A festa foi medíocre, mas a Rússia compensou, 5 X 0 nos sauditas
Ironia, a Arábia teve muito mais tempo de posse de bola porém não criou um só lance de perigo contra a dona da casa feliz até nas substituições
Silvio Lancellotti|Do R7
Um duelo bem estranho, esse, entre a Rússia e a Arábia Saudita, na inauguração da longa relação das 64 partidas que, no dia 15 de Julho, apontarão o ganhador da Copa do Mundo de Futebol em 2018. Estranho porque ambas as seleções se defrontavam pela primeira vez na história e provinham de atuações lastimáveis. A anfitriã, sem uma só vitória, em sete cotejos, desde os 4 X 2 sobre a Coréia do Sul em 7 de Outubro de 1917. A visitante, três quedas seguidas desde os 2 X 0 na Grécia em 5 de Maio.
O confronto aconteceu neste dia 14 de Junho no Estádio Luzhniki de Moscou, com 80.000 lugares, erigido em 1956 e depois submetido a três reformas intensivas, a mais recente para a competição de agora. Lá, em 15 de Setembro de 1993, o astro Michael Jackson realizou um espetáculo memorável e inusitado, para cerca de 120.000 pessoas, na sua turnê “Curemos o Planeta”, inviável anos antes quando a Rússia ainda integrava a União Soviética.
Um mediador sul-americano, o argentino Néstor Pitana, trilou o seu apito inicial exatos 1.432 dias depois de a Alemanha suplantar a Argentina, numa prorrogação, e conquistar a Copa do Brasil/2014. Curiosidade: um brasileiro também foi personagem na abertura, o mineiro Sandro Maria Ricci, como quarto árbitro. Dois italianos, Massimiliano Irrati e Daniele Orsato, integraram a equipe da estreia, numa Copa, diante de 4bi de espectadores, do tão aguardado VAR, o “Video Assistant Referee”. Nem se percebeu que estavam por lá, firmes e atentos, numa sala especial nas tribunas do estádio.
E os atletas em ação não puderam reclamar das condições climáticas do prélio de abertura como, por exemplo, os russos presentes ao evento de 1970, quando enfrentaram os mexicanos donos da casa debaixo de um sol de meio-dia, temperatura de 35° e uma altitude de 2.250m. Numa tarde de céu nublado, média de temperatura ao redor dos 17º, os dois elencos apenas não realizaram uma exibição melhor por absoluta ausência de talentos. Aliás, como na festa patética e ginasiana que antecedeu o cotejo.
Superiores, no entanto, principalmente no seu físico, os rapazes de camisas vermelhas, orientados pelo ex-arqueiro Stanislav Cherchesov, 54 de idade, um reserva eterno de Rinat Dasaev na década de 80, definiram o destino da pugna, 1 X 0 logo aos 12’, quando Zbonin cruzou, a retaguarda dos sauditas, inteiramente de verde, meramente olhou e Gazinsky, de testada, registrou o primeiro gol da Copa. Não existiriam meios de os pupilos do ibero-argentino Juán Antonio Pizzi, 50, um antigo meia-armador que defendeu a Espanha na Copa da França/98, resgatassem a vantagem da dona da casa.
Ao contrário, aos 43’, num contra-ataque velocíssimo, Gazinsky tocou a Zobnin que entregou a Cheryshev, no flanco esquerdo do gramado. Ironia, aos 24, Cheryshev havia participado da primeira substituição da competição, no posto do lesionado Dzagoev. Pois o ex-reserva deixou um par de árabes de bumbum no chão e fulminou, 2 X 0. Detalhe: a equipe de Pizzi acumulou mais tempo de posse de bola, 61%, e acertou mais passes do que a Rússia, 86% a 73%. Um domínio absolutamente estéril, porém.
Lógica consequência: aos 71’, um levantamento precioso de Golovin caiu exatamente na cabeça de Dzyuba, 3 X 0. E Cherchesov tinha acabado de colocar Dzyuba no posto de Smolov. O treinador da hospedeira talvez não possua uma seleção capaz de brigar pelo título. No entanto, já demonstrou ser afortunadíssimo nas suas trocas. Afinal, aos 90’, de novo Cheryshev marcou, de três dedos, com o pé esquerdo, na entradinha da área da inimiga. Daí, já nos acréscimos, e também de esquerda, o capitão Golovin anotou 5 X 0. Quanto a Pizzi, bem, num grupo que ainda inclui Egito e Uruguai, com certeza brigará com os seus vizinhos do Mar Vermelho para não amargar a rabeira.
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