunstância que, permanecesse vivo o temporal, atrapalharia bastante o atual estilo de passes curtos e rápidos da “Fúria”. Não, não se viu um campo pesado em Moscou. De todo modo, embora lhe fosse favorável a história da sua peleja diante da Rússia, com seis vitórias e um tombo em dez duelos, a Espanha amargava um curioso tabu: nunca, na história da contenda, havia superado uma anfitriã. Fernando Hierro, o seu treinador, autoconfiante, decidiu poupar o craque Iniesta, 33 de idade.
Mas, logo aos 12’, a sorte protegeu a “Fúria”. Uma pelota alçada na direção de Sérgio Ramos. Pregadíssimo na sua marcação, Ignaschevich nada viu, meramente sentiu que a redonda caía às suas costas, lhe resvalava na panturrilha e traía o arqueiro Akinfeev. Recorde ingrato: aos 38 anos e 352 dias, o becão se tornou o mais velho a anotar um autogol num Mundial.
Não se decepcionaram, porém, os fãs da Rússia que lotaram o Luzhniki. Mesmo sem uma organização programada, o elenco de Stanislav Cherchesov buscou a igualdade e conseguiu, aos 41’, em um outro lance bizarro. Pelota levantada sobre a pequena área da Espanha, Piqué subiu de braços escancarados e o desvio acarretou um pênalti que o árbitro Bjorn Kuipers, da Holanda, registrou sem necessitar do VAR. Artem Dzyuba converteu com precisão, sem qualquer alternativa para o arqueiro David De Gea.
Iniesta enfim surgiu no gramado aos 67’. Ele ampliaria, claro, a proporção de passes desferidos pela Espanha e pela Rússia, na base de três por um. Desacostumados ao conceito tiquetaca do esquadrão ibérico, os presentes ao Luzhniki começaram a se impacientar. O predomínio territorial da “Fúria” roçava a cota dos 75%. A anfitriã mal atingia a divisória do relvado. Só que a Espanha não encontrava o espaço e a chance para o arremate. Uma consequência lógica: a primeira prorrogação desta Copa. Que se desenrolou no mesmo ritmo, no mesmo padrão, como se Cherchesov desejasse os penais. E isso debaixo de uma tempestade que enfim desabou aos 112’.
Que inutilidade, nesta pugna, o tiquetaca da “Fúria”. Nos 90’ de tempo normal, mais os 30’ suplementares, e ainda os acréscimos de plantão, exatos 1.135 passes para obter um precaríssimo autogol. E daí fracassar nos penais. Ou, na verdade, empacar na frieza e na agilidade do arqueiro Igor Akinfeev, que pegou os de Koke e de Aspas. Ironia ao cubo: a Espanha estendeu a 24 prélios a sua magnífica invencibilidade internacional. Mas se obrigou a manter o incômodo tabu de cair fora de uma Copa nos mata-matas contra uma sua hospedeira. Quanto à Rússia, talvez não sonhasse prosseguir tão adiante na competição que estruturou. Continuará? Resposta em Sochi, 7 de Julho.
A insignificância de meros dois gols em três cotejos, um sucesso e dois empates, segunda colocada no Grupo C da França, a “Dinamáquina” entrou no campo de Novgorod com uma missão ingente no seu roteiro. Não parecia nada simples sobrepujar a “Vatreni”, a “Ardente” de uniformes quadriculados, três triunfos e a liderança do Grupo D, à frente da Argentina, sete tentos a um. Em cinco partidas amistosas, a Croácia e a Dinamarca compartilhavam duas vitórias cada qual. Numa única pugna oficial, na Eurocopa de 1996, faz duas décadas, a “Vatreni” havia sapecado 3 X 0 na “Dinamáquina.
Pois Novgorod apreciou, em apenas 240”, tudo que não tinha acontecido no Luzhniki. Antes mesmo dos 2’, um arremesso lateral cobrado por Jonas Knudsen provocou uma confusão diabólica na área da Croácia. Dentre uma multidão de pernas, sobrou a de Mathias Jorgensen, que empurrou a bola às redes do perplexo Subasic. Logo aos 4’, porém, Modric municiou Vrsaljko que desceu até a linha de fundo e cruzou. Dalsgaard tentou afastar mas a pelota explodiu no rosto de Christensen e sobrou para o sempre oportunista Mario Mandzukic que aparou, ajeitou e, calmo, de virada, cravou 1 X 1.
Reduziram-se bastante o ritmo e as emoções do cotejo na etapa derradeira. Como se também Zlatko Dalic e Age Hareide, os treinadores da “Vatreni” e da “Dinamáquina” não pretendessem correr o menor risco de buscar o tento da vitória. Na verdade, os escandinavos até se aplicavam um tiquinho mais na ofensiva. Sem, todavia, produtividade. E o cronômetro se arrastou, indomável, na rota da segunda prorrogação da Copa, no mesmo Dia 18. Ao contrário de Cherchesov, da Rússia, os treinadores Hareide e Dalic se lançaram ao ataque. Empolgante prorrogação. A 64ª da história. Melhor a Dinamarca.
Um problema crucial, porém: absolutamente esfalfados os dois elencos. E com o cansaço os reflexos diminuem. Delic se obrigou a trocar Mandzukic por Badelj. Foi-se a principal fonte de tentos da Croácia. Existem momentos, contudo, em que o talento compensa o exaurimento. Aos 115’, Luca Modric colocou Rabic livre e solto à frente de Schmeichel. Derrubado por Mathias Jorgensen. Pênalti, indiscutível. E então o exaurimento sobrepujou o talento. Modric bateu mal. Tanto que Schmeichel mansamente encaixou.
Ao bingo da marca de cal. Brilharam os dois arqueiros, mais Subasic, que defendeu três, para os dois de Schmeichel. Resumo do Dia 18: a competição da Rússia/2018 fechou a jornada deste domingo com 136 tentos em 52 partidas, a média fraquinha de 2,62, público acumulado de 2,39 milhões de espectadores, e a média excelente de 45.960. As pugnas já definidas para a fase das quartas-de-final: na sexta, 6 de Julho, em Novgorod, França X Uruguai; no sábado, 7 de Julho, no Fisht Olímpico de Sochi, Rússia X Croácia.
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