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João Fonseca traz para o circuito anual ATP a vibração da Copa Davis

Brasileiro arrasta cada vez mais torcedores às quadras

Cabeça de Chave|Ari PeixotoOpens in new window

Torcida brasileira em Roland Garros
Torcida brasileira em Roland Garros rolandgarros/Instagram

Existe um mito entre músicos e escritores que lançam obras fabulosas de estreia. Como será o segundo disco? O segundo livro? Será melhor? Pior? Igual? Uso esta história para fazer uma analogia com João Fonseca, nosso tenista sobrevivente nas simples de Roland Garros. Assim como em Paris, João fez partidas espetaculares de estreia em vários torneios, desde nível 250 até um Grand Slam, o Australian Open. E invariavelmente saiu derrotado na segunda partida.

Confesso que acordei hoje com este pressentimento, antes da partida dele contra Pierre Herbert (e aqui faço uma mea culpa por ter dito que ele não apresentaria muita dificuldade para o brasileiro, sem levar em conta, obviamente, que apesar de ser um convidado do torneio, ele tem quatro títulos de Grand Slams em duplas). Meu pressentimento se mostrou equivocado. Apesar do jogo duríssimo, João Fonseca fez 3/0 no francês.

À parte mais este resultado positivo, é preciso dizer que o brasileiro está provocando um fenômeno que geralmente só se vê nas Copas Davis. A torcida inflamada, gritona, barulhenta. E que sempre foi meio que proibida nos mornos e muitas vezes burocráticos torneios da ATP, Grand Slams incluídos aí.

E sabe o que é mais curioso? Para contrapor os brasileiros, que iniciaram este percurso pelo circuito torcendo e fazendo barulho, torcedores de outros países começaram a fazer o mesmo, transformando as tribunas das quadras, não importa o tamanho, em arquibancadas de estádios de futebol. Camisas de clubes, da seleção, bandeiras, vale tudo para incentivar o nosso jovem tenista. E digo isso sem pachequismo (N.R.: pausa para explicar para os Millenials e os jovens da Geração Z que o Pacheco foi um personagem criado para a torcida na copa do mundo de futebol de 1982, na Espanha. Era o símbolo, o estereótipo do torcedor fanático, vestido de verde-e-amarelo nos dias de jogos do Brasil).


Quadra lotada para ver João Fonseca
Quadra lotada para ver João Fonseca @gasparlanca/X

Será que este apoio extra-quadra ajuda?

Bem, na terça, o francês Gael Monfils, depois de vencer o boliviano Hugo Dellien, de virada, por 3 sets a 2 disse que a vibração da torcida, que inclusive cantou a Marselhesa, o fez tirar forças para continuar a partida até o fim. Em alguns jogos, João Fonseca já disse que a torcida o faz se sentir em casa, não importa se ele está, na verdade, jogando na Alemanha, Argentina ou Austrália. Então, parece que sim, a torcida pode fazer a diferença. Agora, o que me parece, como observador, é que João Fonseca faz bem aos torneios (não à toa já foi convidado até para a Laver Cup), traz mais público, o que significa mais dinheiro para a organização.

Mas acima de tudo, ao trazer de volta rivalidades e barulhos nas horas certas, João Fonseca faz muito bem ao tênis mundial. E tenho certeza de que, à esta altura, não são só brasileiros que torcem por ele. E que venha Jack Draper.

João Fonseca e Jack Draper
João Fonseca e Jack Draper tennistv/X
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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