Esquiva Falcão: ‘Desisti de vender minha medalha, as pizzas ajudaram’
Brasileiro conquistou prata na Olimpíada de Londres tinha decidido vender medalha, mas ajudar a mulher a vender pizzas o fez mudar de ideia
Olimpíadas|Carla Canteras, do R7
A vida do boxeador Esquiva Falcão ficou ainda mais agitada do último sábado para cá. O medalhista de prata na Olimpíada de Londres 2012 publicou em suas redes sociais que estava entregando mini pizzas feitas pela esposa, Suelen. Era só chamar, que o comprador receberia em casa as delícias e uma foto e autógrafo do lutador.
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Ele teve dúvida se anunciava ou não a venda. Mas precisava complementar a renda, afetada pela parada do esporte devido ao novo coronavírus. “Fiquei com medo de publicar, por críticas. As pessoas podiam criticar e tem muita gente maldosa. Só manda mensagem ruim. Mas pensei: vou publicar e ver. Deu certo! Não paramos mais de trabalhar. Ontem mesmo fiquei até as 3h da manhã fazendo massa”, conta o Falcão.
O trabalho aumentou muito, ajudou na renda e de quebra fez o lutador mudar de ideia sobre a venda da medalha conquistada em Londres. “Eu desisti de vender a medalha. Deixa ela bonitinha aqui comigo, levo sempre comigo e tiro fotos com os fãs e fregueses. Esse dinheiro da pizza me ajudou a mudar de ideia. A venda era uma forma de protesto por falta de reconhecimento. Mas a resposta que recebi dos fãs, vi que eles reconhecem o esforço”, diz o boxeador.
Esquiva tinha decidido vender a prova de sua conquista por 50 mil dólares, cerca de R$ 265 mil, para fazer dinheiro nesse período tão difícil. Anunciou no Twitter a venda no dia 11 de março. Recebeu proposta de 40 mil dólares e não vendeu.
A quarentena trouxe outra conquista para o brasileiro, de 30 anos. No dia 29 de fevereiro, ele ganhou uma luta do argentino Jorge Daniel, no torneio Boxing For You. A vitória fez com que ele virasse o terceiro melhor do mundo, na categoria peso-médio – até 72,5KG, pela Federação Internacional de Boxe. Agora ele sonha com conquista o cinturão. “Já que cheguei até aqui, vou ser campeão do mundo”, afirma Falcão.
Confira a entrevista completa que o boxeador deu ao R7.
R7: Você pensou que ao anunciar a venda das pizzas que sua mulher faz, sua vida ficaria tão agitada?
Esquiva Falcão: Fiquei com medo de publicar, por críticas. As pessoas podiam criticar e tem muita gente maldosa. Só manda mensagem ruim. Mas pensei: vou publicar e ver. Deu certo! Não paramos mais de trabalhar. Ontem mesmo fiquei até as 3h da manhã fazendo massa. Tem muito pedido, muito pedido. Até separamos os dias de entrega, mesmo assim os pedidos são muitos.
Você ajuda produzir as pizzas?
Eu faço e abro na mão a massa e minha mulher recheia. Quero comprar a máquina para deixar tudo mais rápido e facilitar nosso trabalho. Estamos trabalhando para entregar o máximo de pedidos e satisfazer os fregueses.
A Suelen sempre foi uma boa cozinheira?
Sempre. Ela faz um monte de coisas gostosas para mim quando volto das minhas viagens. É feijoada, torta, pizzas. É muito gostoso.
Você está conseguindo treinar, mesmo na quarentena?
Meu treinador, Robson Garcia, manda o que tenho de fazer por WhatsApp e tenho meus equipamentos em casa. Saco, luva e treino pela manhã. Antes das pizzas era à tarde também. Mas o boxe precisa muito de outra pessoa. Treinar sozinho é ruim. Estou me preparando para ficar 50% preparado. Para voltar a qualquer momento.
Quando você tem expectativa de voltar?
Estou na expectativa de ter uma luta por cinturão ainda esse ano. A empresa que eu trabalho disse que talvez tenha um evento logo mais e tenha uma luta minha para eu ir me preparando. Já que posso ter uma luta por um cinturão.
Quando for marcada uma luta, quanto tempo você precisa para estar bem?
Tudo depende do adversário, mas de dois a três meses de treinamento, o corpo já volta ao ritmo. É só marcar que eu viajo Estados Unidos e me preparo. Lá é bom porque lá tem sparing que preciso e treinamento mais certo para mim.
Logo depois da Olimpíadas, em 2013, você decidiu migrar para o boxe profissional. Você acha que foi a melhor escolha?
Valeu muito a pena a troca. Hoje tenho minha casa, meu carro, não é um carrão, mas é meu. Sempre pensei: Olimpíada é só uma vez sou. Eu fui, ganhei a medalha e agora quero conquistar o mundo.
Quando você começou, imaginou que chegaria tão longe?
Nunca imaginei. Primeiro nunca imaginei que seria medalhista olímpico. Muito menos boxeador profissional. Já cheguei agora é treinar para ser campeão mundial.
O que você acha de estar entre os três melhores do mundo na categoria?
Já sou vitorioso. Batia no pé de bananeira e o boxe me deu tudo que tenho. Agradeço muito a Deus por isso. O menino de 15 anos atrás hoje é um nome forte e um ídolo para o Brasil. Eu já sou um campeão.
E a venda da medalha, você vai vender mesmo?
Eu desisti de vender a medalha. Deixa ela bonitinha aqui comigo, levo sempre comigo e tiro fotos com os fãs e fregueses. Esse dinheiro da pizza me ajudou a mudar de ideia. A venda era uma forma de protesto por falta de reconhecimento. Mas a resposta que recebi dos fãs, vi que eles reconhecem o esforço.
Sua mãe e seu irmão, Yamaguchi Falcão (medalhista de bronze em Londres), ficarão felizes com a desistência?
Eles nem sabem ainda, mas vão gostar da ideia.
O que representam para você a Suelen e seus filhos Juan e Luisa?
Tenho dez anos de casado e sei que quando der tudo errado eu sei que eles estarão me apoiando. Você é mulher da minha vida. Não troco ela por ninguém. As únicas pessoas que continuarão comigo sempre são eles. Nós não brigamos. Desde o início do namoro decidimos que se brigarmos temos de dormir de boa. Não dá para amanhecer com cara virada um para o outro. Conversa e resolve tudo.
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