Ela não para! Aos 49 anos, Arlene ainda joga vôlei e em alto nível
Segredo da longevidade da líbero do Sesi Bauru é associar preparação física com boa alimentação; ela é a única que jogou as 25 edições da Superliga
Olimpíadas|Carla Canteras, do R7
Seja qual for a profissão, a hora da aposentadoria nem sempre é uma decisão fácil de tomar. No Esporte, essa escolha pode ser ainda mais complicada, já que na grande maioria das vezes a pessoa ainda está na faixa dos 30 anos. Existem exceções e a jogadora de vôlei Arlene Xavier é uma delas.
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Nesta quinta-feira, a líbero (posição do voleibol em que o atleta só pode defender) do time de do Sesi Bauru completa 49 anos e segue em quadra, na elite do vôlei brasileiro.
“Nunca passou pela minha cabeça que conseguiria tudo isso”, afirmou Arlene, em entrevista ao R7.
Ela é a única atleta que participou das 25 edições da Superliga, principal competição nacional de vôlei, e tem muito orgulho de fazer parte dessa história.
“É muito prazeroso ver a evolução do campeonato e o quanto eu consegui. Vi atletas começarem e não conseguirem completar cinco Superligas”, comentou a jogadora.
A preocupação de Arlene com a longevidade em quadra vem desde dos 30 anos quando resolveu aceitar uma sugestão de José Roberto Guimarães técnico da seleção brasileira e tricampeão olímpico.
“Eu era central [posição do ataque do vôlei] e estava ficando pequena. As meninas que chegavam eram bem mais altas. Em 2002, o Zé Roberto me sugeriu virar líbero porque prolongaria meu tempo em quadro mais uns três, quatro anos. Aceitei o desafio”, explicou Arlene.
A mudança a levou à seleção brasileira. Foi bicampeão do Grand Prix (2004 e 2006), vice-campeã do Mundial (2003) e quarta colocada nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Tudo sob o comando de José Roberto Guimarães.
O treinador não se surpreende que a líbero tenha conseguido sucesso. "Arlene sempre foi uma jogadora privilegiada quanto ao físico, além de ser muito boa tecnicamente. Ela é uma atleta de grupo e que sempre treinou a 100% da sua capacidade, extremamente dedicada", afirmou José Roberto Guimarães, treinador da seleção brasileira de vôlei.
Conhecimento do corpo
A troca de posição exigiu que a vida de Arlene também passasse por uma transformação.
“Precisei mexer na minha preparação física e na minha alimentação. Aprendi muito a conhecer o meu corpo com José Elias Proença, preparador físico da seleção. A partir do momento que você entende o seu corpo, você sabe o que precisa para se recuperar”, contou a jogadora do Sesi.
Arlene e José Elias trabalharam juntos na seleção e no time do Osasco por aproximadamente quatro anos. Neste período, o preparador físico e o treinador José Roberto desenvolveram um trabalho que relacionava as questões hormonais e o ciclo menstrual com a performance das atletas. "Com este estudo conseguimos perceber como era rendimento da atleta em todos os períodos do mês. Conseguimos tratar a TPM (tensão pré-menstrual) e melhorar a resposta das jogadoras nos treinos e nas partidas", afirmou o preparador.
De acordo com José Elias, Arlene sempre respondeu muito bem ao trabalho. "Ela sempre quis se superar. Melhoramos a corrida, a flexibilidade. Nós colocávamos objetivos e ela sempre dava o feedback (resposta) positivo", explicou José Elias.
Motivações
Arlene tem duas grandes motivações para continuar em quadra. A primeira chega a ser um pouco óbvia.
“Eu amo o que faço. Amo esta rotina de treinar todos os dias. Eu vivo do vôlei e gosto muito disso”.
O outro incentivo vem do convívio e da troca de experiência com as atletas mais jovens. “Eu acho que tenho muito a ensinar para elas. Fazer com que elas entendam que nunca é tarde para jogar. O trabalho é difícil. Um dia você treina bem e no outro não”, explicou Arlene.
Anderson, treinador do Bauru, concorda com a importância da líbero no grupo. “Ela tem currículo e trajetória invejável. Exerce papel fundamental na equipe pela experiência e suas qualidades técnicas. Ela ajuda dentro e fora de quadra. Especialmente apoiando e orientando as mais jovens”, comemorou o treinador.
Mas não ache você que é a relação entre Arlene as ‘meninas’ é só bonitinha. “No treino elas pensam: não posso perder na corrida para véia (sic) e eu penso não perco para esta menininha nem a pau. É uma brincadeira séria que faz bem para todo mundo”, brincou Arlene.
A hora do adeus
A experiência faz com que Arlene seja muito grata a todos que passaram por sua vida. “Tenho muito o que agradecer às pessoas que me acompanham na carreira e colaboraram para chegar aos 49 anos em quadra”.
Mas não faz ter certeza de quando a aposentadoria vem. “Talvez, eu disse talvez, seja minha última temporada. Mas pensar em parar, eu ainda não penso” .
Afinal, os quatro anos que Arlene pretendia permanecer no esporte, por enquanto viraram 16.
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