Dia 13: com drama, até o final, a Argentina vence e se classifica
Já garantida a Croácia, que superou a Islândia, na mediocridade de um jogo que nem existiu, o único 0 X 0, a França X Dinamarca seguem adiante
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
![Argentina 2 X 1, o alívio de Rojo e Messi](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/DH7L7ALFXBIK7CFTBTIUJNA5A4.jpg?auth=5a4e5f2e52cd60c1faee54ed85d1389ea4d1a7bac81fa115f59da33c23b67da5&width=660&height=360)
Até então quatro jogos. Oito seleções. Duas delas já garantidas nas oitavas-de-final: a França do Grupo C e a Croácia do Grupo D. Cinco ainda com chances de classificação: a Austrália e a Dinamarca no C; a Nigéria, a Argentina e a Islândia no D. Eliminado, matematicamente, apenas o Peru, no C. Depois de 36 cotejos e de 97 tentos, média de 2,69, continuaria nesta terça, dia 26 de Junho, a última rodada do acesso aos mata-matas fatídicos da Rússia/2008.
![Nas tribunas, a explosão de Maradona](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/6RY5ORLUWZPA7LGHCIBOOL6ZOY.jpg?auth=7b7aa9abb66c8a4122583434eb6da5a52c28bcb65547eced0b4f4093f9ee97ad&width=660&height=359)
No Grupo C, a Austrália compulsoriamente necessitava bater o já descartado Peru e torcer para que a Dinamarca perdesse da França por no mínimo dois tentos de folga. No D, bastava à Nigéria sobrepujar, quem diria, a sempre favorita Argentina. A Argentina, por sua vez, precisava bater a Nigéria e torcer para que a Islândia não vencesse a Croácia por uma diferença de tentos maior. E assim em diante, com mais de meia-dúzia de permutações.
![Na Rússia, a juventude da Austrália...](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/X2JYO4E2MRKS5AJVJSEOEGYHKU.jpg?auth=2d79af0e4b56ec1e12ade49e76bcdd0af853396805df8eeea0404b6644ef0d86&width=660&height=359)
Nos entremeios de tanta complexidade, ainda pairavam questões paralelas, como as definições das posições em cada Grupo, visto que nas oitavas se cruzarão os líderes e os vices de cada qual. Num resumo, a jornada da terça talvez se desenvolvesse muito mais nervosa e empolgante até que a da segunda. Não aconteceram fulgores, porém, nos cotejos da manhã, cá no Brasil. No Fisht de Sochi, com 44.287 lugares, os “Socceroos” contra os “Incas”. No Luzhniki de Moscou, de 78.011, a “Dynamachine” contra “Les Bleus”.
![...e os marmanjos da Islândia](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/AOGGRJZARZII5K5FZW5G6UJMOU.jpg?auth=1c9b98a26a44f1e5b099ff5a59a6c017042712e08fe3c0e2ace3fa0184c6f3fe&width=660&height=360)
Para o desalento da torcida da Áustrália, depressa ficou bem claro que a Dinamarca e a França não se dispunham a correr perigos em sua peleja, os riscos de suspensões e, pior ainda, de sérias lesões. Enquanto, em Sochi, o ressuscitado Peru destruía a fantasia de qualificação dos “Socceroos”, um triunfo inútil por 2 X 0, tentos de Carrillo e de Paolo Guerrero, o prélio da capital se arrastava, triste, desrespeitosa e mediocremente.
![Guerrero, Peru 2 X 0](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/OGKPQ3A2R5J7DEL5R2WC7FTCRE.jpg?auth=893f8e335f0ea9cf90ee1ee127b52589917ba517076de1b0cb3f71e70df1bb32&width=660&height=359)
Com um óbvio 0 X 0, resultado de serventia mútua, foi debaixo de apupos, de vaias e de reclamações barulhentas, que se arrastaram, lamentavelmente, os 15’ derradeiros. Até mesmo o árbitro Sandro Meira Ricci, brasileiro, se resignou diante de tanta inutilidade. Exibiu um solitário cartão amarelo no jogo inteirinho e agregou meros 180’ de acréscimos ao tempo regulamentar. Enfim na peleja de número 38, o primeiro placar nulo da Copa.
![Gernot Rohr](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/4NWKFDRROFJBFOYYFSA72SVTFY.jpg?auth=566f716f9186cd009777eed867cf5a866e3efc163d9d10514816bc5a6aefa0d0&width=660&height=360)
Historicamente, era absoluta a prevalência da Argentina sobre a Nigéria. Nas suas quatro pelejas anteriores diante das “Águias Verdes”, quatro sucessos da “Albiceleste” e 7 X 3 nos tentos. Mas, embora o mais jovem da Copa, o elenco do alemão Gernot Rohr, tenso na estreia contra a Croácia, 0 X 2, embalou ao superar a Islândia, 2 X 0, na sua pugna seguinte. E não teve medo da rival que pegaria no estádio de São Petersburgo e seus 64.468 lugares.
![Em flagrante, Sampaoli e Mascherano confabulam](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/DRE6IRSLR5KBTB4DLCEYKUWUOE.jpg?auth=36659b7c6b3478c56e478da53007838eebc1fc1140ab7ea12a357df0244af210&width=912&height=516)
De fato, parecia mesmo implausível que os pupilos de Rohr se assustassem antecipadamente com uma turba de atletas atordoados, desunidos e sem a menor confiança no seu próprio treinador, o atarantado Jorge Sampaoli. Tanto que foi por intermédio de Javier Mascherano, repentinamente no papel de porta-voz do elenco, que a mídia platina soube de suas diversas mudanças de postura e de escalação para o prélio contra a Nigéria. As modificações que calcinaram o pobre arqueiro Caballero, um ridicularizado responsável, na derrota para a Croácia, 0 X 3, por uma pixotada estratosférica.
![Islândia X Croácia, Bjarnasson e Modric](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/5DFAQR45SVL23IFE74F56AMN2A.jpg?auth=177319d95754d37160fa97778190cbf1ac11f6772d930c5e0d086eb4d0a3546e&width=660&height=360)
Enquanto isso, duas lógicas razões ainda sustentavam as esperanças da Islândia, mesmo jejuna na competição. Nas eliminatórias da Europa, os seus “Strákarnir Okkar”, ou os “Nossos Rapazes”, tinham vencido a “Vatreni”, ou a “Ardente” da Croácia, por 1 X 0, e ficado dois pontos adiante, no Grupo I. Além disso, convenientemente cauteloso, o treinador Zlatko Dalic havia optado por propiciar um merecido repouso a alguns dos seus astros fundamentais, como Lovren, Mandzukic e Rakitic. Afinal, já era sua o primeira colocação.
![Messi, Argentina 1 X 0](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/OALJAOTIRNLCBJEO5EUU3RBRDA.jpg?auth=46397207dc9730c8dedf920a3538a8cdbc950a723afaa93e2672a20d9de1fcf9&width=660&height=360)
Saiu em São Petersburgo o gol que inaugurou a batalha dupla do Grupo D. Um gol que, na geometria, lembrou o terceiro do Brasil, contra a Tchecoslováquia, na Copa do México/70, um passe de Gérson da linha divisória do gramado e a aparada no peito, deslumbrante, de Pelé. No caso, aos 14’, lançamento de Banega, a matada magistral de Messi na coxa esquerda, depois no peito do pé e daí a finalização impecável de direita. A “Albiceleste” 1 X 0, e a vibração inenarrável de Maradona nas tribunas.
Evidentemente, o berreiro de Dieguito ecoou em Rostov, onde o elenco da Islândia logo soube que, registrasse um gol na Croácia, abiscoitaria a vaga. Estava dificílima, no entanto, a penetração dos “Strákarnir”, exatamente como estavam desatinadas as “Águias Verdes” do embatucado Rohr, a sua Nigéria com três vezes menos posse de bola do que a Argentina, 25% a 75%. Ao se encerrarem os 45’ da etapa inicial, ao menos a Islândia havia ousado 8 tiros à meta da “Vatreni”, a “Ardente” da ex-Iugoslávia, contra nenhum chute à do estreante Franco Armani, o substituto do indigitado Caballero.
![Moses, Nigéria 1 X 1](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/MUUWBTLRL5PKFM5FXDGECBRCYQ.jpg?auth=688605fd1aec709642a10cde6edd0a2e287725706c2793df6747b9da6983cbed&width=660&height=360)
Aos 48’, então, numa daquelas situações que se repetem dezenas de vezes numa partida sem que o mediador tome a mais escassa providência, ocorreu um escanteio em favor das “Águias Verdes” e Mascherano, o capitão sem braçadeira da sua “Albiceleste”, se agarrou a Balogun - e o turco Cunyet Cakir cravou o pênalti. Moses bateu de chapa, friamente, no cantinho, 1 X 1. Momentaneamente a Nigéria nas oitavas. E, na sua cola, a Islândia, que tinha igualado em Rostov, outro 1 X 1. outro pênalti, Gylfi Sigurdsson.
Bastaria à Islândia duplicar que despediria da Copa as "Águias Verdes" e a "Albiceleste". Despacharia a Argentina mesmo depois do gol do improvável Marcos Rojo, um becão no desespero ofensivo e numa distração da retaguarda de Gernot Rohr, 2 X 1 aos 86'. Só que a Croácia ressurgiria, estoicamente, aos 90', graças a Perisic, 2 X 1, adeus "Strákarnir Okkar". E só que a Nigéria não reuniria fôlego e pernas para se reigular à "Albiceleste". Agora, dia 30, em Kazan, pedreira, França X Argentina. No dia 1º, em Nizhny Novgorod, na teoria e no papel, tranquilidade da Croácia diante da Dinamarca.
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