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Cosme Rimoli Copa 2018

Políticos querem Seleção em Brasília, se vier o hexa

A possibilidade de o Brasil vencer a Copa atiça governo. Em caso de sucesso na Rússia, aliados querem a taça levada até Temer. Tite não vai

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Ter Neymar, hexacampeão, em Brasília, seria trunfo para qualquer político antes da eleição
Ter Neymar, hexacampeão, em Brasília, seria trunfo para qualquer político antes da eleição

Copa do Mundo coincide com eleição presidencial no Brasil.

E candidatos sempre costumaram tirar proveito da 'coincidência'.

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Principalmente quando o time consegue o título.

Vencedor da competição com maior repercussão no planeta.


Foi assim as cinco vezes.

Conquistas no esporte mais popular do país costumam ter reflexos positivos a quem comanda o país. Basta lembrar o exemplo mais restante do ex-presidente Lula. E tudo o que ele fez para que a Copa de 2014 viesse para cá.


O Mundial mais corrupto da história, da corrupta Fifa de Joseph Blatter, custou R$ 4 bilhões de dinheiro público ao Brasil. Os reflexos seguem espalhados pelo país, com inúmeras obras prometidas e inacabadas. Estádios superfaturados.

A recessão, o desvio de dinheiro da Saúde, da Educação, a violência, o tráfico de drogas, a corrupção endêmica dos políticos. 


Tudo isso incomoda profundamente Tite.

Ele é filho de agricultores que plantavam em terras alugadas em São Bráz, pequeno distrito de Santa Cruz do Sul. Parte do que conseguiam com a colheita de vegetais, Genor e Ivone pagavam pelo uso do terreno e criavam os filhos. O dinheiro era insuficiente e Ivone além de plantar, trabalhava como costureira. 

Neymar voltou aos gramados contra a Croácia. O que você achou?

A dificuldade era enorme, mas os pais faziam questão de levar uma 'vida limpa', se sacrificando para pagar impostos. Tite queria ser jogador, mas sabia que precisava de outra profissão. Para garantir a sobrevivência de sua família e ajudar os pais. Daí ter optado pela profissão de professor. Se formou em Educação Física, em Campinas.

A vida mudou desde que a carreira como treinador deu certo.

Mas a revolta com o descaso dos políticos, a corrupção, a impunidade deixaram cicatrizes no professor Adenor.

"Eu fico bravo com tanta impunidade, falcatrua. Se tem uma coisa que me machuca enquanto ser humano, é saber o quanto esses valores poderiam ser revertidos para ter uma igualdade social e educação maior. Isso me dói. Ela mata, a corrupção mata.

Você conhece as bandeiras dos países da Copa?

"Gostaria que tivesse uma nova geração, um pouco mais limpa de políticos", desabafou em maio de 2017, ao jornal O Dia.

O general e presidente Medici com o capitão Carlos Alberto e a taça do tri
O general e presidente Medici com o capitão Carlos Alberto e a taça do tri

Ao assumir o cargo de treinador da Seleção Brasileira, ainda com a CBF sob o comando de Marco Polo Del Nero, banido do futebol por acusações de corrupção, Tite foi claro. 

Ele aceitou o cargo porque era o grande sonho da carreira.

Mas ficou implícito que não teria encontros públicos com Del Nero.

Quem viu o beijo que recebeu do dirigente e a camisa da Seleção, com o número 10, com o nome de Ivone, viu. As fotos dos dois juntos rarearam. Tite teve de justificar inúmeras vezes o fato de aceitar trabalhar com Del Nero.

Fora sua determinação, ele tem assessor de imprensa pessoal, Luciano Signorini. Com mais de 20 anos de experiência no futebol, Luciano é muito próximo de Tite.

Além das orientações, partiu do treinador a sua determinação de ficar longe dos políticos. A todos. Inclusive os da 'bancada da bola', aqueles que dão guarida à cúpula da CBF. Os deputados, senadores e até presidentes da república que evitaram uma intervenção depois da Copa de 2014.

Confira tudo sobre Copa 2018 no R7 Esportes

Del Nero oficialmente foi banido do futebol. Mas sua influência na CBF é nítida. O coronel Antônio Nunes que ficou no seu lugar e o futuro presidente da entidade, Rogério Caboclo, são absolutamente fiéis aos desejos e métodos de Marco Polo.

Só que a figura mais próxima da bancada da bola, e dos políticos em geral, tem nome e sobrenome. É Walter Feldman, ex-deputado federal,ex-secretário de Esportes da Prefeitura de São Paulo, ex-chefe da Casa Civil do governo paulista. E que já circulou pelo PMDB, PSDB e PSB. Não quis se filiar, apesar de ser um dos articuladores do Rede Sustentabilidade.

É a Feldman que os políticos apelam quando buscam algo na atual CBF.

A Seleção vitoriosa na Copa do Mundo é algo muito atraente a quatro meses da eleição.

Só que Tite previu que o Brasil ganhando ou fazendo ótima campanha na Rússia seria alvo de cobiça. A começar por assessores do presidente Michel Temer. 

Dunga levanta a taça do tetra para alegria de Itamar Franco
Dunga levanta a taça do tetra para alegria de Itamar Franco

A última pesquisa do IBOPE, divulgada em abril, antes, portanto da greve dos caminhoneiros, já mostrava a incrível rejeição ao atual presidente. Nada menos do que 92% dos entrevistados não confiavam no presidente. 72% consideravam seu governo péssimo. 21% regular. 2% não souberam opinar. E apenas 5% o julgaram ótimo.

Esses números tendem a piorar depois da paralisação e do imenso prejuízo do país depois da greve dos caminhoneiros.

Ligar a imagem de Temer à Seleção seria algo interessante.

Como foi para Juscelino Kubitschek, em 1958. João Goulart, em 1962. Ao general Emílio Garrastazu Médici, em 1970. Itamar Franco, em 1994. E Fernando Henrique Cardoso, em 2002.

Todos receberam visitas da delegação e treinadores brasileiros, após conquistas de Mundiais. Nenhuma equipe que perdeu, nem a badalada seleção de Telê Santana, em 1982, recebeu afagos de presidentes.

Na entrevista exclusiva que deu ao blog, em janeiro deste ano, Tite deixou bem claro. 

Revelou em primeira mão.

Temer poderia esquecer sua visita.

"Não vou para Brasília com a Seleção. Nem ganhando ou perdendo a Copa do Mundo."

Depois, Tite reiterou o que revelou por aqui a vários veículos de comunicação.

O recado chegou até Brasília.

Muitos políticos não gostaram do que ouviram.

E decidiram mandar recados a Feldman.

Segue o interesse político em relação à Seleção.

Se o Brasil ganhar o hexacampeonato seria importante levar a taça a Brasília.

E a cúpula que controla a CBF deve favor à bancada da Bola.

Muitos destes políticos são ligados ao atual governo.

Só que Tite segue intransigente.

Não mudou de opinião.

Pelo contrário, segue firme no propósito de ficar longe de qualquer político.

Da situação ou da oposição.

Só que Feldman, o coronel Nunes e Caboclo têm seus interesses.

O pentacampeonato foi capitalizado por FHC. Ele fez a festa com a taça
O pentacampeonato foi capitalizado por FHC. Ele fez a festa com a taça

E não vão virar as costas a Brasília.

A pressão já é grande.

Está sendo estudada uma solução salomônica.

Tite não iria visitar Temer.

Mas alguns atletas e a taça seriam levadas ao presidente.

Por pura sobrevivência dos herdeiros de Del Nero.

Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Saney, é um dos vices da CBF.

E também seria um dos interlocutores dessa eventual aproximação.

Para evitar constrangimento, a princípio, o esquema de 2002 não seria repetido.

O avião fretado da Seleção não desembarcaria em Brasília, se vier o hexa.

Para que Tite não fique sozinho na aeronave.

Tite aceitou abraço del Nero. Não vai a Brasília, de jeito algum
Tite aceitou abraço del Nero. Não vai a Brasília, de jeito algum

O tal encontro com Temer, a taça e os jogadores aconteceria dias depois.

Já que não há a menor esperança de Adenor ceder.

E dar seu aval aos políticos deste país...

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